Capítulo 67

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Point of view Douglas Gonçalves.

2 semanas depois.

"Naquele dia aproximadamente mil e quinhentos tiros foram disparados, os caras estavam armados de pistolas e nós de armas automáticas. A metralhadora AK47 é uma arma que foi projetada para a guerra, inventaram balas de alta velocidade para penetrar armaduras e matar o alvo. Use-as em uma guerra e vai fazer uma coisa que nunca, ninguém a sua volta fez."

"O perigo está à nossa volta, nas ruas, no seu carro, talvez até no seu vizinho. Mas o pior de todos, ele pode estar em quem você ama."

Foi o que pensei antes de sentir os meus olhos pesados e me entregar à escuridão.

96 horas antes do resgate.

Descarrego a última caixa. Checo a pilha com onze caixas empilhadas, ao seu lado vinte caixotes de madeira. Com ajuda do estilete abro a primeira caixa encontrando a peça brilhante, tiro de dentro a AK criada dias atrás, apesar do transporte ela está impecável sem nenhum arranhão, assim como exigi, não estou pagando caro por serviço mal feito.

Em dourado vejo o meu nome cravado na arma, essa foi especialmente criada a partir das minhas instruções, com todos detalhes citados por mim.

Carrego a arma automática e miro em uma garrafa de bebida vazia, me certificando que ela está boa. Tenho a confirmação assim que a bala atravessa o meio do alvo.

- Que susto, porra! - Martin reclama aliviado. - Não foi dormir caralho?! O que você está fazendo sozinho essas horas?

- Perdi o sono. - Comento o que está acontecendo comigo todas as noites. - E você? Qual é o motivo de você estar aqui?

- O mesmo que o seu, o tempo está passando e a ansiedade vai aumentando. Estava prestes a fumar um quando ouvi o disparo. - diz acendendo um cigarro, ele solta a fumaça e para do meu lado estendendo o maço de cigarro. Pego um e me aproximo encostando na chama do seu isqueiro. Suspiro sentindo a nicotina entrar em contato com o meu corpo.

- Achei que todos estavam dormindo, a festa rendeu. - Comento vendo as diversas garrafas de bebidas espalhadas pelo quintal.

- Creio que estejam, ou quase todos.. Pérola e Borges estavam trepando agora pouco. Ouvir Pérola gemendo é excitante, pensei em bater uma, mas broxei quando ouvi a voz de Borges.

- Alguém nessa casa tem que se divertir. - sento em uma das cadeiras de descanso que está no jardim, Martin senta ao meu lado rindo fraco.

- Todos estão esgotados, se não conhecesse cada um poderia dizer que estão com o psicológico fodido, até mesmo você. Me diz, como está sendo esses dias pra você?

- Torturantes. - murmuro de olhos fechados dando mais um trago.

- Não ligou para a sua garota? - nego. - Estamos isolados do mundo real, mas se arriscar às vezes é necessário, talvez isso seja tudo que você precisa no momento. Nós. - aponta pra casa. - Estamos contando contigo, mas para isso precisamos de você e no momento você precisa dela.

- Eu não vou vacilar com vocês.

- Eu sei disso, mas acima de tudo, não vacile consigo mesmo. - levanta me entregando um celular. - Ele está desbloqueado, está localizado em outro servidor, estava guardando para quando precisasse, mas no fim das contas não sou eu que preciso. Não sabemos o que vai acontecer, não perca essa chance. Manda um abraço para Melissa.

Talvez ele esteja certo. Encaro o céu tomando coragem para fazer o que estou evitando nessas duas últimas semanas. Não quero ter que me despedir, ouvir a sua voz e no final da ligação precisar dizer tchau.

Doce TentaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora