Afeto?

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Quatro meses depois

Chris Reed

Respiro fundo e ouço o coração batendo, quero não ligar para aquilo, mas há seis meses eu estou vindo em todas as consultas e vendo ele se desenvolver.

Na verdade, ela.

Leila estava menos animada, parecia que a gravidez não estava a fazendo bem, vivia irritada e gritava em praticamente vinte horas de vinte e quatro horas.

Ela nem olhava mais para o monitor, não desde que soube que ia ter uma menina, e eu tinha pena daquela criança.

No começo eu disse para mim mesmo que não iria fazer nada, mas algo está me dizendo que Leila não vai gostar de ser mãe.

-Está tudo normal.- a obstetra sorri.- O desenvolvimento está ótimo. A menina de vocês está saudável.

Leila fica calada e eu suspiro.

-Obrigado.- tento sorrir.- Pode nos dar um momento?

Ela assente e vai embora em silêncio, Leila pega o papel toalha e limpa a barriga com raiva, observo aquela cena com a cara fechada.

-O que é?- pergunto.

-Isso tudo é um pesadelo.- ela balança a cabeça.- Não era para ser uma menina...

-Ainda está com raiva por ser uma menina?- levanto as sobrancelhas.

-O certo era ser um menino.- ela ajeita a blusa.- Eu queria um menino!

-Ok, mas não foi como ninguém aqui planejou.- travo meu maxilar.- Então pare de odiar essa criança...

-Você odeia a criança também.- ela devolve e fico parado.

-Eu não odeio a criança, Leila.- falo baixo.- A culpa não é dela.

-Então a culpa é de quem? Minha?- ela sorri.- Só por que eu vou ter uma menina? A sua puta teria um menino?

-De novo isso...- balanço a cabeça e me afasto.- Já falei para não falar de Ella!

-Eu odeio você!- ela me empurra.- Eu odeio você!- ela grita.

Leila então arregala os olhos e roça a barriga, ela se curva em dor e olha para baixo, vejo sangue escorrendo por suas pernas.

Minha garganta fica seca e ela geme de dor, fico desesperado e abro a porta, chamo a obstetra e as enfermeiras também vem.

A sorte era que hoje estávamos no hospital por que a obstetra só podia nesse canto, e agora Leila estava sendo colocada em uma maca.

Ela grita de dor enquanto e levada e eu paro no corredor enquanto ouço os gritos de dor que ela dá ficando cada vez mais longe.

Queria poder dizer que não sinto nada, mas o desespero começa a ficar maior e minha garganta fica com um nó do tamanho de Nova York.

Pego o celular com a mão tremendo e começo a ligar para minha mãe, preciso dela agora e não tenho medo de admitir, preciso dela aqui.

☘︎

Ella Johnson

-Cadê meu sutiã?- enrolo o lençol no meu corpo.

-Deve estar em algum lugar do quarto.- ele fala divertido.

-Rá, engraçado.- sorrio com raiva.

-Por que você quer o sutiã?- ele me puxa e sobe em cima de mim.- Ainda nem é meio dia.

-Não, Oliver.- rio enquanto ele beija meu pescoço.- Eu preciso do meu sutiã.

Ele Não É Meu Onde histórias criam vida. Descubra agora