Eu acordei. Isso já é bom... Não fui morta. Mas pode ter acontecido outras coisas. Quando abri meus olhos me vi deitada em uma cama, estava com minhas roupas intactas e minha bolsa ao meu lado. Eu teria pego meu celular e ligado pra alguém, mas lembrei que o quebrei na noite passada. O lugar era frio e desorganizado. Tinha uma arara com roupas masculinas e sapatos espalhados. Me sentei na cama rápido demais e senti a dor de cabeça de uma boa ressaca vindo...
Me levantei, com um pouco de medo do que eu poderia encontrar pelo resto do lugar. Ao sair do que era provavelmente um quarto dividido por uma cortina enorme, eu entrei no que devia ser a sala. Tão desorganizada quanto o quarto... Pilhas de caixas de pizzas espalhadas pela mesa de centro, o sofá tinha um cobertor e um travesseiro, o resto da casa tinha muitos DVDs espalhados e uma guitarra jogada em um canto.
Senti um cheiro muito bom vindo do que era pra ser um outro cômodo, separado apenas por uma divisória de vidro ao lado, segui com cautela. Logo vi a imagem do cara de ontem, de costas preparando algo.
— Quem é você e o que fez comigo?! — notei uma faca na bancada ao meu lado e a peguei. Apontando em direção ao homem. — Vai! Me diz!
— Você é maluca ou o quê? — se virou com uma xícara de café na mão. — Bebeu tanto ontem que nem se lembra da pessoa que te ajudou?
— Me ajudar?! Você só me ajudou?! Me trouxe pra esse lugar estranho e não fez nada comigo? Me poupe! — o encarei.
— É. Você desmaiou praticamente nos meus braços... Não acordou mais. Não encontrei nada que pudesse ajudar a encontrar algum familiar ou amigo seu. Te coloquei para dormir na minha cama enquanto fui dormir no sofá. E preparei esse café forte porque imaginei que acordaria com uma grande ressaca. — deu um sorriso falso. — Agora se puder... Abaixe essa faca. — colocou a xícara de café na mesa de dois lugares e se sentou do outro lado. — Tome esse café. Se quiser tem alguns biscoitos também... — me encarou. Por algum motivo desconhecido eu senti que ele estava dizendo a verdade.
— Hm... — abaixei a faca e a coloquei no mesmo lugar. Me aproximei e sentei de frente à ele na mesa. — Então... Obrigada. — segurei a xícara.
— Não me agradeça. Mas vou lhe dizer uma coisa... Tome mais cuidado ao sair sozinha. Teve sorte que fui eu que te ajudei. Nem todo mundo, principalmente os homens, fariam o mesmo. — me encarou. — Por que beber tanto?
— Isso não interessa pra você. — respondi tomando o café. Ele arqueou as sobrancelhas e cruzou os braços. — O que está olhando?
— Nada demais. Tem algo em você que é familiar... Mas devo estar enganado. — sorri irônica.
— Claro que está... Eu nunca te vi na vida. — ele ficou sério de repente. — O que é agora?
— Qual seu nome? — perguntou se ajeitando na cadeira e sem tirar os olhos de mim.
— Não vou dizer meu nome pra um estranho! — franzi a testa e soltei a xícara na mesa. Ele gargalhou logo após me ouvir. — Qual é a graça?
— O estranho aqui pode ter salvado sua vida. — fiquei séria e os próximos segundos foram um encarando o outro. Ele tinha olhos castanhos escuros, um cabelo da mesma cor bagunçado... Covinhas fundas quando sorria. Por um momento também o achei familiar... Quem foi que eu conheci que era assim? São traços comuns mas... Não consigo explicar. Jogarei a culpa disso na ressaca. Estou delirando agora. — Mas bom, não vou obrigar a me dizer nada. Termine o café... Eu vou estar lá fora, apenas vou pedir para que não demore muito... Eu já estou atrasado.
— Não se preocupe. Já estou indo. — falei me levantando e saindo da cozinha. Senti seu olhar me acompanhando.
Peguei minha bolsa e tentei ficar um pouco mais apresentável com minha aparência... Mas eu estava com uma cara horrível. Quando saí, do que descobri ser um galpão, encontrei o homem parado em frente com os braços cruzados. Ele trancou o lugar e apenas me lançou um último olhar antes de ir caminhando na direção que seria contrária a minha. Isso foi estranho...
Desci do táxi e entrei em casa. Meu pai já não estava, devia ter ido para a empresa. Sua querida esposa disse que ele estava preocupado, e que iria avisá-lo que eu havia chegado. Fui para o meu quarto, me arrumei e saí. Precisava resolver tudo o que fosse necessário para que eu começasse na faculdade e também comprar um novo celular. Após ter realizado tudo isso me tranquei no quarto e voltei a dormir. Mas não foi tão fácil...
Aqueles olhos, o cabelo bagunçado e as covinhas não saíam da minha cabeça. Eu sei que conheci alguém assim! Mas não era aquele cara... Eu reconheceria se fosse. Infelizmente não consigo lembrar exatamente de quem se trata... Talvez já faça muito tempo que conheci. Mas bom, isso não é importante. Eu nunca mais o verei.
Dormi depois de ficar praticamente dopada com alguns comprimidos para dor de cabeça. Não consegui me livrar dela sem tomar uma grande dose.
Tudo está um tédio por aqui... E ainda estou no segundo dia.
Com o dinheiro que eu tenho eu poderia comprar um apartamento e me ver longe daqui. Mas acho que ainda não é a hora certa... Então tenho que suportar.
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Sunset
RomanceRica, mimada, egocêntrica e a clássica patricinha do colégio... Essa é Susan Elisa Rossi Carpenter, que aliás, detesta o nome completo. Aos 18 anos concluiu o ensino médio em Theodore Wright, e após desentendimentos com a mãe, Susan volta para seu p...