Ele Não É Meu

** Epílogo **

** Cinco anos depois **

Ella Reed

O cheiro da lasanha está forte e ela está quase pronta, tiro as luvas das minhas mãos e coloco em cima da bancada de mármore enquanto me aproximo da porta dos fundos.

Pela porta de madeira com um vídeo transparente no meio não vejo nenhum dos dois, respiro fundo abrindo a porta e sentindo o vento gelado.

Olho para o lado e vejo que a porta da garagem está aberta, ando até lá lentamente para descobrir que Kate está em pé em um banquinho e Chris está mostrando para ela o motor.

-A gente precisa trocar isso.- ele explica.- Pro carro ficar mais rápido.

-E isso?- ela toca e graxa suja mais as mãozinhas dela.

-Também, macaquinha.- ele dá um pano para ela.- Eu vou ver se o tio John pode mandar....

Limpo a garganta e os dois olham pra mim com aquele olhar cúmplice, cruzo meus braços olhando para as mãos cheias de graxa dos dois.

-O que vocês estão fazendo?- pergunto.

-Estamos concertando meu carro!- ela fala animada.

-O que?- finjo surpresa.- Você só tem cinco anos!- levanto ela do banco e a coloco no colo.

-Em onze anos eu vou poder dirigir!- ela fala animada.- Vou para "Rona"!

-Roma.- Chris a corrige.

-Isso.- ela olha para mim.

-E você não vai.- Chris balança a cabeça.

-Por que?- ela fala com a voz fina.

-Porque você é a menininha do papai.- ele explica.- A menininha do papai fica com o...

-Papai.- ela sorri quando ele a pega dos meus braços.

-Os dois pra dentro e lavem as mãos.- mexo a cabeça.

-Sim, senhora.- Chris e Kate falam ao mesmo tempo.

Fico sozinha naquela garagem e observo o carro velho que Kate adorou quando fomos no ferro-velho pegar algumas madeiras para construir a casinha na árvore que ela tinha.

Me aproximo abaixando o capô e vendo o vídeo da frente quebrado, balanço a cabeça sabendo que Chris vai deixar ele novinho em folha para a preferida dele.

Saio da garagem e fecho a porta indo na direção da casa, ouço um assovio e o carteiro aparece com algumas cartas na mão.

-Signora Reed!- ele balança a mão.

-Como vai, Giuseppe?- vou até ele com um sorriso doce.

-Bem, muito bem.- ele fala com um sotaque italiano.- E a pequena Kate?

-Todo dia arruma uma nova brincadeira.- apoio meus braços no portão.- Cartas?

-Sim.- ele me dá.- Addio!

Me despeço dele e começo a abrir as cartas, encontro pela porta da frente e ouço Kate rir correndo pela casa enquanto Chris arruma os pratos na mesa e já tirou a lasanha.

As cartas caem da minha mão quando eu abro uma delas, meu coração acelera e eu fico sem ar ao ver a foto que está dentro daquela carta.

-Mamma?- Kate fala em italiano.

Queríamos que ela de adaptasse na escola, então contratamos o melhor professor de italiano para ela e até aprendi um pouco também.

-Ella?- Chris parece preocupado.- O que foi?