Capítulo 14

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O fim da tarde estava chegando e junto com ele o tão esperado pôr-do-sol

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O fim da tarde estava chegando e junto com ele o tão esperado pôr-do-sol. Passamos a tarde conversando um com o outro... Eu admito que estava gostando de estar voltando a me aproximar do meu melhor amigo de infância... Mas as nossas diferenças ainda traziam conflitos. Nossos pensamentos e ideais eram completamente diferentes... Não combinávamos mais em muitas coisas.

Cristian ao se levantar vendo o pôr-do-sol sorriu, eu sem entender qual o motivo de tanta alegria me levantei junto... Ele me olhou com aquele sorriso largo marcando as covinhas e me perguntou se eu ainda não me lembrava qual era aquele lugar.

— Não... Não me lembro. É apenas um pôr-do-sol. O que tem demais? — o sorriso dele se fechou.

— Pra falar a verdade imaginei que você não fosse se lembrar... — voltou a olhar para o céu alaranjado.

— Então me diga... Por que me trouxe aqui?! — ele suspirou e voltou a me olhar.

— Aqui é onde encontro minha paz e onde tenho as melhores lembranças de quando você tinha apenas bondade e amor dentro de si. Neste pôr-do-sol. — disse calmo olhando em meus olhos. — Vínhamos aqui na nossa infância juntos... Assistíamos o pôr-do-sol. Durante todos esses anos eu nunca deixei de vir aqui... Sempre que olho para o céu desse mesmo jeito que ele está, eu me lembro de você.

— Eu... — por um momento não sabia o que falar. — Eu não me lembrava... — olhei para a paisagem. O pôr-do-sol... Fechei meus olhos tentando puxar na minha memória algo da infância...

E me lembrei de quando estive nesse mesmo lugar, sentada com Cristian exatamente onde estávamos... Foi aqui que prometemos sempre ser melhores amigos. Foi aqui que demos nosso primeiro beijo, ou melhor, selinho.

— Cristian... — sorri me recordando daqueles momentos. — Como você ainda se lembra disso? Quer dizer... Como eu esqueci disso? — soltei um pequeno riso enquanto ele me encarava com um sorriso sutil nos lábios.

— Nunca fui capaz de esquecer. — voltou a se sentar no chão e o acompanhei. — Desde que você foi embora continuei vindo aqui... Quando eu sentia sua falta corria para cá, quando eu estava com raiva vinha para cá... É onde sinto a minha paz... — abaixou a cabeça. — O pôr-do-sol se tornou a minha maior lembrança de você.

— Cristian... — toquei seu ombro e ele voltou a me olhar. — Obrigada. Você não esqueceu de mim e não deixou de me ajudar... Mesmo eu sendo rude várias vezes. Mas eu ainda não entendi...

— Não entendeu o que? — perguntou franzindo a testa.

— Por que me trazer aqui? Eu não estou entendendo... — um sorriso surgiu no canto dos seus lábios.

— Estou tentando te ajudar. E pensei que talvez te trazendo pra perto das memórias da nossa infância... Fosse ser bom. — disse baixo.

— Acho... Que é bom. — sussurrei. — Eu gosto de ter você por perto.

— Ora... Mas que grande honra... Susan Elisa gosta da minha presença. — brincou e o empurrei na grama.

— Não me chama de Elisa. — ele riu e voltou a se sentar.

— Você ainda não gosta do seu segundo nome? Fala sério, Susan! — o ignorei. — Vem aqui... — me puxou pelo braço para mais perto dele. — Não te chamo mais assim. — fez com que eu o olhasse. — E... Também é bom te por perto. — sorri gentilmente. — Eu vou te trazer de volta... Ainda acredito que o bem e o amor esteja em você, escondido em algum lugar que vou descobrir.

— Eu te agradeço, Cristian... — deitei minha cabeça no seu ombro.

— Vai tudo ficar bem. Sempre fica... — sussurrou.

Voltamos a assistir o pôr-do-sol juntos em silêncio. Eu sei que... Estive errando. Às vezes sou realmente muito rude, ignorante, egoísta, egocêntrica... Tenho tantos defeitos. Mas não consigo acreditar que sou apenas eu a errada... Ninguém nunca tentou me entender... Nem meu pai, nem minha mãe.

Eu ainda era uma criança quando eles se divorciaram, e mesmo que pareça muito clichê aquilo me afetou muito. De repente eu não tinha mais meu pai do meu lado... E do outro lado estava minha mãe, que no começo odiava meu pai, falava horrores dele e da Poliana. Qual pensamento sobre eles eu poderia ter quando fosse mais velha?

Minha mãe sempre me ensinou a querer ser independente... Ela me dizia que eu não deveria depender do meu pai e nem dela mesma, mas ao mesmo tempo me enchia de coisas caras e de dinheiro. Me colocava nos colégios onde a maioria das pessoas eram ricas e estúpidas... Eu aprendi muito com eles.

Meu pai me mandava dinheiro todo mês, esse dinheiro era guardado pela minha mãe. Quando eu vinha passar as férias com ele... Ele não conversava comigo direito e me senti rejeitada vendo ele com Fanny e Fabrízio nos braços. Tudo bem que eu já era bem mais velha que eles mas... Eu queria a atenção do meu pai. Mas uma atenção de verdade... Não poucas palavras trocadas e presentes.

Cristian me enchia de alegria, eu era feliz ao lado dele... Corria pra pedir para ficar na casa dele quando meus pais iniciavam mais uma discussão antes do divórcio. Quando me mudei e achei que nunca mais o veria... A minha alegria se acabou. Tudo o que eu acreditava se acabou.

Eu tive amigos e casos que só me incentivaram a ser mais egoísta e me importar cada vez mais com o dinheiro.

Eu fui crescendo com o que... Pode-se chamar de rebeldia. Não tinha ninguém que pudesse realmente me entender, não tinha ninguém que pudesse me ouvir sem que no final falasse: "Vamos às compras e tudo isso vai passar, amiga".

Acho que fui muito influenciada...

Hoje não consigo olhar para o meu pai e não lembrar de quando me senti rejeitada. Não consigo olhar para Poliana, Fanny e Fabrízio sem lembrar que eles roubaram tudo o que era para ser meu... Uma família unida. Não consigo olhar para minha mãe sem lembrar de todos os xingamentos que dedicava ao meu pai e sua nova esposa, além do fato dela sempre estar ocupada no trabalho e nunca ter me dado a atenção que eu queria, ou melhor, que uma criança precisava.

Eu fui entendendo que às vezes é melhor ser egoísta, para evitar a dor e conseguir ignorar os sentimentos de todos ao meu redor.

Talvez para outras pessoas nada disso seja justificativa o suficiente pra que hoje eu seja assim. Mas bom... Quem pode conhecer minha mente melhor do que eu mesma?

 Quem pode conhecer minha mente melhor do que eu mesma?

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