— Está uma delícia, Giordana. — falei após limpar minha boca no guardanapo. — Te agradeço novamente pelo bolo. Agora eu realmente preciso ir... — me levantei novamente.
— Não quer levar um pouco de bolo para seus irmãos, querida? — eu a encarei.
— Não... Aquelas crianças comem doce demais! — falei qualquer desculpa para evitar questionamentos.
— Mas... — ela iria começar a dizer algo quando foi interrompida por Cristian.
— Deixe ela ir, mãe. — tocou o ombro de Giordana. — É melhor. — a senhora De Angelis franziu a testa e me olhou parecendo confusa. Cristian voltou a me fuzilar com os olhos...
— Eu agradeço mais uma vez... Até a próxima. — disse à todos enquanto pegava minha bolsa. — Com licença... — passei por eles saindo pela porta.
— Susan! — ouvi Cristian caminhando atrás de mim enquanto eu continuava a andar até meu carro. Ignorando sua voz... — Espere.
— O que você quer agora? — me virei para encará-lo. — Eu estou com pressa.
— Você nem mesmo conhece os seus irmãos, não é? — revirei os olhos de saco cheio.
— Ai, Cristian! Por favor! Veio me dar sermão por eu ter recusado a levar bolo para eles?! — ele balançou a cabeça negativamente.
— Não, Susan! Minha mãe estranhou você dizer que eles comem doce demais... Não tinha uma outra desculpa? — bufei impaciente.
— Meu Deus, qual é o problema?! Vai dizer que aquelas crianças não comem doces? — sorri ironicamente.
— Susan... Minha mãe conheceu aquelas crianças também, eu os conheci... Não existe possibilidade deles comerem doces demais, como você disse. — cruzei os braços.
— E por que não? — perguntei com as sobrancelhas arqueadas.
— Os dois são diabéticos. Logo não é possível se entupirem de doce! Como você não sabia disso?! Como não conhece seus irmãos? — fiquei séria. Eu nunca soube disso...
— Ninguém nunca me contou.
— E você por acaso, em algum momento na sua vida, mostrou interesse na vida ou na saúde deles? — fiquei em silêncio como resposta. — Minha mãe queria que levasse um pouco de bolo para eles, ela também pensou neles enquanto o preparava... Ficou surpresa com sua frase. Agora ela também sabe que você pouco se importa com Fanny e Fabrízio.
— Acabou? Eu preciso ir agora. — falei abrindo a porta do carro atrás de mim. — Não sou obrigada a gostar deles só por terem uma parte do meu sangue.
— Não é obrigada a gostar de ninguém! Mas falar deles da forma como você fala é... Nojento! São duas crianças inocentes! — me encarou.
— Eu não me importo! — me controlei para não gritar. — Se você se importa tanto pegue eles para ser seus irmãos. Que saco! — entrei no carro. — Me deixe em paz, Cristian!
— Você ainda vai se surpreender com o mundo... Susan Elisa. — disse se afastando.
Acelerei o carro com raiva para sair dali antes que eu acabasse voltando e falando demais para aquele idiota. Era só o que me faltava! Um imbecil querendo me dizer o que é certo, o que é errado... Querendo me dizer alguma coisa sobre aqueles pirralhos!
Esse dia está sendo péssimo... O que mais irá vir pra cima de mim nesse horrível aniversário?
Estacionei meu carro em frente à mansão ao chegar, pretendia sair logo. Estava prestes a subir a escada quando ouvi meu pai me chamando da sala de estar.
— O que foi? — perguntei após entrar no cômodo. Ele estava sentado no sofá com os olhos em um livro.
— É seu aniversário, não é? — me lançou um olhar.
— Sim, pai. E o que tem? — ele fechou o livro e se levantou.
— Queria te dar os parabéns... — se aproximou. — Posso? — abriu os braços. Assenti com a cabeça e ele então me abraçou. — Feliz aniversário, filha. Eu espero que tenha muito sucesso... E juízo.
— Obrigada. — respondi ao nos afastarmos. — Eu estou com pressa... Quero sair. — dei alguns passos para trás.
— Não quer passar o seu aniversário com sua família? — fechei os olhos e o olhei em seguida com deboche.
— Não vamos entrar nesse assunto... — ele abaixou a cabeça. Eu iria lhe dar as costas quando me lembrei de perguntar à ele uma coisa... — Pai, — voltou a me olhar. — você e Poliana ainda tem contato com Giordana De Angelis Vitale?
— Ah... Bom, já faz bastante tempo que não vejo Giordana. Lembro que a última vez que a vi foi quando eu, Poliana e as crianças fomos até o restaurante dela. Ela e Poliana se dão muito bem, inclusive Giordana ensinou algumas receitas à ela. — assenti com a cabeça. — Mas qual o motivo dessa pergunta? Achei que não se lembrava mais deles.
— Eu encontrei Cristian na faculdade... Estamos no mesmo período, mesmo curso... E também já encontrei com Giordana e Paola. Inclusive acabei de sair do restaurante dela. Acredita que ela não se esqueceu do meu aniversário? — ele sorriu balançando a cabeça.
— Acredito com certeza... Mas que notícia boa saber que você os encontrou! Você e Cristian eram tão grudados... Aquele garoto é incrível. Espero que possam voltar a ser amigos agora que irão se ver. — balancei a cabeça negativamente.
— Não, pai. Eu e Cristian não somos mais crianças. Mudamos demais... Ele pra mim é apenas mais um idiota agora. — ele franziu o cenho e sorriu.
— Diferentes realmente estão. Mas tinham uma amizade tão bonita que duvido que não pode voltar a ser o mesmo... Basta você querer.
— É sempre eu, né? Mas que saco. — saí pisando fundo do cômodo e subindo correndo as escadas, antes que se iniciasse uma discussão. Susan Carpenter sempre está errada...
Me troquei com pressa e me preparei para sair novamente. Eu ia às compras... Nada melhor do que gastar dinheiro para se livrar do estresse. Esse dia já está sendo longo e cansativo demais...
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Sunset
RomanceRica, mimada, egocêntrica e a clássica patricinha do colégio... Essa é Susan Elisa Rossi Carpenter, que aliás, detesta o nome completo. Aos 18 anos concluiu o ensino médio em Theodore Wright, e após desentendimentos com a mãe, Susan volta para seu p...