Capítulo 73

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Point of view Douglas Gonçalves.

Perco a noção do tempo que passei com ela no meu colo, mesmo em silêncio deixando ela no momento dela, acaricio as suas costas como se aquilo fosse de certa forma passar conforto para ela e para lembrar que eu estou aqui, que ela não está sozinha.

Deixo ela chorar e colocar as suas emoções pra fora, guardar o que ela está sentindo só ira fazer mal. Sei que o estágio era importante para ela, de como ela queria tanto aquela vaga. Não me incomodo com o molhado das lágrimas na minha camisa.

Em certa hora percebo que Melissa adormeceu no meu colo, depois de chorar por muito tempo ela acaba dormindo. Não me arrisco em levá-la para o quarto por conta do meu joelho que ainda não está cem por cento, por isso fico na mesma posição por horas, mesmo depois do meu corpo começar a reclamar por ficar na mesma posição, sou incapaz de acordá-la.

Tempo depois, o que imagino que seja horas porque acompanhei o anoitecer através na porta de vidro da sacada, ela mexe deitando na curva do meu pescoço.

- Como você está? - sussurro acariciando as suas costas.

- Decepcionada comigo mesma, isso dependia só de mim e mesmo assim eu fui capaz de estragar tudo.. eu me esforcei tanto e no final não foi suficiente, é frustante. Meu Deus, o que eu tinha na cabeça de levar aqueles desenhos? Eu poderia ter me esforçado mais e.. - interrompo ela.

- Olha pra mim Melissa, quero conversar contigo olhando no seu olho. - ela me olha com os olhos marejados e o rosto com vestígios de lágrimas. - Não desmerece o que você fez, você se esforçou pra caralho e deu o seu melhor, não estou falando isso só para você se sentir bem ou algo do tipo. Eu vi o seu esforço, eu vi como você batalhou por isso, das madrugadas que você passou em claro criando esse projeto. Você acordava cedo para ir trabalhar e depois do trampo ia direto pra faculdade. Porra, você tem noção do seu esforço? Mesmo cansada depois de ter passado o dia todo fora você foi persistente, você se esforçou pra caralho. E se não foi para ser seu, tudo bem, a vida é assim. Uma coisa melhor te espera lá na frente. As vezes queremos muito uma coisa, mas não nos perguntamos, você quer aquilo ou você precisa daquilo? É diferente, você queria aquilo mas não era para ser seu, não agora, porque mais pra frente o que realmente é pra ser seu, será.

Deixo um selinho na sua sua boca, não me importando com o gosto salgado das lágrimas. Carinhosamente limpo as suas bochechas que estão molhadas. Eu sei que ela se esforçou e pra caralho, não foi culpa dela, simplesmente não era para ser. Sei que é frustante, mas a vida é assim, nem sempre iremos entender.

- Desculpa..

- Você não tem que pedir desculpa pra mim, e sim pra você, porque você se esforçou pra caralho. E vamos ser sinceros, eles não te mereciam, uma mulher inteligente, foda pra caralho é pra poucos. - deixo diversos selinhos pelo rosto dela, sorrio ao ouvir a sua risada baixa.

- O que eu faço agora? - suspira com o olhar perdido.

- Agora você vai seguir em frente, aquele era só mais um caminho para você chegar no seu objetivo, era mais um, mas não era o único. Quando uma porta se fecha outras se abrem. Amor, você tem tudo em mãos, você tem a sua inteligência, talento e a sua força de vontade, isso já é o suficiente. Você já se ligou nos desenhos que você faz? Eu que sou homem compraria facinho as suas roupas.

- Você fala isso porque você é o meu namorado.

- Tsc, tsc. - nego com a cabeça. - Eu falo isso porque eu enxergo o seu talento. Você tem tudo, basta você acreditar em você mesma. Eu acredito em você.

- Eles disseram que os meus croquis, que as roupas que eu desenho são boas.. boas para uma loja de esquina. Se eles que são uma marca forte, que trabalham anos com isso, que tem uma grande influência no mercado e trabalha com as melhores coleções, disseram isso.. Eu nunca me senti tão humilhada, nem foi pelo lugar que eles falaram e sim pelo tom de arrogância e superioridade.

Doce TentaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora