Capítulo 15

2.7K 147 14
                                    

Point of view Douglas Gonçalves.
Quarta-feira.

Melissa do nada deu para querer saber dos meus corres, sendo que isso nunca foi do interesse dela. Ela sempre soube o que eu faço, mas agora quer se aprofundar no bagulho, tô nem entendendo.

Ele continua me encarando e eu encarando ela, analiso bem o rosto dela tentando enxergar algo além disso tudo.

— Tú se envolveu comigo sabendo por alto o que eu faço, tá querendo saber mais do nada por quê? Tô entendendo não. — Mantenho os braços cruzados olhando para ela.

Melissa senta na cama com o corpo virado para mim, ela coloca os fios que estavam caídos em seu resto atrás da orelha para então falar.

— Sim, Relíquia. Eu me envolvi com você ciente do que você fazia, mas a questão não é só essa. Você está ficando na minha casa, e cara... — Suspira. — Eu não sei quem eu estou hospedando na minha casa, nunca me importei com o que você faz, isso não diz respeito a mim, assim como você falou, mas... Porra...

— Então esse é problema? O problema em si é eu tá na sua ca..

— Não. — Me interrompe. — Esse não é o problema, o problema é que eu estou convivendo com uma pessoa que eu acho que "conheço". — Faz aspas com os dedos. — Mas que no fundo, eu não sei de nada, de quem você é.

— Então tá, Melissa. Suave, e o que eu faço caso o que eu te falasse vazasse?

— Eu não iri... — Agora quem interrompe ela sou eu.

— Não tô falando que tu iria, mas vamos supor que isso acontecesse, pode até não ter sido tu que falou, mas caísse no meu ouvido que tá rolando bochicho com o meu nome relacionado a essas paradas. A primeira pessoa que ia vir na minha mente é tu. — Aponto pra ela. — Porque você seria a única pessoa que eu teria falado, e na moral memo... Tú não iria gostar de ver a minha outra versão, quando sinto que estão agindo na maldade comigo, achando que sou otário.

Não desvio o meu olhar do dela, ela sustenta os nossos olhares parecendo estar longe, balança a cabeça murmurando um "ok". Ouço o seu suspiro e ela levanta da cama saíndo do quarto, não demora para eu escutar o barulho da porta do banheiro sendo fechada.

É até melhor assim, tá ligado. Desse jeito não tenho que ficar me preocupando se as minhas coisas vão cair em ouvidos alheios, sempre foi assim pô, só eu sei da minha caminhada e já era, não vai ser agora que vai mudar. Nem os que estão comigo das antigas sabe dos meus passos. Se eu contasse alguma coisa para ela e isso caísse no ouvido de alguém, eu não iria hesitar em fazer alguma coisa com ela, e pra isso não acontecer é melhor continuar do jeito que está. É bom pra ela e pra mim.

Fico entretido respondendo as mensagens do Whatsapp que nem noto quando ela chega no quarto, só noto ao sentir o cheiro de creme dental de menta. Acompanho ela pela visão periférica, Melissa deixa a garrafinha de água no criado mudo, pega a xícara que ela usou e sai do quarto.

Aproveito e levanto para escovar os meus dentes, escovo o meu dente rapidão e passo na cozinha para beber água, ela não está mais na cozinha. Bebo a minha água tranquilo, deixo o copo no balcão e volto para o quarto. Encontro Melissa já deitada virada para o outro lado, vejo o celular dela no carregador provavelmente ela foi dormir. Desligo a televisão para não atrapalhar ela e deito, estou sem sono nenhum, então fico mexendo no celular esperando o sono vir.

Doce TentaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora