Capítulo 62

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Point of view Douglas Gonçalves.

Encaro a tela do celular na mensagem de Santino, me chamando para beber alguma coisa mais tarde. Sinto o meu estômago embrulhar só de pensar em estar no mesmo lugar que ele, anos atrás ele era o tipo de pessoa que eu gostaria de ter do meu lado, mas hoje em dia sinto repudia só de ouvir a sua voz.

A minha mente está a mil, em um segundo diversos pensamentos tomam conta dela, rodeiam e rodeiam.. cada hora mais e mais.. Sinto ela latejar com tudo isso. Pavanelli.. Guardia.. Federal.. Sumiço do pai da facção.. Deslealdade.. Santino.. Minha vontade de esganar Santino.. Tudo ao mesmo tempo. No final isso tudo pode estar ligado.

Ao passar horas na sala de Borges, lembrei do dia que Isabela, a garota que não calava a boca um minuto e que me contou a sua vida toda, ela me disse que Pavanelli tinha um informante, ao nível que estamos não duvido que Santino não tenha dedo nisso. A federal resolveria o seu problema, e assim ele ficaria com o comando.

No meu pensamento já matei Santino de diversas formas possíveis, desde a mais dolorosa a mais rápida possível com direito a diversas balas perfurando o seu corpo.

Trinco o maxilar quando ele responde dizendo que é para eu levar Melissa, para ele conhecer a sua cunhada melhor. Cunhada é o meu pau, ele vai ver cunhada quando eu estiver esfolando a sua cara.

Ao ponto que estamos não me arrisco em levar Melissa, não por insegurança, mas sim para a segurança dela. Trazer ela já foi um risco, apresentar ela foi um maior ainda. Droga.. Como eu fui dar um puta de um vacilo desses. Mal começou o negócio e eu já estou vacilando.

- Eu já falei com você, isso faz mal. - Melissa afasta minha mão da boca. - Você não tem mais unha para roer e fica se machucando, olha isso daqui, está até sangrando. Vou te contar viu..

E só agora percebo que eu estou estraçalhando a minha unha com o dente. Mas ao contrário do que Melissa disse, está só com o cantinho sangrando.

- Você demorou. - entrego o celular para ela que coloca na bancada para então entrar na banheira, sentando entre as minhas pernas com as costas no meu peitoral.

- Desculpa, Gabriel me ligou por chamada de vídeo me mostrando Nino, ele está bem melhor, logo, logo vai poder estar voando.

- Você está tratando o bicho como se fosse o seu filho, é só um passarinho. - riu fraco.

- Você pode respeitar o meu momento de mãe, please? Vai ser tão triste quando ele for embora, é como dizem, uma hora os filhos vão ter que voar, esse ditado nunca fez tanto sentido. Eu acabei me apegando a ele.

- Às vezes o erro das pessoas é se apegarem demais.

- Como assim?

- Se você se apegar, quando aquilo for embora você vai sentir falta.. daquilo que você se acostumou, mas se você não envolver sentimento não vai doer, quando não tem sentimento não dói.

- Douglas, o que você quer dizer com isso? - me olha por cima do ombro. - Você está se referindo ao passarinho ou..

- Ao passarinho. Acho que preciso de uma dose de whisky, dor de cabeça do caralho. - suspiro massageando a pálpebra.

- Eu não sei se você sabe, mas o que cura dor de cabeça é remédio, não whisky. O seu fígado deve estar pedindo arrego, só nesses dias ele viu tanto álcool que se alguém riscar um fósforo perto de você, você pega fogo e dessa vez você não vai nem precisar pisar na porta de uma igreja.

Errada ela não está, desde que vim pra cá o meu consumo de álcool aumentou, não é nada tão grande, mas para quem bebia geralmente nos finais de semanas e agora está bebendo whisky no café da manhã, não é uma boa evolução.

Doce TentaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora