Capítulo 29

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Point of view Melissa Santos.
Sexta-feira.

O pai só gratidão, a semana passou arrastando mas graças a Deus a tão esperada sexta-feira chegou. Mó paz.

Mó paz o caralho. O ônibus está lotado, minhas pernas estão doloridas de ficar tanto tempo em pé, estou horas sem comer nada, minha tremedeira já atacou.

Seguro no negócinho do ônibus ajeitando os fones de ouvido. Só uma música para passar o tempo e me acalmar.

"Gosto que me xinga, isso me acanha, gosto que dá tapa, me chamando de piranha. Lembrando: Sou piranha, sim, mas só em cima da sua cama".

Sei lá, as músicas que escuto para me acalmar, é diferente.

Balanço a cabeça de levinho acompanhando o beat da música, fico de olho na janela vendo diversos carros e algumas pessoas na calçada.

Falando em janela, meu sonho é puxar essa alavanca de emergência do ônibus. As vezes quando estou andando de transporte público uma voz fica na minha cabeça "puxa a alavanca, por que você não puxa? É só puxar".

Deus é mais, as vezes vem uns pensamentos esquisitos na minha mente. As vezes quando estou andando no carro vem na minha cabeça "joga o seu celular pela janela", ou quando estou com uma faca, "e se eu me fincar com ela?". Até eu mesma tenho medo de mim.

Sexta-feira, apenas beijinhos no meu pescoço mudariam o meu humor, mas se o meu humor for depender disso para melhorar ele vai viver ruim.

Enfim, Melissa e suas tristezas.

Desço do ônibus arrumando a alça da minha bolsa no ombro, hoje vim direto para casa, não vou ir para a faculdade, já que às sete vai ser o evento que vou ir com Relíquia.

Passo pela portaria cumprimentando o porteiro, chamo o elevador imaginando o que vou fazer quando chegar no meu apartamento. Primeiro eu vou fazer alguma coisa para comer, e depois vou lavar o meu cabelo, estou pensando em fazer algumas ondas no meu cabelo com babyliss.

Empurro a porta e a primeira visão que eu tenho é Relíquia na sacada fumando, não tenho dúvidas que essa é a parte preferida dele no meu apartamento, ele está com o celular no ouvido.

Coloco a bolsa sobre o sofá e vou para o banheiro, prendo o meu cabelo no topo da cabeça e lavo as minhas mãos. Saio do banheiro indo para a cozinha, quando fico muito tempo sem comer começo a tremer.

Monto um prato para mim com a comida que já está pronta, coloco no microondas para esquentar, enquanto isso pego o suco de uva na geladeira, viro no meu copo ouvindo o barulho da porta da sacada.

Só porque estou com fome o microondas demora para apitar, coloco um pouquinho de batata palha na mão para comer. Quando o microondas apita tiro o meu prato vendo a fumacinha saindo, sento no balcão e pego a batata palha virando um pouco na minha comida. Batata palha na comida é tudo, como diria o mestre Jacquin, a batata dá uma cocância.

- Tava batendo lage?

- Por quê? - Franzo a testa soprando a comida.

- Mó pratão de pedreiro. - Riu levando a colher de comida até a boca.

- Pratinho de princesa.

- Só se for de princesa memo.

- Estou com nada no estômago desde ontem.

Doce TentaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora