Capítulo 28

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— Tia Susan! — Salvatore correu em minha direção com os braços abertos

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Tia Susan! — Salvatore correu em minha direção com os braços abertos. O abracei com força. — Você demorou pra vir hoje!

— Desculpa. — passei a mãos nos seus cabelos com cuidado. — Eu estava com meus irmãos... Lembra que te falei deles?

— Sim... Mas agora que eles voltaram você não me dá mais atenção. — cruzou os braços.

— Salvatore... Claro que te dou atenção. É que minha situação com meus irmãos é complicada... Eu preciso me aproximar deles aos poucos, com cuidado, entende? — me agachei na sua altura.

— Hm... Tudo bem. Mas por favor tia, não vai embora como o tio Cris fez. Ele nunca mais veio me ver... — abaixou a cabeça.

— Já te expliquei que ele teve que viajar... Ele precisa cuidar de outra pessoa. — ele me olhou e suspirou.

— Já fazem meses! — franziu a testa.

— Foram três meses... Quando ele voltar, tenho certeza que irá te abraçar muito forte e vai brincar muito com você. É que as responsabilidades de um adulto às vezes são bem complicadas... — me levantei e estendi a mão para ele segurar.

— São chatos! Eu que não quero ser adulto nunca! — disse agarrando minha mão. — Você vai ler pra mim hoje?! — mudou de assunto rapidamente enquanto caminhávamos.

— Vou sim. Vim até aqui só pra te colocar pra dormir e ler suas histórias favoritas! Depois tenho que ver as outras crianças e ir embora. — seguimos pelo corredor dos quartos.

— Tá bom. Amanhã vai vim me ver? — senti seu olhar em mim.

— Claro que vou, nem que seja rapidinho. — sorri.

Entramos no quarto de Salvatore... Que era feito especialmente para ele. O coloquei na cama e busquei os remédios que ele precisava tomar. Como sempre ele fez um bico e birra mas no fim tomou.

Procurei em um livro uma história que ele sempre gostava de ouvir. Enquanto eu lia ele me olhava com os olhos brilhantes e um pequeno sorriso no rosto.

— Boa noite, tia Susan... Obrigada por ler e por cuidar de mim. — depositei um beijo na testa dele.

— Boa noite, espertinho. Durma bem... — segurou minha mão com força me impedindo de levantar para sair. — O que foi?

— Tia... Eu sei que vou morrer logo. — senti uma pontada no meu peito com aquelas palavras. — Eu queria te pedir uma coisa...

— O... O que? — engoli em seco.

— Promete nunca esquecer de mim? — afirmei com a cabeça. — E promete que nesses meus últimos meses de vida estará comigo?!

— Eu vou estar... Vou estar com você. — beijei sua minúscula mão. — Queria poder te ajudar...

— Não se preocupe, tia Susan. Eu não tenho medo da morte... Eu quero me tornar uma estrela, bem grande e brilhante. — sorriu. — Dizem que a pessoa que vive lá em cima, nas nuvens, é muito poderoso e sabe tudo o que faz. Se ele me deu esse destino... — balançou os ombros. — Por mim tudo bem.

— Oh, Salvatore... Você diz coisas como se... Já fosse um adulto. Como que ainda tem só 10 anos?! — segurei minhas lágrimas. — O poderoso lá de cima está sendo tão injusto. — levei minhas mãos ao meu rosto.

— Não, não... Não fique triste. Eu já disse que não quero ninguém triste... Eu vou ser uma estrela, tia Susan. E vou estar olhando você. — puxou minha mão do rosto. — Não chore! Por favor! — pediu desesperado.

— Desculpa... — sequei minhas lágrimas. — Eu vou tentar não ficar triste, tá bom? — ele balançou a cabeça. — Boa noite, meu anjinho. — dei outro beijo na testa dele e me levantei.

— Até amanhã, tia. — disse baixo.

— Até... — sussurrei.

Sai do quarto tentando controlar meu choro. Como eu queria que isso mudasse...

Ele só tem mais 2 meses de vida segundo os médicos. Mas nem parece! É um garoto tão alegre, tão forte! Como é difícil pensar que em pouco tempo estaremos enterrando ele... Cristian nem ao mesmo está aqui, nos últimos meses de vida dele.

— Susan?! — me deparei com Paola nos corredores. — Está chorando?! — segurou meus braços.

— O Salvatore, Paola... Eu não aceito que ele irá morrer. Simplesmente irá morrer em dois meses! — sequei minhas lágrimas.

— É difícil... Ele é só uma criança. — me abraçou. — Eu sei que você e todos daqui queriam mudar isso... Mas infelizmente não podemos.

— Onde está Cristian?! Ele irá voltar antes para pelo menos se despedir dele?! Hoje o Salvatore me perguntou novamente por ele. — sai do abraço e a encarei.

— Ele pretende voltar em breve... É que a situação por lá não está difícil. Martina não quer fazer uma viagem pra cá, e a gravidez dela é de risco. O Cristian faz praticamente tudo pra ela... — mordi meus lábios. — Mas ele me disse que vai voltar. Ele quer ver as crianças e... Você.

— Eu não sou a prioridade dele e nem tenho que ser... — balancei a cabeça. — Já está tarde... Estou com muita dor de cabeça... Preciso ir. — passei por ela.

Já se foram três meses. Eu me preocupo com cada segundo que passa. Temo cada segundo que passa. Nunca mais falei com Cristian... Eu só queria que ele estivesse aqui pelo Salvatore.

Eu fiquei tão próxima daquela criança... E essa aproximação me incentivou tanto à tentar me aproximar dos meus irmãos. Fiquei tão nervosa quando meu pai me disse que eles tinham voltado...

Continuo fazendo meu tratamento mas... Sinceramente isso parece não me ajudar em nada. Os remédios me deixam com uma aparência horrível e tão desanimada...

Não aguento mais ouvir as mesmas perguntas de sempre... "Tudo bem, Susan?", "Conte comigo, Susan", "Vai tudo passar, Susan".

— EU ESTOU CANSADA! — gritei ao chegar no meu apartamento.

Eu queria desaparecer. Só por um momento... Ficar apagada só por um momento. Sem ninguém me olhando, sem ninguém me tratando com cuidado... Como se eu fosse surtar e fazer alguma tragédia.

Meu pai me olha com pena desde que comecei a tomar meus remédios... Minha mãe não para de me ligar querendo saber se estou respirando. Poliana quando me viu tentou esconder a surpresa mas não conseguiu...

Eu posso desaparecer só hoje? Apenas hoje?

— Só hoje. — respondi a mim mesma voltando a sair do apartamento.

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