Uma História Não Contada

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Ella Johnson

Abro os olhos lentamente e sinto minha cabeça latejar, ergo meu corpo esperando encontrar alguma coisa ou sentir alguma coisa.

Mas estou sentada em uma poltrona bem confortável por sinal, solto um som cansado e passo a mão pelo meu rosto frustrada.

Estou em uma sala bem iluminada, não estou amarrada e nem tem alguma arma apontada para mim, pareceria normal se eles não me trouxessem aqui depois de me apagar.

Um homem de terno entra, ele deve ter uns quarenta e poucos anos, os cabelos escuros e meio prateados, a barba bem feita e o corpo ainda em ótimo estado.

Logo atrás dele entra outro de terno, engulo em seco quando seus olhos verdes cravam em mim como se medisse cada movimento que eu fazia.

-Sinto muito pelo modo como foi trazida.- o mais velho senta na mesinha da minha frente.

-Isso é um sequestro?- levanto as sobrancelhas.

-Não, claro que não.- ele sorri.- Você é mais bonita pessoalmente.

Fico calada e engulo em seco, então chuto a perna dele, que se afasta dando um grunhido de dor, me levanto e dou a volta no sofá.

Assim que alcanço a entrada da porta alguém segura meu braço e me puxa para trás, então me senta em outra poltrona e fica na minha frente.

-Não dá uma de maluca, Ella.- ele murmura.- Precisamos contar uma coisa a você.

-O que quer que seja...eu não quero saber.- tiro meu braço da mão dele.- Chris vai...

-Christopher deve estar puto, mas já foi avisado que está bem.- o mais velho volta a falar.

-Ele não vai desistir de procurar só por isso.- os observo.

-Não, sabemos que não.- o mais novo bufa se afastando.

-Christopher é um homem esforçado, tenho certeza de que vai descobrir onde você está.- ele se aproxima.- É valiosa para ele.

-Não sou um objeto para ser valiosa.- falo séria.

-Porém.- ele me ignora.- É mais valiosa para nós.

Sorrio achando graça e olho para o mais novo, ele não parece estar brincando, então volto a olhar para o mais velho e o observo com cuidado.

-Quem é você?- minhas sobrancelhas se franzem.

-Sua mãe não falava muito de mim, não é?- ele sorri.- Ainda está viciada em joguinhos?

-O que você acha?- pergunto séria.- Ela está desesperada procurando por mim?

-Um ponto.- ele assente.- Procurei tanto por você, querida.- ele toca meu queixo.- Finalmente a encontrei.

Minha mãe me falou que meu pai era um idiota que fugiu quando descobriu que ela estava grávida, então aquele homem ali não era meu pai.

-Minha mãe nunca falou nada de você.- falo séria.

-Não me surpreende.- seus dedos deixam meu queixo e ele segura minha mão.- Quando vi você no aeroporto...indo para Paris...

-Você está mentindo...

-Quis me aproximar, mas Christopher realmente protegeu você.- ele sorri amargo.

-O que fez com Clay?- pergunto preocupada e o mais novo ri.- O que fizeram com ele?

-Está preso no portamalas, Ella.- o mais novo fala calmo.

-Filha....

-Eu não sou sua filha.- falo com raiva.- Você...- olho envolta.- Você não é meu pai. Você é um...

-Mafioso?- ele sorri.- Você tem o meu sangue, então você também é. E está com um.

-Meu pai fugiu quando minha mãe ficou grávida.- informo.- Ele era um ninguém...

-Sua mãe não conhecia com quem dormia, vivia bêbada ou jogando.- ele respira fundo.- Descobri tarde demais que você existia.

-E eu estava muito bem sem você.- me levanto e o mais novo olha para mim com advertência.- Se não vai me ameaçar ou apontar uma arma para mim...

-Querida, você precisa me ouvir.- ele levanta comigo e segura meu braço.- Eu sempre procurei por você...

-Dezoito anos depois é mesmo que bosta.- informo.

-Não fale assim com ele, Ella.- o mais novo me trata como uma criança

-Vai se foder.- começo a ir até a porta.

-A ex-mulher de Christopher colocou sua cabeça a prêmio.- o mais velho fala.- Está em perigo, logo muita gente vai querer matar você pelo dinheiro...

-Chris vai me proteger.- chego na porta e viro a tranca.- Eu quero Clay também...

Assim que abro a porta vejo um cara enorme e ruivo, ele da um passo e eu recuo vários passos, então ele entra e fecha a porta cruzando os braços.

-Srta.Johnson.- ele fala educado e ameaçador ao mesmo tempo.

-Puta merda, eu quero ir embora!- olho para os três.

-Você vai embora assim que reconhecer que eu sou seu pai e aceitar jantar comigo.- ele sorri.- Pode levar Christopher, se quiser.

-Por que eu faria isso?- franzo as sobrancelhas.- Olha, ruivo, já me disseram que eu sou forte então...

Ele ri quando eu tento empurrar ele mas nem mesmo mexe o corpo do canto, olho para o lado e vejo os outros dois sorrindo também.

-Ok.- suspiro, é melhor sair daqui e voltar para Chris, ele vai saber o que fazer.- Vou jantar com você.

-E...

-Você é meu pai.- falo com raiva.- Satisfeito?

-Claro, princesa.- ele olha para o ruivo.- Tom vai levar você para o carro, o motorista de vocês está desacordado e ele vai dirigir.

-Fantástico.- falo enquanto ele abre a porta.

Tom me guia pela casa, não acreditava que fosse assim tão fácil, mas se o cara era meu pai mesmo, ele não me machucaria, e talvez isso desse alguns pontos para ele.

Nos aproximamos da BMW preta e sinto uma mão leve segurar meu braço, olho por cima do ombro para ver o Olhos Verdes travando o maxilar.

Tom entra no carro e espero.

-Acho que depois que nós conhecer, vai ser mais fácil gostar de nós.- explica.

-Dúvido muito.- engulo em seco.

-Chris não pôde proteger você hoje.- ele afasta meus cabelos e estranho.- Mesmo que não queira, precisa de nós.

-Bem, isso eu vou decidir.- tento me afastar e ele me solta.

-Não me apresentei direito.- ele abre a porta para mim.- Me chamam de G.

Olho para ele e então entro no quarto, ele coloca o meu cinto e eu travo o maxilar, fecha a porta do carro e olho para Tom, que parece bem humorado.

O carro começa a se mexer e olho para trás, Clay deve estar aí dentro, suspiro com pena e volto a olhar para o caminho que ele está nos levando.

Olho para minha bolsa perto de Tom, ele percebe isso e parece me ignorar enquanto ajeito meu corpo no banco.

-Vai ter sua bolsa quando eu parar o carro e puder ficar a salvo.- ele explica.

-Ok.- minha voz sai baixa.

Preciso de Chris, estou com medo do que me disseram, que Leila colocou minha cabeça em prêmio para várias pessoas e estou morrendo de medo.

Não preciso... Necessito de Chris agora.

Ele Não É Meu Onde histórias criam vida. Descubra agora