Capítulo 57

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Point of view Douglas Gonçalves.

Saio do carro observando o lugar familiar, onde passei a transição da adolescência para a vida adulta, mesmo que psicologicamente eu tenha amadurecido rápido demais.

As paredes escuras continuam do mesmo jeito desde a última vez. Entro no grande galpão ouvindo vozes, sem pressa alguma caminho pelo corredor, conforme os meus passos as vozes vão abaixando, cessando completamente quando saio do corredor escuro. Sorrio de ladinho cruzando os braços ao ouvir os assovios. Não tem nada como voltar pra casa.

- Finalmente, hijo de puta. - Santino diz me puxando para um abraço, dou dois tapinhas nas suas costas rindo.

- El momento de ir a casa siempre llega. (A hora de ir para casa sempre chega).

- Vejo que continua com o espanhol afiado. - rir me estendendo um copo com whisky.

- Nós nunca perde o jeito. - ergo o copo e dou um gole, sinto a bebida descer ardendo pela minha garganta em uma queimação.

A facção foi criada na região do México, sendo assim, tendo o seu idioma nativo, o espanhol. Mas após alguns problemas relacionado a família, assim que nós membros chamamos a facção, todos nós que estamos dentro somos uma família, como diz o nosso lema: hermano por hermano. O idioma português foi incluso, fazendo assim, que todos membros saiba os dois idiomas, o espanhol e o português, que são a base para nós.

Cumprimento cada um dos seis homens que estão aqui, faz tempo que não os vejo, desde a minha última vinda para cá. Mesmo em meio de breves cumprimentos acompanhados de risadas, vejo Santino tenso, assim como os outros também. Se antes eu achava que era um grande problema, agora eu tenho certeza.

- Fala. - mando ao sentar no sofá, esperando a bomba.

A sala fica em um completo silêncio, Santino vira o resto do seu whisky e coloca o seu copo na mesinha para finalmente me olhar.

- Paizão sumiu do mapa. - largo o meu copo no braço do sofá sem reação.

- A quatro semanas não tivemos mais sinal dele, no começo achamos que era algum problema no presídio como costuma ter, esperamos por uma semana.. mas não tivemos nenhuma resposta. Mandamos três sinais para ele, mas nenhum foi correspondido, você sabe o que isso quer dizer.

Quando alguém dá família está preso mantemos sempre o contato, na maioria das vezes em três em três dias para saber se está tudo bem. Nossa fama aqui é grade, sempre tomamos cuidado para que os nossos rostos não sejam revelados, muito menos os nomes. Em uma armação o pai da facção foi pego, ninguém sabia quem ele realmente era. Nessa altura do campeonato o que passa na minha cabeça é a possibilidade de terem descobrido e nesse momento ele está em algum canto sendo torturado.

Quatro semanas.. Isso mesmo, quatro semanas que isso aconteceu e esses infelizes não me falaram nada. É hoje que eu mato algum desgraçado.

- E por que não me ligaram? - pergunto tentando manter a calma.

- Eu te liguei mas..

- Mas é o caralho, porra! Você ficou responsável quando eu sai, quatro semanas que isso aconteceu. Você passou por cima de uma ordem minha ao não me falar o que estava acontecendo.

Doce TentaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora