Capítulo 9

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Point of view Melissa Santos.
Segunda-feira.

A maior tristeza do pobre é quando a segunda-feira chega, chega junto com a bad e a revolta por ser pobre. O que custava eu ter nascido herdeira? Ou acordar em um belo dia com a minha mãe me ligando, falando que um tio distante deixou sua herança para mim. Eu faria até doações.

Espalho o protetor solar após o hidratante. Resolvo passar nada na pele, além dela precisar respirar eu estou com preguiça, fora que maquiagem não está barato para ficar gastando sem precisão. Penteio o cabelo deixando ele solto, pelo menos o meu cabelo está bonito, isso que importa.

Tiro o celular da carga vendo que está cem por cento e vou na direção da cozinha entrando no WhatsApp. Mando mensagem de bom dia para a minha mãe, provavelmente ela ainda está dormindo, queria também, mas a minha rotina começa cedo.

— E vamos de o que eu vou comer hoje. — Falo para mim mesma abrindo a geladeira.

Bateu vontade de tomar mingau, penso bem se vai valer a pena e por fim deixo para mais tarde, além do mais não posso ficar enrolando. Faço um pãozinho na chapa com azeite, deixo o pão ficar bem douradinho, uma delícia. Viro o líquido quente na xícara dando um gole logo em seguida sentindo o amargor do café, só assim para começar dia.

Enquanto tomo o meu café fico respondendo algumas pessoas no Whatsapp, aproveito e mando mensagem para Gabriel confirmando o nosso lanche de mais tarde.

Não enrolo para tomar café e vou direto para o banheiro escovar os dentes. Não demora muito e eu já estou no ponto de ônibus, cruzo os braços ficando em pé mesmo. Não estou com ânimo nem para ouvir música. De longe avisto o ônibus vindo, faço sinal pegando a carteirinha.

— Bom dia. — Desejo ao motorista destravando a catraca.

Sento mais no fundo torcendo para ninguém sentar do meu lado. O caminho foi o de sempre, maioria das pessoas em silêncio e algumas conversando animadamente, quem tem ânimo em plena segunda-feira, meu pai? Não demora para eu estar saindo do ônibus, ajeito a bolsa no ombro atravessando a rua. O consultório fica uns dez minutinhos do ponto de ônibus.

Chego na clínica seis e cinquenta e sete, o horário que eu chego normalmente. A porta já está aberta, Michelle sempre chega primeiro para preparar as coisas de trabalho. Entro colocando a bolsa sobre a minha mesa, ajeito a golinha da blusa social indo em direção a sala de Michelle.

— Bom dia, Mi! — Bato na porta devagar chamando sua atenção.

— Bom dia, Melissa. Tudo bem? — Sorrir colocando o pacote de algodão na mesinha próximo a cadeira odontológica.

— Tudo sim e com você? Precisa de ajuda?

— Oh, não precisa não já estou acabando aqui já. Obrigada! Estou bem sim, ou quase bem. — Faz uma careta maneando a mão em um mais ou menos. — Tirando a ressaca de ontem.

— Não vou julgar porquê já fiquei diversas vezes destruída na segunda. Toma engov antes de beber, é o que está me salvando ultimamente.

— Funciona mesmo? — Me olha pegando a garrafinha d'água bebendo metade de uma só vez, rio com dó dela. — Eu te falei que a situação estava feia.

Doce TentaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora