Preparativos

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Ella Johnson

Eu estava mofando ali dentro, não conseguia sair do quarto, nem comer direito, muito menos respirar com todas aquelas coisas.

Tinha certeza que eles queriam me torturar, todo o dia eu escolhia algo para o casamento, para o meu casamento com G, que estava próximo. Bem próximo.

A porta abre e G entra com um prato, olho para o pedaço de bolo com glacê bem decorado, respiro fundo e ele coloca o prato na minha frente.

-Escolhemos o bolo do casamento.- ele aponta com o queixo e senta ao meu lado.- Prove.

-Eu não estou afim.- murmuro encarando meu colo.

-Demorei para escolher isso, Ella.- ele segura minha nuca.- Você vai comer.- ele aproxima meu rosto do prato.

-Ok.- tento soltar minha nuca.

-Não. Assim.- ele sorri.

Engulo em seco e me sinto humilhada enquanto tenho que comer o bolo como um cachorro, meu ódio vai crescendo mais e mais a medida que ouço a risada dele.

Minhas mãos apertam os braços da cadeira e paro de comer, o empurro de supetão e limpo minha boca enquanto me levanto, G parece surpreso.

-Você não pode me tratar assim!- grito com raiva.

-Está gritando comigo?- ele franze as sobrancelhas.

-Não.- meu coração bate mais forte.- Eu só...

-Você vai aprender a não gritar comigo.- ele agarra meu braço e me joga na cama.- Sua vadia, aquele idiota não soube domar você, mas eu sei...

Ele começa a subir meu vestido e eu começo a espernear tentando sair, solto um grito desesperado em busca de qualquer ajuda e não tenho resposta.

Enfim consigo me soltar chutando acidentalmente a perna dele, vaio da cama e vou me arrastando até o banheiro, onde me tranco e me encolho no canto.

Abraço meu corpo com força e escuto G xingando Deus e o mundo, limpo minhas lágrimas e me abraço com mais força tentando sair desse pesadelo.

Só quero que Chris venha me buscar, ele prometeu que me protegeria, ele falou que não ia deixar que nada de mal acontecesse comigo.

-Ella!- G bate na porta.- Desculpa.- ele fala fingido.- Sinto muito. Eu não queria. Eu amo você.

Eu queria ficar trancada no banheiro para sempre, pelo menos até Chris chegar, precisava aguentar até Chris chegar e eu estar protegida de novo.

Não me envergonhava em admitir que precisava de Chris, eu cuidei de mim desde pequena, e ele estava disposto a cuidar de mim, precisava dele.

-Abra a porta!- ele dá um soco.

Sabia que não ia ficar trancada para sempre nesse banheiro, sabia que ele podia entrar se forçasse mais, então me levantei rapidamente.

Abro a porta com meu coração na boca e G me observa, tremo de medo quando ele se aproxima e me abraça com força, deixo meu corpo imóvel enquanto ele acaricia minhas costas.

-Sinto muito.- ele beija meus cabelos.- Você me irritou...não quis fazer isso, mas você me...

-Desculpa.- falo baixinho.

-Desculpada.- ele sorri.- Que tal você descansar um pouquinho?

-Ok.- ele dá espaço e passo por ele.

Deito na cama e me cubro até o queixo, G sai do quarto e ouvi a tranca da porta, respiro fundo e abraço o travesseiro tentando não chorar mais.

☘︎

Chris Reed

-Quero vários informantes andando por todas as ruas.- falo saindo do jatinho.- Preciso de uma lista com as propriedades mais afastadas.

-Sim, senhor.- Roger assente.- Temos algumas pistas e já tenho homens observando algumas propriedades.

-Ótimo, não quero ninguém descansando até encontrarem G, Joshua ou Ella.- abro a porta do carro.- Clay, vá com ele.

-Ok.

Clay estava se oferecendo para fazer tudo, minha raiva já tinha passado, a única coisa que queria agora era achar Ella e matar aqueles filhos da puta.

Entro no carro e John começa a dirigir, vamos em direção ao hotel e confio que Roger vai achar alguma coisa, tem mais de três mil homens e programas de computador procurando por eles.

-Eu peguei a cobertura.- John explica.- Todos já sabem o número.

-Ok.- passo a mão pelos cabelos.

-Chris... Não quero que fique com raiva...

-Por você me dopar?- pergunto.

-Foi sua mãe que dopou você, em minha defesa.- ele vira uma esquina.

-Você disse para ela que eu não estava dormindo.- devolvo.

-Ela perguntou!- ele grita também.

-Você não devia ter...

-Foi pro seu bem, Chris!- ele fala sério.- Ella precisa de você e cansado não faria nada!

-Não use Ella...

-Eu uso, sim!- ele bufa.- Ella também estaria com raiva de você por não descansar.

-Idiota.- cruzo os braços.

-Depois que isso tudo acabar...- ele respira fundo.- Eu preciso falar com você.

-Como assim?- pergunto curioso.

-Eu... conheci alguém.- ele limpa a garganta.- Mas é pra outra hora.

-Ah.- fico surpreso.- Por que você não me contou antes?

-Porque você estava cheio de coisa.- ele balança os ombros.- Quando Ella voltar, vocês dois a conhecem.

-Ok.- tento sorrir.- Estou feliz por você, John.

-Obrigado.- ele me olha de canto.- Agora vai descansar e eu acordo você em duas horas.

-Uma...

-Uma e meia.- ele estaciona e sorrio.

-Uma e meia.- concordo.

Saio do carro e ele resolve o negócio das malas enquanto pego minha chave e vou até o elevador, fico meio culpado por não saber disso.

John e eu sempre conversávamos sobre tudo, éramos como irmãos, estávamos juntos desde o começo e eu não sabia que ele estava saindo com alguém.

Ele estava certo de eu estar ocupado resolvendo o sequestro de Ella, mas eu tinha negligenciado a amizade com ele também.

Assim que tudo voltasse ao normal eu ia concertar tudo, já tinha certeza do que queria fazer e precisava de Ella ao meu lado.

Quero ficar com ela mais que tudo, e meu maior medo é que ela não queria ficar comigo, mesmo que escolha não ficar vou estar cuidando dela de longe.

Mas....eu amo aquela mulher. Amo ela de verdade, como nunca amei ninguém antes, não podia mais negar isso para os outros e para mim.

Eu ia trazer ela de volta, iríamos garantir que o pai dela não tocasse em um fio de seu cabelo e eu diria a ela que a amava como era para ser.

Exatamente como era para ser.

Ele Não É Meu Onde histórias criam vida. Descubra agora