— Está bom assim? — perguntei massageando os ombros de Cristian.
— Uhum. — murmurou.
— Eu preciso ir embora. — me curvei e beijei sua nuca.
— Ah, não. — saí de cima das costas de Cristian e me levantei. — Só mais um pouco... Vai?
— Você sabe que não posso. — ele se sentou na beirada da cama e cruzou os braços. — Não faça essa carinha! — ele formou um biquinho com os lábios. — Você não quer que briguem comigo, né? Provavelmente não me deixaram sair mais. Essa foi a segunda vez depois do... — fiz uma pausa. — Do enterro do Salvatore.
— Eu sei. — se levantou e me abraçou. — Só vou ficar com muita saudade.
— Eu também irei... Mas você pode ir me ver nos finais de semana. Sem falta! — beijou o topo da minha cabeça.
— Tudo bem... — sussurrou. — O café deve estar pronto. Vou trazer pra você. — disse se afastando.
— Ok. — respondi pegando minhas peças de roupas.
Eu tive uma verdadeira melhor noite da minha vida e me sentia completamente bem. Eu e Cristian já tínhamos um laço entre nós, mas oficializar isso foi especial. Eu não queria mais esperar para ser a namorada dele... O amor dele.
Cada dia sinto mais vontade de sair logo da reabilitação para poder estar com ele sempre que quiséssemos.
Falando na reabilitação, faz 1 mês e 2 semanas que estou nela. É uma casa enorme com um jardim maior ainda, cheia de pessoas que passaram pelo mesmo que eu. Com médico, enfermeiros e psicólogos sempre nos ajudando. Eu voltei a fazer uso dos meus medicamentos para os meus problemas... Eu me sinto bem. De verdade, me sinto muito bem. Não é mais como se eu sentisse aquele vazio que me matava aos poucos... Eu estou feliz.
Quer dizer, nem tão feliz pela morte que aindo acho recente de Salvatore. Isso ainda me dói. Todas as noites eu saio para o jardim ou vejo pela janela do meu quarto as estrelas... Procurando pela mais brilhante e ela sempre está lá.
Assim que fui internada eu comecei a ter que lidar com a abstinência. Era perturbador... Eu tinha crises de ansiedade, vomitava, alucinações e várias outras coisas. Não queriam me deixar sair para ir ao enterro do Salvatore... Mas meus pais e Cristian convenceram os médicos. Colocaram a condição de que não deveriam me deixar sozinha... Pois tinham medo que eu tivesse uma recaída.
Hoje estou melhor. Não sinto mais os sintomas da abstinência e nem mesmo tenho vontade de voltar a beber ou usar drogas. Eu me sinto leve e estou confiante de que tudo acabará bem.
Agradeço por ter meus pais comigo e claro, Cristian. Isso se tornou mais fácil graças à eles. Meu pai vai me visitar quando pode, me conta as novidades e me fala dos meus irmãos. Minha mãe está morando na Itália por enquanto enquanto trabalha à distância, também sempre me visita. Cristian voltou para a faculdade e trabalha com a Giordana no restaurante... E sempre está cuidando de mim.
Eu sentia que ele ainda estava pra baixo depois de saber o que Martina fez mas isso era óbvio. Essa mágoa não irá desaparecer do dia para a noite. Aqueles olhos castanhos ainda não tinham o mesmo brilho de sempre... E as covinhas nem estavam fundas quando sorria. Ele estava triste mas um pouco melhor... E eu fico bem por saber que sou a responsável por o deixar um pouco mais alegre.
— Já informaram quanto tempo irá ficar na reabilitação? — ele perguntou após dar uma mordida na torrada.
— Bom... Meu caso é considerado grave. — falei baixo. — Me disseram que posso ficar de 8 meses à 1 ano. — Cristian arregalou os olhos.
— Uau. Eu não imaginei que pudesse ser tanto tempo...
— Tudo depende da minha recuperação... Como eu vou reagindo as terapias, medicações... — ele concordou com a cabeça. — Mas tenho esperança de que vou sair mais cedo do que isso.
— Eu também... Você anda fazendo as coisas certinhas né? — afirmei.
— Sim. Tenho certeza que logo vou sair. — sorri gentilmente.
Continuamos à conversar e depois de terminarmos o café ele foi comigo até a casa de reabilitação de táxi. Meu carro foi vendido e o dinheiro doado para o Instituto. Eu não posso mais digirir por conta dos pontos cegos na minha visão e Cristian recusou ficar com o carro. Me disseram que esses pontos cegos também pode ter uma recuperação. Mas corre o risco de ser permanente, o que eu admito que me assusta. Recuperei o meu rim e fígado naturalmente... Não precisei passar por cirurgia, o que é ótimo.
Eu ainda ouvia muito que eu era sortuda pelos médicos. Era difícil acreditar que eu praticamente saí completamente ilesa de uma overdose tão perigosa... Sem morrer. Eu realmente tinha uma nova chance de viver.
Cristian me beijou demoradamente antes que eu passasse pelos portões da casa de reabilitação. Eu já estava com saudades... E preocupada com ele. Eu sei que ele não se sente bem... Se eu pudesse estaria ao lado dele até que melhorasse por completo. Era o que eu mais desejava.
É um absurdo que logo o Cristian tenha que passar por isso... Esse homem tão bom, sorridente, adorável e lindo! É difícil de acreditar.
Ele me contou que Martina avisou que sairia da Itália com a família. Ela tirou o bebê da vida dele completamente... Cristian não teria chances nem de conhecê-lo. Ele desejava por isso de qualquer forma... Mas ela não achou que seria justo e iria entrar em contato com o verdadeiro pai.
Eu sinto tanto por ele... Ele estava realmente esperançoso e ansioso com esse bebê. Me falava sempre dele com um brilho nos olhos... Brilho que agora não possui mais. Ver ele magoado assim é como se tivessem me magoado também. Mas tenho certeza que tudo ficará bem... Tudo irá se resolver como já está acontecendo.
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Sunset
RomanceRica, mimada, egocêntrica e a clássica patricinha do colégio... Essa é Susan Elisa Rossi Carpenter, que aliás, detesta o nome completo. Aos 18 anos concluiu o ensino médio em Theodore Wright, e após desentendimentos com a mãe, Susan volta para seu p...