Capítulo 32

2.2K 147 31
                                    

Point of view Douglas Gonçalves.
Sábado.

Não sei qual foi o infeliz que ligou o som logo cedo. Acabei deixando a porta da sacada escorada depois que queimei um, inacreditável que por causa de uma greta o som de algum imprestável me acordou.

Tiro os braços de Melissa da minha cintura com cuidado, essa daí não acorda nem com a casa desmoronando, nunca vi alguém com o sono tão pesado assim. Ela vira para o outro lado afundando o rosto no travesseiro.

Cato a minha bermuda no chão, visto indo para o banheiro. Dou aquela esvaziada na bexiga e jogo uma água gelada no rosto para acordar de vez.

- O porra viu! - Xingo ao encontrar o pote de escova de dente apenas com o creme dental, já que a minha escova está no apartamento da Branquela.

Coloco um pouco de pasta na boca e mastigo, cuspo enxaguando logo em seguida.

Volto para o quarto, pego a minha arma que está no negócio da televisão, coloco na cintura em seguida pegando o meu celular e o radinho. Faço tudo isso apenas com a iluminação que está vindo da greta da porta, empurro a porta abafando o som que está vindo de fora e puxo a cortina acabando com o único fecho de luz.

Saio do quarto conferindo se o meu rádio está carregado, estou dias sem usa-lo. Depois que tenho a confirmação que está, coloco o mesmo na cintura.

Aproveito que Melissa está dormindo e vai acordar só daqui algumas horas para passar no barraco principal e na biqueira. Saio de casa recebendo logo um solzão no rosto, sem condições usar camisa nesse tempo.

- Ô Jorginho, tem uma mina dormindo aí, se liga e não deixa nenhum vagabundo querer agir na vacilação não. Se ela acordar tu me fala.

- Demorô, tô ligado, qualquer fita te aciono.

Jorginho é o segurança que trabalha mais tempo comigo, sabe como é o batido. Tenho noção e é claro que não deixaria Melissa dormindo lá com qualquer vagabundo pronto para agir na vacilação.

Tiro o cordão da moto do pescoço indo para garagem, a intenção era ir andando mas desanimei na hora que vi o sol rachando. Daqui até a esquina já torrei as costas toda.

Giro a chave da moto ouvindo o ronco do motor segundos depois, mó saudade que eu tava, sem condições.

O caminho até a casinha principal é rápido, em menos de cinco minutos estou saindo da moto. Jogo o cordão com a chave no pescoço, vendo de longe os imprestáveis conversando, a entrada parece canto de esquina onde junta as velhas fofoqueiras para falar da vida dos outros.

- Qual foi seus pau no cú, virou roda de fofoca agora?

Soares vira com o fuzil apontado, mas abaixa assim que me ver.

- Assusta não, Soares. Quem tá aí em cima? - Aponto pra lage.

- Cê chega assim do nada caralho, achei que era outra parada, tá repreendido. Tá uns cara aí e Jerônimo acabou de chegar.

- Ala, tá todo atento só porque o pastor jogou praga nele. - Gaspar tira sarro.

Solto uma risada negando com a cabeça, até imagino o porque, quem nunca recebeu uma praga desse pastor por cobiçar a filha dele, está morando errado na maré.

Cumprimento os caras e entro na casinha, subo os degraus de dois em dois até a lage, encontrando Gafanhoto sentado em um caixote enquanto Jerônimo e Felipinho estão discutindo alguma coisa. Estão distraídos que nem notam a minha presença.

Doce TentaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora