INÍCIO DA REABILITAÇÃO DE SUSAN
NARRADO POR CRISTIAN×××
Eu ouvia os gritos e o choro de Susan atrás da porta do seu quarto na casa de reabilitação. Queriam que eu fosse embora mas eu não conseguia... Eu não conseguia ouví-la desesperada sem poder fazer nada. Implorei para que me deixassem vê-la.
Ela estava sofrendo com a abstinência. Durante a internação do hospital ela estava bem, não pensava e nem tinha vontade de usar qualquer coisa. O que era completamente diferente agora.
— Susan? — a chamei entrando no quarto.
Ela andava de um lado para o outro. O quarto era especial para pessoas com o caso dela, não tinha qualquer coisa de vidro ou que fosse cortante. Temiam que ela tivesse um surto e bom... Não gosto de pensar sobre.
— Susan... — me aproximei. Ela estava com os braços cruzados e tremia.
— Cris... Cris, me ajuda. — ela veio até mim e segurou meus braços com força. — Cris... Eu preciso. Eu preciso sair daqui. Eu preciso.
— Eu estou te ajudando... Todos estão te ajudando. — ela balançou a cabeça negativamente.
Os olhos castanhos de Susan estavam arregalados como se estivesse assustada. Todo o seu corpo tremia e ela estava pálida. A boca que normalmente era chamativa pelos lábios carnudos e cheios de gloss agora chamavam atenção por estarem secos e rachados. O cabelo na altura do ombro que ela tanto gostava de cuidar estava bagunçado, sem todo o brilho e sem as pontas levemente enroladas que ela vivia usando. Usando um camisa branca e uma calça da mesma cor, não parecia a Susan que adorava estar na moda e usando alguma peça da cor roxa... Isso é algo que nunca mudou desde a infância. Ela sempre gostou do roxo. Nos pés estava com um tênis também branco... Sem os seus tão queridos saltos altos.
— Eu preciso... Cristian! EU PRECISO! — gritou me empurrando. Eu a segurei e a abracei com força. Ela começou a chorar no meu peito.
— Você não precisa, Susan. Você não precisa... — sussurrei no seu ouvido. — Eu tô aqui.
— Cris... — sussurrou soluçando. — Eu não quero morrer... — disse de repente. Afastei o seu rosto para olhá-lo com calma.
— Você não vai morrer! Eu vou cuidar de você. Vai ficar tudo bem. Lembra disso? — ela assentiu com a cabeça.
— Eu quero sair... Eu quero sair.
— Não, Susan. Você não pode... — segurei seu rosto. — Você precisa continuar aqui.
— Eu... — parou e fechou os olhos.
— Olhe pra mim... Me olhe. — abriu os olhos novamente. — Eu estou com você nisso... Você confia em mim? — ela concordou. — Então me escute. Isso vai passar... Era para o seu bem. Eu não vou te deixar assim como sua família também não. Estamos juntos com você, Sunset.
— Sunset... — sussurrou o apelido que lhe dei. — Sunset... — apoiou a cabeça no meu peito e voltei a abraçá-la.
Ela parecia estar mais calma. Continuei a mantendo em meus braços durante alguns minutos até que o choro dela parou... Ela respirou fundo e me fez uma promessa.
— Eu prometo que vou me recuperar... Eu prometo por você, por meus pais e por Salvatore. Não vou deixar que isso me faça voltar para a escuridão... Estou viva por vocês. Eu estou viva. Estou viva... — fechou os olhos. — Estou viva.
Ela me abraçou com força... Era difícil ver minha Susan daquele jeito. Foi desesperador encontrá-la desacordada no apartamento... Com garrafas, drogas e remédios espalhados por todo o lado. Sua respiração estava fraca... Eu achei que poderia a perder para sempre. E eu não sabia como poderia viver com isso... Sem ela, sem o Salvatore. Minha única força seria o meu filho.
Eu tive que me despedir dela algum tempo depois... Foi difícil pois eu não queira deixá-la e nem ela queria me deixar ir.
Depois de sair de lá fui para o meu lugar de paz. O pôr-do-sol. Me sentei na grama e admirei aquele momento... Como eu fazia com frequência durante a infância e depois dela também.
Nesse lugar eu chorei pela Susan... Por ela ter ido embora para outro país. Chorei por não ter mais minha melhor amiga e amor de infância. Aqui eu também sorri, me lembrando do que vivemos. Aqui também a trouxe para sentir o que eu sentia... O pôr-do-sol era como a Susan de 8 anos de idade. Ele era bonito, brilhava e era algo que devia ser admirado assim como ela. Foi um choque ver que isso tinha mudado... Mas no fundo nunca duvidei de que ainda estava ali... O meu pôr-do-sol preferido estava ali, escondido em algum lugar dentro dela. E eu nunca seria capaz de desistir de encontrá-lo.
Susan se tornou extremamente importante na minha vida. Estar com ela era ao mesmo tempo tranquilizante e preocupante. Pois eu temia o que aquela nova Susan poderia fazer com a antiga, o que na verdade, já tinha feito.
Eu sabia que o divórcio dos pais mexeu com ela. Que a mudança foi um processo duro... Estar longe de mim que era o seu melhor amigo era difícil, como foi pra mim. A companhia de certas pessoas a influenciou de forma negativa... Ela só queria ser vista, admirada e cercada por amigos. Mas isso acabou indo para outro lado... A ignorância e luxúria tinha tomado conta dela, quase que completamente.
Eu mantinha contato com o senhor Amauri e a esposa Poliana, ela me ajudava com as doações para várias instituições. Mas depois de algum tempo eu parei de perguntar pela Susan e ele parou de me contar sobre ela... Eu não tinha esperanças de vê-la. Quando ela vinha passar as férias com ele, que eu sabia que era durante o meio do ano, nunca conseguia encontrá-la, vê-la de longe pelo menos. Ou por ela ter saído, ou por estar viajando com o pai, ou por eu estar ocupado demais para conseguir ir atrás dela. Não dava certo. Parecia que não era para acontecer...
Ainda me lembro de quando o senhor Amauri me passou o número de Susan e as redes sociais dela. Ela não se parecia com a imagem que vi anos depois, por isso nem a reconheci de imediato, ainda era bem jovem. Eu nunca tive coragem de mandar uma mensagem ou a seguir... Por saber que ela não se lembrava mais de mim e por já ver que estava diferente. Então exclui o número nunca mais procurei por seu nome em qualquer rede social.
Senti meu mundo girar quando a vi nos corredores da faculdade... E mais ainda quando me falou o seu nome.
Como que pode? A garota que ajudei em uma boate que trabalhava estava na minha frente, na mesma faculdade e curso. E tinha sido o meu primeiro amor e melhor amiga.
Eu sinto vontade de passar todo o tempo do mundo cuidando de Susan. A protegendo de todo o mal. Ela é o meu Sunset. Meu ponto de paz, minha família e meu amor.
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Sunset
RomanceRica, mimada, egocêntrica e a clássica patricinha do colégio... Essa é Susan Elisa Rossi Carpenter, que aliás, detesta o nome completo. Aos 18 anos concluiu o ensino médio em Theodore Wright, e após desentendimentos com a mãe, Susan volta para seu p...