Capítulo 58

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Leonardo 💦

Abri meus olhos e vi tudo embaçado. Me sentei na cama e logo minha vista foi melhorando. Coloquei a mão na cabeça e fiz uma careta.

Parecia muito que havia caído e batido com força a cabeça. Dor do caralho. Me levantei rápido da cama e minha vista escureceu, sentei de novo e depois levantei com calma e fui para o banheiro.

Tirei minha roupa e entrei em baixo do chuveiro. Enquanto a água caia, tudo passou como um filme na minha mente.

Eu não lembro muita coisa daquela noite. Tava drogado pra caralho e nem sei o que aconteceu comigo pra ter usado tanta coisa assim.

Mas eu nunca, na minha vida, trairia a mulher da minha vida estando em plena consciência.

Não estava no meu estado normal naquele dia, sei disso, porque no outro dia havia saquinhos e uns restos de cocaína na mesa do meu quarto.

Desse dia em diante, que a Juliana não me atente, não quis me ver e me bloqueou de tudo, não parei de beber, nem de usar nada.

Maconha, coca, bala, a cachaça também, tem sido meu "refúgio". Consigo descontar a raiva de mim mesmo. Sei que nada disso tá me fazendo bem, mas foda-se. Minha vida acabou quando a Juliana saiu do morro e nunca mais quis saber de mim.

Sai do banho e parei na porta do banheiro olhando o meu quarto. Tava tudo uma bagunça, roupas espalhadas pelo chão, restos de comida em cima da mesa, junto com restos de cigarros, litros de álcool secos e várias outras coisas.

Depois do esporro do meu pai e da quase surra que minha mãe me deu, não sai mais do quarto. Não me alimento desde ontem e nem sinto fome. Sentei na cama e comecei a chorar.

Era a primeira vez que chorava sóbrio. Chorei de tristeza, de raiva, de culpa.

Todos ao meu redor estão me julgando. Meu padrinho Raick, tá puto comigo, assim como todos os meus primos e amigos, minha irmã, minha mãe. Mas nenhum acreditam em mim.

O único que chegou pra mim e falou que estava comigo foi o Rael. Contei a ele o que lembrava do dia e ele foi atrás da mina. A filha da puta sumiu do mapa. Fiquei com mais ódio ainda. Aproveitou que eu estava drogado e se aproveitou, só não tive sorte, porque a Juliana apareceu bem na hora.

Sinceramente, eu achei até bom ela ter visto, porque eu nunca falaria isso pra ela sabendo que com certeza ela terminaria comigo e causaria esse enrolo todo. E viver com isso, não seria nada bom.

Enxuguei minhas lágrimas e vesti uma roupa. Sai do quarto e fui atrás de uns produtos de limpeza e sacos de lixo. Voltei para o quarto e arrumei ele todo. Passei a tarde toda ali. Joguei tudo no lixo e lavei algumas roupas também.

Esse não era eu. Se meu pai visse tudo isso e se a Juliana visse também, os dois me matariam sem pensar duas vezes.

••••••••

Já era tarde da noite quando meus pais apareceram em casa com a Pérola. Os três haviam saído pra comer, e até me chamaram, mas não quis ir.

Lara: Trouxemos comida pra você. - me entregou uma sacola com uma quentinha.

Leonardo: Obrigado. - sorriu.

Eu não estava com muita fome, a droga te deixa assim, mas me forcei a comer. Enquanto comia, assistia um filme. Pérola sentou do meu lado e dividi com ela a comida.

Algum tempo depois ouvi umas batidas na porta, meu pai abriu e quando olhei, vi uma expressão furiosa do Ptk.

Me levantei rápido, até que demorou ele aparecer por aqui.

Crias da FavelaOnde histórias criam vida. Descubra agora