Capítulo 40

39 1 4
                                    

— Os cinco meses que estive com Salvatore foram os mais importantes da minha vida

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Os cinco meses que estive com Salvatore foram os mais importantes da minha vida. — comecei o discurso. — Eu cheguei na Itália no começo desse ano sem qualquer responsabilidade ou senso... Desde minha adolescência eu só cometia erros e só pensava em mim. Eu não sabia o que era amar uma criança... Eu não sabia o que era desejar por um milagre para salvar alguém. Eu não sabia o que era realmente dor e tristeza. Eu conheci isso através da história de Salvatore e de tantas outras crianças que foram abandonadas cruelmente por aqueles que deviam as proteger... Mas tenho um detalhe a comentar, nenhuma delas são crianças tristes. Eu não sei como é a relação de mãe e filho... Durante muito tempo eu disse que não queria ser mãe mas sem perceber eu ganhei um filho. — todos me ouviam em silêncio. — Eu não criei o Salvatore, ele não veio de mim... Mas eu amei, cuidei, chorei e entrei em desespero como uma mãe faria vendo o seu filho morrer. Ele sempre me dizia para não ficar triste... Ele nunca ficou infeliz por saber que não iria se tornar um adulto um dia. Salvatore entrou em meu coração e o encheu de amor e carinho. Salvatore entregou à mim a sua força. — engoli em seco e segurei meu choro. — Aquela criança com o cabelo tão loiro e sorriso grande que hoje está aqui dentro desse caixão nunca será esquecida. E eu não lembrarei dele com tristeza... Ele não queria isso. Eu seguro o meu choro agora mas ele sabe o quanto eu chorei quando soube que seu coração havia parado de bater... Está doendo. Está doendo muito... — olhei para o caixão branco na minha frente. — Nunca estive preparada para isso... Acho que na verdade não tem como alguém ficar. Graças ao Salvatore eu me considero alguém melhor... Graças à ele e outras pessoas eu saí da escuridão e estou aqui hoje. Estou enterrando uma parte de mim junto com ele... Eu peço que não façam lamentações. Eu peço que vocês presentes aqui lembrem do Salvatore como a criança feliz que ele era. — fitei o pedaço de papel na minha mão. — Suas últimas palavras escritas para mim estão aqui. — levantei o papel. — E como ele disse... Nas noites estreladas ele estará me olhando. E eu estarei procurando pela estrela mais brilhante que chegou ao céu nessa madrugada. Descanse em paz, Salvatore. — me aproximei e beijei o caixão. Minhas lágrimas começaram a descer sem meu controle.

Fui para os braços de Cristian. Que a essa altura também já chorava... Ele me impediu de assistir o caixão ser enterrado. Me prendeu nos seus braços e o meu choro saia abafado em seu peito. Ele segurou minha nuca e me apertou com força... Todos sabiam que ver Salvatore dentro daquele caixão já foi demais pra mim. Eu não poderia assistir ele ser enterrado agora.

Ele se foi durante a madrugada. Salvatore não quis que eu estivesse lá na hora... Durante os últimos dias eu não o vi a pedido dele. Ele me disse que não queria morrer me vendo chorando... Então foi Cristian que esteve com ele durante todo esse momento.

Cristian chegou na casa de reabilitação e insistiu para me ver... Como foi dito por ele, se algo acontecesse eu seria a primeira a saber. Mas ele não precisou dizer uma palavra... Quando vi seus olhos tristes e marejados, o seu rosto sem o seu sorriso tão marcante, eu já sabia.

SunsetOnde histórias criam vida. Descubra agora