Capítulo 16

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Point of view Melissa Santos.
Sábado.

Vim a semana toda planejando com Heloísa de sairmos, irmos em um barzinho ou algo do tipo. Mas acabou que não deu para ela ir, não vou negar que fiquei chateada, queria sair para beber e livrar um pouco a mente, mas entendo ela. Minha chateação passou na mesma hora que Relíquia me chamou para um baile que vai ter no Vidigal, me animei na hora.

Faltou só o meu companheiro de baile, mas hoje Gabriel está um piranho comportado e vai ficar em casa, mas também, ele chegou em casa dez da manhã de uma festa que foi, a bicha está morta.

Estou ajeitando os cílios postiços quando Relíquia entra no quarto com o celular no ouvido.

— Beleza, irmão. Tá suave lá pras dez e quarenta e pouco eu tô chegando... Tranquilo, tranquilo.. Nós resolve isso cara a cara, firmeza então. — Desliga o celular e me olha através do espelho. — Demora da porra, acabei de me arrumar faz meia hora já caraí.

— Quando você vai fazer pão, você tem que ter paciência para ele ficar gostoso, não tem? Mesma coisa comigo, tem que ter paciência para eu me arrumar e ficar gostosa. — Pego o batom olhando para ele.

— Não faço pão. — Resmunga

Não rendo voltando minha atenção para o meu reflexo no espelho, deslizo o aplicador pela minha boca dando vida para ela, colorindo a mesma de vermelho. Amo batom vermelho, não sei porque mas me deixa mais confiante, deve ser porque me acho a própria rica que acorda com a vista de Miami.

Optei por uma roupa mais simples. Estou vestindo um short preto um pouco desfiado, uma blusinha de manga longa de tule e por baixo um sutiã rendado, tudo na mesma coloração. Para quebrar um pouco a cor preta, optei por um cinto de strass prata. Resolvi deixar os saltos de lado, não quero acordar amanhã com os pés doloridos por ter dançado, então calcei o meu Nike 97, o mesmo que eu dei o meu rim para comprar.

Olho pela última vez no espelho e viro para Relíquia, todo gostosinho sentado na cama com a cara fechada. Jaqueta da Oakley, bermudinha preta e um Nike Shox TL doze molas branco, correntinha para dentro da jaqueta. Senhor, alguém me segura, fiquei fraca.

— Vamo? Ou tu vai inventar mais alguma coisa?

— Deixa ser chato, já estou pronta. — Faço menção de sair do quarto e lembro da minha tornozeleira. — Calma, calma. Minha tornozeleira. — Desvio dele pegando ela na minha caixinha.

Sento na cama tentando abrir o fecho mas a minha unha impede, não consigo fazer nada sobre pressão.

— Deixa eu colocar essa porra pra tú, desse jeito vamo chegar nunca. — Bufa e eu estendo o acessório. — Estica a perna aí filhona.

Estico a perna e ele coloca minha tornozeleira sem nenhuma dificuldade.

— Bora. — Ele praticamente me expulsa do quarto.

O caminho foi rápido, graças a Deus o trânsito estava tranquilo. E como eu já disse, Relíquia não anda, ele corre. Confiro pela última vez o meu reflexo no espelho do carro, e volto minha atenção para a janela do carro. Por ser de noite não tenho muita visão da comunidade.

Quando fomos aproximando o som foi ficando cada vez mais alto, desço do carro enfiando o meu celular na parte da frente do short. A fila está enorme, aqui fora está cheio de pessoas, algumas estão conversando, outras estão bebendo e por aí vai. Relíquia arruma alguma coisa no cós da bermuda e vem ao meu encontro, passa a mão na minha cintura me guiando pela entrada. Ele cumprimenta o "segurança" com um aceno de cabeça que libera a nossa passagem, quem pode, pode né negoh.

Doce TentaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora