Capítulo 11

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Point of view Douglas Gonçalves.
Quinta-feira.

- Como entra gambé infiltrado nessa porra e ninguém vê? - L1 pergunta puto.

Cruzo os braços analisando o morro, estamos na laje da casinha principal.

- Sei não, irmão. Eles tão na maldade, tá ligado? Tava desconfiado disso desde o começo da semana, quando cheguei e vi um cara diferente, todo na tocaia.

- Depois que tu me falou, fiquei mais atento. Pelo jeito o negócio deles é informação, tô mapeando esse cara ô. - Estala o dedo. - Os nosso corre é tudo no sigilo, ninguém sabe quem tá de cima não. Molho a mão de uns por questão de segurança e informação, certeza que não são da milícia.

- Aquele cuzão tem cara de ser federal, tu viu a pinta de bonzão?

L1 tira um cigarro comum do bolso acendendo logo em seguida pensativo. A federal nunca foi de ficar na nossa cola, se estão com infiltrado aqui no morro é porque estão planejando alguma coisa. A federal é mais investigação, creio que por agora a meta deles não é invadir.

- Cê sabe como são os federais, nois faz tudo embaixo dos panos. A minha cara que tá a tapa, fora que tudo que eles tem contra mim são suspeitas, não tem nada confirmado, minha cara não tá estampada em nenhum lugar.

- E qual vai ser o plano? O fundamento disso tudo. - Apoio o braço no batente da laje.

- Eles não querem informação? Vamo dar, mas vai ser do nosso jeito. Meu morro, minhas regras. - Encara firmemente as casas. - Se eles querem fogo, vamo tacar gasolina. Ninguém entra no meu morro desse jeito.

Olho pra ele confirmando com a cabeça, apertando o dedo no batente.

- Tú vai ter que sair de cena. - Ele murmura um tempo depois. - Tua foto não pode cair na mão da federal como suspeito.

- Duas semanas? - Molho o lábio pensativo. - Em duas semanas a gente consegue saber qual é a deles, e conseguimos fazer eles acreditarem no que a gente quer.

- Isso memo, no máximo vinte dias. Tú vai me ajudar de longe, tú é o meu braço. - Aponta com o cigarro entre os dedos. - Com você fora a gente consegue manter o plano.

Essa não é a primeira vez que isso acontece. Comigo fora do morro as chances de saberem de mim são mininas, e com L1 seguindo com o plano os federais não vão ter nenhuma prova ou informação verdadeira.

- Vai ir quando?

- Vou tentar meter o pé ainda hoje. - Ele confirma com a cabeça ficando em silêncio, provavelmente martelando alguma coisa.

Faço uma hora ali e meto o pé pra casa. Mesmo saindo do morro, vou continuar no Rio, um branco toma conta da minha cabeça e a única pessoa que vem nela é Melissa, uma das poucas que confio.

Olho as horas vendo que deu quatro horas agora. Disco o número dela pegando um Danix no armário.

Ligação on.

- Alo? - Fala assim que atende.

- Preciso da tua ajuda.

- Ai, Relíquia. - Suspira do outro lado. - O que você aprontou agora? Está tudo bem?

- Relaxa que tá tudo tranquilo. Tu tá indo pra faculdade?

- Acabei de largar serviço, tô saindo da clínica agora. Por quê?

Doce TentaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora