Capítulo 42

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(...)

Limpo as minhas mãos suadas no tecido da calça, respiro fundo me sentindo mais calma.

- Mas ele também não quis, então acabou que eu fui sozinho. - Luiz está me contando de uma vez que ele participou de uma corrida.

Depois do ocorrido e eu ter conseguido me acalmar ele me convidou para caminhar, andamos sem rumo algum e agora estamos sentados em um ponto de ônibus.

- Mas você conseguiu? Como foi quando você chegou lá?

- Se eu consegui? - ri. - Quando eu cheguei lá eu me arrependi de não ter ouvido o meu irmão, quando ele falou que o trajeto seria grande eu achava que era desculpa. Arrependimento mesmo foi quando eu comecei a correr.

- Mentira que você correu. - riu.

- Já tinha dado o meu nome, na época uma ficante minha foi assistir. Eu tinha duas opções, fingir que estava acostumado ou passar vergonha.

- Então você ficou com a primeira opção.

- Mas era melhor eu ter escolhido a segunda. Naquela época eu estava começando nesse mundo de exercícios físicos, não tinha um pingo se quer de resistência.

- Meu Deus. - coloco a mão na boca rindo imaginando a cena.

- Com dez minutos eu estava correndo, correndo mas não saia no lugar. O pior mesmo, foi quando eu cheguei em penúltimo lugar.

- Olha, pensa pelo lado bom, pelo menos você conseguiu atravessar a linha.

- Não sei se era a vergonha de não conseguir atravessar ela ou se aquilo acabou se tornando um desafio, uma meta pra mim, sabe? Parecia que só tinha eu ali e aquela linha.

- Você não ganhou a corrida mas ganhou a sua luta interna. - sorrio fraco.

- Exatamente, daí em diante eu sempre coloquei isso na minha cabeça. Não importa o que seja, não importa as suas recaídas o importante é você conseguir vencer o que está aí. - aponta. - Dentro de você..

Balanço a cabeça sorrindo fraco, eu tive uma recaída mas eu consegui vencer. Eu consegui.

- Você está melhor? - Pergunta um tempo depois. - Se você quiser conversar sobre, desabafar o motivo da sua crise.

- Não tem muito o que falar, sabe? As vezes elas vem do nada. - digo brincando com os meus dedos. - Acho que foi a pressão da faculdade e outros intermediários que serviram como gatilho para isso tudo, acabaram se juntando.

- Pequenas coisas que vão se juntando e no final acabam em uma grande explosão.

Fico sentada no ponto de ônibus conversando com Luiz, livrando a minha mente de qualquer pensamento, focando no ali e no agora. Luiz me distrai contando as suas histórias e me tirando grandes risadas, risadas que eu não imaginava que teria, ainda mais depois do que aconteceu horas atrás.

Ficamos ali até começar anoitecer, o que não foi problema já que o clima está quente, o típico clima do Rio de Janeiro que eu amo.

Na volta quando passamos na portaria quem está trabalhando é Márcio, deixo para agradecer Dário outro dia pela ajuda e pelo copo de água.

Luiz espera eu entrar para que ele possa ir, sorrio me despedindo dele. Confiro vendo se o meu wi-fi está desligado, jogo o celular no sofá deixando ele de lado. Sento e tiro os meus tênis junto das meias, piso no chão sentindo o alívio e a sensação gostosa que o piso frio me causa.

Fecho as apostilas e pego o restante das coisas, vou para o meu quarto com o meu material e os meus tênis em mãos. Coloco o meu tênis em baixo da cama no cantinho e coloco o meu material sobre a cama.

Doce TentaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora