Sunset

Capítulo 47 - Penúltimo

"EVELINE K. & LEONARDO M.
Convidamos Susan Carpenter e Cristian Vitale para a cerimônia do nosso casamento a realizar-se às 13 horas do dia 18 de Junho de 2023, no salão Amour Éternel.

Aguardamos ansiosamente pelas suas presenças."

Era 15 de Junho de 2023 e o convite de casamento tinha chegado um pouco atrasado. Era para ter chegado há algumas semanas atrás. Chegou durante a manhã na casa da minha mãe. Eveline já sabia que estavamos nos EUA há alguns meses. Há 6 meses para ser exata...

Li o convite em voz alta para que Cristian no banheiro pudesse ouvir.

— O convite é lindo! É a cara de Eveline e do Leonardo... — falei indo ao banheiro. — Ainda bem que meu vestido já está pronto... Eu só espero que ele não tenha diminuído por acaso! — o acompanhei com olhar a saindo do box do chuveiro.

— Ele diminuir ou vocês crescerem? — sorriu e olhou para a minha barriga.

— Essas crianças não vão parar de crescer nunca?! — apoiei minha cabeça no batente da porta.

— Ainda tem mais três meses, meu amor. — se enrolou em uma toalha e veio até mim. — Como eles estão hoje?

— Como sempre... Chutando e famintos. — fiz um biquinho com a boca. — Quer dizer... Eu pelo menos estou faminta.

— Vou trazer o café para você. — beijou minha testa e passou por mim indo para o closet. Eu o segui em passos lentos.

— Eu posso descer! — cruzei os braços.

— Sunset, eu estou tentando tomar todo o cuidado possível... Não quero que se arrisque descendo as escadas.

— Olha, eu até diria que não é pra tanto mas sinceramente... Amo receber café na cama mesmo e mal estou conseguindo ver mais os meus próprios pés. — toquei minha própria barriga.

Cristian tentava tomar realmente todos os cuidados comigo desde que descobrimos a gravidez de risco.

Eu descobri na segunda semana de janeiro, já estava de 28 dias. É estranho pensar que passei por uma festa natalina e o réveillon tendo um bebê na minha barriga sem saber, quer dizer, dois bebês.

Eu viajei para os Estados Unidos para ver como minha mãe estava. Pois ela teve um mal-estar e estava internada. Cristian precisou continuar na Itália resolvendo algumas coisas da faculdade mas iria pegar um avião para cá logo. É mais absurdo imaginar que eu podia estar colocando os meus filhos em risco durante a viagem...

Quando cheguei no hospital, quem passou mal fui eu e aí foi quando descobri a gravidez que não tinha sido planejada. Já fazia algumas semanas que estava enjoada, minha menstruação atrasada e vários outros sintomas, mas ainda assim eu tinha certeza que não era o que Cristian tanto desconfiava. Acreditei que podia ser o estresse da faculdade de final de ano...

Com a descoberta da gravidez também já soube que era de risco. Por contas dos meus medicamentos que optei deixar de lado durante esse processo, e pelo fato do meu corpo nunca ter ficado 100% forte depois da overdose. Eu lembro que liguei para Cristian aos prantos com minha mãe tentando me acalmar, ela também estava emocionada e preocupada... No dia seguinte ele chegou aos EUA. Feliz, pulando de alegria!

Decidimos não sair do país até que os bebês nascem... Tínhamos muito medo de alguma coisa acontecer. Foi difícil para o meu pai e para Giordana aceitar que não iriam acompanhar minha gravidez... Então no meu terceiro mês de gravidez eles vieram me visitar. Eles, os meus irmãos, Poliana e a Paola. Ficaram por poucos dias e voltaram para a Itália... Mas já pretendem voltar agora no meu sexto mês.

Eu e Cristian moramos juntos com minha mãe que no início nos deu muitos sermões assim como também fez o meu pai e a Giordana. Achavam que ainda era muito cedo para sermos pais o que é verdade. Mas tudo foi compreendido que se tratou de um acidente... E agora minha mãe está radiante por ser a avó que irá acompanhar tudo de perto!

No terceiro mês de gravidez também foi quando descobrimos que seriam gêmeos. Eu juro que Cristian ficou tão pálido e sem reação que eu achei que a alma dele pudesse ter ido embora... Mas não demorou muito para encher o meu rosto e minha barriga de beijos. Afinal, ele queria dois filhos... Ou um time de futebol mas ignoramos essa parte.

A gravidez não foi planejada... Nada estava sendo planejado. Cristian começou a trabalhar junto com minha mãe, e estudamos à distância. Nossa vida de repente mudou... Mas nada era comparado à nossa felicidade.

— Aqui está... — ele colocou a bandeja ao lado vazio da cama. — Coma tudo, hein! Os três. — beijou minha testa.

— Obrigada, amor... O que eu faria sem você? — ele sorriu e balançou a cabeça.

— Olha... — pegou o convite do casamento jogado na cama e o abriu. — Ainda bem que o local da cerimônia será perto. Eu não deixaria a senhorita sair por aí com esse barrigão.

— Hm... Você não deixaria? — ri. — Eu não perderia esse casamento. Estou ansiosa para vê-los!

— Eu também... Quero saber quem foi o galã que roubou o seu coração durante o colégio. — me olhou.

— Quem roubou meu coração foi apenas você! — o puxei pelo braço para um beijo.

— Você está linda. — disse de repente. Como fazia de costume.

— Linda? Estou com meu corpo todo inchado... Minha barriga parece que vai explodir e ainda tem mais o que crescer, eu pareço uma maluca que chora por qualquer motivo e briga por qualquer motivo. Estou destruída.

— Longe disso! Está mais linda ainda carregando os nossos bebês. — tocou minha barriga. — Eu vou mimar tanto esses garotos... — a beijou.

— Eu sei que vai. Será o melhor pai do mundo. — ele deitou a cabeça nas minhas pernas e comecei a acariciar o seu cabelo. — Eles... Estão agitados. — falei sentindo os bebês se mexendo. — Só ficam desse jeito quando você está pertinho da minha barriga assim.

— Ah... Então já sabemos quem eles irão preferir. — brincou com um sorriso no rosto.

— Eles não são nem loucos de preferir o pai! Sou eu que vou carregá-los por mais três meses. — Cristian riu.

Estava tudo tão bom. Eu tinha formado a família perfeita... Não podia pedir mais nada. Exceto uma coisa...

— Irá fazer dois anos. — falei baixo olhando para a tatuagem escrito "Salvatore" no meu pulso direito. — Mas parece que já foi uma eternidade, né?

— Sim... Foram só dois anos... — ele disse me olhando.

— Espero que ele esteja em um bom lugar. É a única coisa que continuo pedindo e exigindo até hoje... — abaixei o olhar. — Ele faz tanta falta. — sorri.

Conversamos e lembramos mais uma vez de Salvatore como fazíamos com frequência. Ele nunca saiu de nossas mentes ou vidas. Sempre esteve e sempre estará conosco.