Um novo dia começou e eu seguia minha rotina. Depois das aulas da faculdade fui direto para o Instituto ver as crianças e principalmente o Salvatore. Fazia dois dias que eu não tinha coragem de vir vê-lo... Só de pensar em olhar para aquele rosto e saber que não posso fazer nada me dói. Como eu gostaria de ajudá-lo...
— Oi, tia Susan! — ele veio correndo em minha direção com os braços abertos.
— Oi! — me abaixei para o abraçar com carinho. — Como você está? — toquei seu rosto ao sair do abraço.
— Chateado por você não ter vindo me ver nesses dois dias! — cruzou os braços.
— Me desculpe... Eu não estava me sentindo muito bem. — falei baixo.
— Está triste por minha causa? Por que não quero mais tomar os remédios? — me levantei e suspirei. — Hein, tia Susan?
— Não vou mentir pra você. Estou sim. — respondi sincera. — Você tem certeza que quer fazer isso?
— Eu tenho. — balançou a cabeça. — Não sou bobo, tia Susan. Eu sei que estou morrendo aos poucos e que os remédios não estavam me ajudando. — me sentei num banco logo atrás de nós. — Não acho justo que você e os outros tenham gastado tanto dinheiro comigo para curar o que não pode ser curado, enquanto outras crianças e adultos podem. — senti o choro preso na minha garganta. Meus olhos marejados... Eu não conseguia segurar a emoção. — Não, por favor! — se aproximou e tocou o meu rosto com seus dedos gelados. — Não chore, tia! Por favor. Eu já disse que não quero que fique triste por mim...
— Como não ficar? — ele se sentou ao meu lado.
— Não sei... Só não fique. Por favor. — disse num tom de voz baixo. — Eu não quero que fique... O tio Cris me disse que você lembra o pôr-do-sol e um pôr-do-sol não pode ser triste. — o olhei e sorri automaticamente ao ver aquele sorriso enorme no rosto de Salvatore. — Um pôr-do-sol é bonito, brilhante... E o seu sorriso é como ele. O pôr-do-sol dá espaço para as estrelas... E eu estarei entre elas para você. — segurou minha mão. — Eu te amo, tia Susan.
— Eu te amo, Salvatore. — o abracei com cuidado.
Era a primeira vez em anos que eu dizia aquelas palavras para alguém. A última vez foi para o meu pai, quando eu tinha 8 anos. Foram tão sinceras... Eu amo essa criança. Essa criança forte que me enche de luz. Essa criança...
— Vem. — se levantou e me puxou pela mão. — Vamos ver o que o tio Cris está fazendo... — o acompanhei.
Salvatore me levou até a porta de uma sala que estava entreaberta. Sem fazer barulho ele se agachou e ficou espionando pela fresta Cristian e as outras crianças.
— Ele conta histórias como ninguém... — sussurrou.
— Ora, não sabia que você preferia o Cristian lendo do que eu. — falei em sussurro também olhando pela porta entreaberta.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Sunset
RomanceRica, mimada, egocêntrica e a clássica patricinha do colégio... Essa é Susan Elisa Rossi Carpenter, que aliás, detesta o nome completo. Aos 18 anos concluiu o ensino médio em Theodore Wright, e após desentendimentos com a mãe, Susan volta para seu p...