(...)Coloco a arma no cos da bermuda. Empurro o grande portão de ferro adentrando no galpão, aperto o adaptador de luz dando iluminação ao local escuro. Quando as luzes se acendem consigo enxergar o quadro branco com anotações e fotos, e alguns papéis organizados que deixei sobre a mesa no dia anterior.
Caminho em direção da mesa com algumas cadeiras, encosto as costas na mesa enquanto encaro o quadro com a foto de Pavanelli, o federal. Fotos dele saindo da base policial, outras dele com alguns colegas do mesmo ramo, algumas com a familia. Aliás, muito bonita a familia, esposa, dois filhos.. Interessante.
O que é mais interessante são as suas fotos a noite com uma mulher, não uma qualquer mulher, provavelmente alguma garota de programa ou até mesmo a sua amante. Além de imbecil em entrometer em coisas que não é da conta dele, ainda trai a mulher. O que a mulher dele pensaria ao ver essas fotos?
Será que a familia dele continuaria a mesma, ou a mulher surtaria? Entre essas duas opçoes fico com a segunda, mulher é tudo surtada. Mas também tem aquelas que não largam do cara, isso tem de montão na favela. Mas Paloma, mulher do federal não tem cara de quem sustentaria o chifre.
Aguardem as cenas do próximo capitulo.
Riu com o meu proprio pensamento, descruzo os braços quando ouço passos. Olho vendo o filho da puta de Gafanhoto, estava tão pensativo que não o vi chegando.
- Fala tú. - Se aproxima fazendo um toque comigo.
- E aí, Jão. Demorou pra caralho heim? Tá doido.
Gafanhoto está me ajudando nessas coisas, não envolvi mais ninguém nessa parada. Gafanhoto é filho da puta, mas é um filho da puta que eu confio.
Além de Gafanhoto, aqui no Brasil, tem Pato que também tem a minha confiança, mas deixei ele de fora dessa, até porque Pato tem os problemas dele, já Gafanhoto é um desocupado.
- Tu viu como que tá o trânsito?
- Peguei o mesmo que tu e cheguei a mó cota. - Aponto pegando a caderneta.
É claro que eu sei que o trânsito estava foda, até porque fiquei mó cota no sinal. Mas é claro também que eu não perderia a chance de implicar com ele.
- Só se eu viesse voando.
- Iih caraí, era só esperar o vento bater em tu que ele te trazia.
Gafanhoto me manda dedo do meio rindo. Tira um bolado do bolso tacando fogo.
- Tu já é lerdo e quer queimar um.
- Qual foi caralho, um pra dar um ânimo.
- Só se for ânimo memo, vai ficar mais lento que já é. Se ficar lerdão vou meter dois tapão pra acordar e deixar de se besta.
- Pega no meu, eu heim. Mas fala aí, o que nois tem pra hoje?
- Fiquei sabendo que vai ter um bagulho de casal, uma parada assim, tô olhando direito. Maioria do quartel vai tá lá.
- E quem não tem uma dona?
- Vai com uma mina qualquer, e tu acha memo que os cara vai levar esposa? Maioria vai levar as amante.
- É memo. - Aponta tragando. - Tú acha que Pavanelli vai tá lá?
- Acho não, certeza que vai com a novinha
- Esses cara é pior que nois, imagina a esposa chegando, ai papai.. dava tudo pra assistir o barraco. - Riu aproximando do quadro.
Imagino como seria o quebra pau, Pavanelli tem dois filhos pequenos, acabou com a família de bobeira. Acabou com a família por causa de buceta mais nova.
Posso ser o que for, mas não concordo com essas paradas, muita falta de caráter traição, desde amizade até relacionamento.
Relacionamento é pior ainda, ainda mais quando isso envolve outras pessoas, pessoas que não tem nada a ver com as suas ações. É foda.
- Quero que tu arrume um convite pra mim.
- Essa festa aí é que dia memo?
- Sexta que vem, tu consegue?
- Desse jeito cê me ofende caralho, é claro que consigo, tá duvidando do meu talento? Isso aí é de menos. - Assopra a fumaça apagando a ponta no cinzeiro.
Gafanhoto manja dessas paradas, para ele conseguir entrar no site privado e descolar o convite pra mim é de menos.
- E tú vai entrar na toca dos lobo?
- Rato. - Corrijo. - Entrar em toca de rato pra lobo é mole.
- Tú é doido pra caralho.
- Pira não, Gafanhoto.. aaah pega o pai. - Solto um gritinho esfregando uma mão na outra.
Gafanhoto nega rindo, ele senta na cadeira ligando o computador.
Transformei o galpão vazio em uma base da hora, com tudo que é preciso para mim resolver as minhas paradas. Galpão afastado para não correr risco, segurança reforçada, câmeras, radares na estrada.
- Se o bagulho é de casal, tú vai sozinho?
Encaro Gafanhoto e cruzo os braços, mais lerdo só dois dele.
- Vou.. é claro que não Jão, parece lerdo. Se o bagulho é pra casal e acompanhante.
- Iih véi, só perguntei. O convite é já pros dois?
- Até que enfim colocou a cabeça pra pensar. - Dou um tapa na sua nuca, ele me olha feio passando a mão onde eu bati.
O convite é feito por casal, vai estar só com o nome de um, mas o convite é para ambos. Além do convite o seu nome tem que estar na lista, isso Gafanhoto também consegue resolver.
- Ruan Alencar. - Gafanhoto fala elegante. - Nome de playba da porra.
- Empresário pô. - Riu encarando a tela do computador. - Essa é a intenção.
É claro que eu não vou colocar o meu nome mesmo, não sou trouxa. Identidade tudo falsa, mas se procurarem por mim no banco de dados vai estar a minha ficha completa. Ruan Fagundes Alencar, 28 anos, militar por quatro anos.
- Vai levar quem contigo? Tauane?
- Sem condições levar ela, parada é sigilosa pra levar qualquer pessoa, ainda mais Tauane.
- Preciso fazer a ficha da mina, no caso que resolvam puxar a dela.
- Coloca aí Samira Andrade da Silva. - Falo o primeiro nome que vem em mente. - Vinte e quatro anos.
- Demorô.
Deixo Gafanhoto fazendo o resto do trabalho e afasto para não atrapalhar. Sento na cadeira com a caneta em mãos.
A grande parte das pessoas que vão nessa festa são policiais em geral, mas é claro que não e qualquer um, são os "melhores". Vem gambé até da puta que pariu, esse negócio de "evento de acompanhante" é só fachada.
- Mas fala aí pra nois, quem vai nessa contigo? - Solto uma risada fraca rodando a caneta entre os dedos. - Não vai me dizer que...
- Isso memo, Jão.
- Tu é doido pra caralho. - Ri com atenção na tela do computador.
Dou de ombros rindo, talvez eu realmente seja.
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Doce Tentação
Ficção AdolescenteMelissa Santos, uma grande mulher com opiniões fortes e dona de si. Melissa se mudou para o Rio de Janeiro, em busca de conquistar e correr atrás dos seus sonhos. Mal sabia ela que o seu destino no Rio, não fosse apenas correr atrás de seus sonhos. ...