Capítulo 1

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Marcos 🔥

Cruzei meus braços e me encostei no carro. Virei a cabeça para o lado, observando o movimento fraco da rua.

Um barulho de portão enferrujado se abrindo chamou minha atenção e olhei pra frente.

Minha tia Fernanda não esperou nada e correu na direção do Guilherme que a abraçou forte.

Nanda: Meu filho. - falou em meio as lágrimas.

Guilherme: Me desculpa, mãe. - beijou a testa dela. - Me perdoe por te fazer sofrer.

Nanda: Tudo bem, meu amor. Já passou, agora você tá livre e tudo foi resolvido.

Coçei a nuca e ele sorriu forçado.

O pesadelo só tinha começado.

A alguns meses atrás, Guilherme se envolveu em uma briga por causa da Juliana. Eu não julgo, tinha feito o mesmo, até porque o cara tinha assediado ela. O cara ficou puto e acabou atirando no Guilherme. Juliana atirou no cara que acabou morrendo.

Até aí tudo bem, só depois de algumas semanas que descobrimos que o cara era irmão do chefe da ADA, outra facção aqui do Rio. Os mano disseram que vinham com força total pra cima de nós por vingança.

Tito falou que o bagulho tinha que ser resolvido cara a cara. Sabiamos que o chefe da ADA estava preso, o que dificultou a parada. Mas o Guilherme disse que ia resolver e com a ajuda dos nossos informantes na polícia, entrou na prisão.

Ficou três meses lá, falou com o cara, que falou não admitir estuprador na família e o bagulho foi resolvido. Hoje ele tá, finalmente, saindo da gaiola.

Mas eu sei que esse bagulho não para por aí. Mais tarde a bomba estoura e temos que estar preparados para o pior.

Guilherme: E aí. - fizemos um toque. - Senti saudades.

Marcos: Eu também. - admiti e ele me olhou surpreso.

Guilherme: O que? Você tá admitindo que sentiu saudades? Eu tô chocado. - revirei os olhos. - Que bicho te mordeu? Não me diga que finalmente pegou a filha do Tito?

Marcos: Cala a boca, Guilherme. Ou retiro o que disse.

Guilherme: Não falei nada. - levantou as mãos em rendição. - Cadê o coroa? - olhou pra tia Nanda.

Nanda: Na casa da sua tia, que preparou um almoço delicioso pra você. - sorriu.

Guilherme: Nossa, minha barriga até roncou agora. A comida desse lugar tem gosto de esgoto.

Nanda: Então vamos logo para casa!

Guilherme: Bora! - sorriu.

Entrei no carro e esperei eles entrarem também. Liguei o carro, saindo em direção ao morro. Não demorou muito e logo chegamos.

Estacionei o carro em frente a casa dos meus coroas, e desci. Entramos na goma, e o Guilherme foi recebido com vários abraços.

Procurei meu filho com o olhar e achei ele sentado no sofá, com a Mirele do lado. Fui até eles, me sentando no sofá também.

Bernardo: Papai. - se jogou nos meus braços.

Adotei o Bernardo quando ele tinha dois anos e foi a melhor coisa que já fiz na vida, papo reto. Meu filho se tornou, pra mim, a coisa mais importante. A família se tornou prioridade.

Nunca me vi como pai, pelo menos não tão cedo e ainda mais solteiro, mas não me arrependo. Minha mãe, minha avó e até meu pai me ajudaram no começo com o Bernardo. Isso foi tão foda, na moral.

Crias da FavelaOnde histórias criam vida. Descubra agora