Capítulo 27

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Retirei meus saltos e os deixei em cima do banco

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Retirei meus saltos e os deixei em cima do banco. As crianças já começavam a brincar junto com Salvatore... Que estava sorridente e feliz por poder jogar o que tanto queria.

— Vem, tia Susan! — ele me chamou acenando com a mão.

Caminhei até eles. Era um pequeno campinho de futebol para as crianças, algo muito simples. Eles se separaram em dois times e eu fiquei no do Salvatore. Eu não fazia ideia de como brincar disso... Nunca joguei bola, muito menos brinquei com crianças.

Uma das madrinhas da Instituição ficou como juíza. A partida começou e eu fiquei mais correndo de um lado para o outro, sempre ultrapassada pelas crianças do que realmente estar jogando. Salvatore olhava pra mim e balançava a cabeça negativamente enquanto ria.

— Você é muito ruim, tia Susan! — ele disse entre as gargalhadas. — Vou fazer um gol por você! Fica vendo! — voltou a correr enquanto parei e fiquei o assistindo.

Como dito, ele fez um gol e veio correndo em minha direção com os braços abertos. Eu o abracei e o levantei automaticamente.

— Viu só? Nossa! Eu sou muito bom! Foi por você. — beijou minha bochecha.

— Eu vi sim. Obrigada! — o coloquei no chão e o encarei. — Obrigada... Salvatore.

Ele estava com um sorriso enorme no rosto, enquanto as outras crianças vinham correndo abraçá-lo. Ele estava imensamente feliz depois de ter brincado e eu me senti feliz vendo ele daquele jeito... Sua risada jamais sairia da minha mente.

Eu levei as crianças para lanchar e em seguida me despedi. Salvatore me abraçou mais uma vez e me agradeceu por ter feito o dia dele mais alegre... Eu tive uma sensação tão estranha naquele momento, como se meu coração se partisse.

Por que ele teve e tem que sofrer tanto? Como tudo isso é injusto.

— Susan... — soltei a maçaneta da porta e me virei para olhar Paola. — As crianças estão muito felizes... Principalmente o Salvatore. Obrigada por isso... Nem sempre é fácil fazê-lo sorrir.

— Não tem do que me agradecer, Paola... — respondi. — Foi ótimo estar com eles... E ótimo saber que pude fazer o dia dele melhor.

— Ele adorou você... — disse em voz baixa.

— Que bom. Porque eu voltarei para vê-lo todos os dias. — ela sorriu gentilmente e retribui. — Até mais... — acenei com a mão antes de abrir a porta e sair do Instituto.

Meu dia com certeza termina melhor depois de ter estado com eles.

Cheguei em casa e comecei a tomar meus mais novos medicamentos... Que fase, Susan Carpenter.

Pelo menos os pensamentos idiotas que eu tinha desapareceram e pude dormir. Eu tenho que mostrar que sou outra... Que sou melhor e forte.

Os meus pais e o Cristian terão orgulho de mim um dia... Eu espero.

Tive um sono pesado... Não acordei no meio da noite e nem tive algum sonho ou pesadelo.

Quando acordei pela manhã tomei um dos meus outros medicamentos, em seguida me arrumei para ir pra a universidade. Me sentia um pouco lesada, calma demais... Mas bom... Efeitos.

Hoje é o dia que Cristian irá viajar... Provavelmente já deve estar indo para o aeroporto... Tomara que tudo dê certo. Sentirei falta dele.

— Está tudo bem com você? — uma das atendentes da cafeteria da universidade perguntou.

— Sim... Tudo. — respondi pegando a xícara que ela colocou em cima do balcão. — Por que a pergunta?

— Nada... É que parece um pouco mal. — balançou os ombros.

— Eu estou bem... Obrigada por perguntar e pelo café. — dei as costas.

— Não irá pedir nada para comer? Acho que deveria. — voltei a olhá-la.

— Não. Eu não quero. — respondi séria.

Pareço um pouco mal? Não é possível... Eu não quero que as pessoas achem que estou com algum problema. Não mesmo...

Me sentei em uma das mesas da cafeteria e comecei a tomar meu café. Eu sentia o olhar da atendente em mim ainda... Será que ela pensa que eu vou desmaiar aqui? Isso não está me agradando... Minha cabeça estava tão focada na moça que nem percebi quem se aproximava.

— Susan! Susan Carpenter, não é? — levantei minha cabeça para ver quem era.

Não me recordava o nome dele, mas lembro que trocamos poucas palavras. Ele tinha interesse em ficar comigo... Mas sinceramente, ele não me atraía. E não é diferente agora.

Notei seu olhar mudar e seu sorriso se fechar quando olhou para o meu rosto... Como se levasse um susto.

— Sim, sou eu... O que foi? — ele me encarou e balançou a cabeça.

— É... Não, nada. É que eu ia te perguntar se você podia me emprestar um dos livros do curso... Mas... Não precisa, deixa pra lá. — ele não podia inventar outra desculpa?

— Hm... — murmurei me levantando. — Eu por acaso tenho cara de idiota?!

— O que? Eu não sei... — o interrompi imediatamente.

— Todo mundo está me olhando dessa forma... Qual é o motivo?! Não virei um monstro! Não posso sair um pouco desarrumada, sem maquiagem? Vocês são ridículos! Eu não estou doente! — aumentei um pouco do meu tom de voz sem perceber.

Senti meu corpo esquentar e estremecer de raiva. Todos me encaravam como se eu fosse uma novidade... Um novo animal que chegou no zoológico.

— Susan, não me interprete mal... — levantou as mãos se afastando.

— Estúpido! E só pra saber... Eu nunca sairia com você. — falei pegando minhas coisas e saindo apressada.

"Maluca". Pude ouvir ao me virar... Ah! Idiotas!

Entrei no banheiro feminino com pressa e me encarei no espelho... Eu podia não estar nos meus melhores dias, mas também não estava tão ruim para receber aqueles olhares de surpresa...

Fiquei ali até que minha primeira aula começasse. Optei em ficar num canto mais isolado, para passar totalmente despercebida. Não tinha vontade de falar com ninguém e nem de participar muito da aula, e das próximas que viriam.

Saí dali antes que a última aula terminasse. Encontrei o estacionamento vazio e pude sair tranquilamente...

— Cristian? — sussurrei olhando para a tela do meu celular. Estava parada no sinal vermelho quando notei que alguém me ligava. — Desculpa... Eu não vou te atender. — falei recusando a ligação.

Eu não tinha mais o que dizer para ele. Não queria conversar... Eu não queria contato. Pelo menos por enquanto.

 Pelo menos por enquanto

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