Capítulo 69

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Alyssa 🌻

Bernardo: Mamãe, mamãe, mamãe. - entrou no quarto e veio correndo na minha direção. - O papai chegou. - falou sorrindo.

Estávamos em uma das casas que o Touro tem espalhadas pelo Rio. Ele disse que aqui estaríamos seguras e que ninguém tinha conhecimento desse lugar.

Demorou um pouco para o Marcos me convencer disso. Deixar minha mãe, meu pai e meu irmão e todos da minha família desprotegidos, sendo que eu poderia fazer com que eles ficassem seguros também.

O Marcos falou uma coisa que ficou na minha cabeça durante todos esses dias, eu agora sou a  família dele. Faço parte agora e para onde eles forem, eu tenho que ir.

Conversei com minha mãe antes de vir e ela disse que ele estava certa e que era melhor eu vir até mesmo por conta do Bernardo que já está muito apegado a minha pessoa.

Mas eu não queria isso, eu queria ficar ao lado das pessoas que me criaram e ao lado dos meus primos e do meu irmão, crescemos juntos e me separar deles é como se arrancasse um pedacinho do meu coração.

Estar aqui não estava sendo ruim. A família do Marcos é maravilhosa, a Jhe me acolheu como filha e a Mirele como uma irmã, mas sinto falta do abraço da minha mãe, das conversas com a Lívia, das brigas bobas com meu irmão, do carinho do meu pai. De todos eles sinto muita falta.

Suspirei fundo ao ver o Marcos entrar no quarto e o Bernardo pular nos braços dele. Estava sentada no sofá que tinha perto da janela do quarto.

Bernardo: Que saudades, papai! - abraçou forte o Marcos.

Marcos: Também estava, filho. Muita saudade. - beijou o rosto dele.

Bernardo: Quando vamos poder voltar pra casa? - perguntou.

Tá aí uma pergunta que queria uma resposta sincera. Quando poderíamos voltar? Eu estava com saudades de todos e não ter notícias deles me deixava maluca.

Eu estava sentindo uma coisa ruim no meu peito a alguns dias. Um aperto muito forte e por conta disso não conseguia dormir direito. Estava cansada, sentia meus olhos pesarem, mas não conseguia dormir.

Encarei o Marcos esperando ansiosamente pela resposta e ele, obviamente, percebeu meu olhar.

Marcos: Daqui a pouco, filho. - engoli o seco e voltei a jogar para a janela. - Ainda temos que resolver algumas coisas. - colocou o Bernardo no chão. - Vai lá fora brincar, quero falar com a Aly sozinho.

Bernardo entendeu, deu mais um abraço no Marcos e saiu fechando a porta do quarto.

Não olhei para o Marcos, apenas percebi se aproximando de mim até sentar no sofá também.

Marcos: É bom te ver também, Alyssa. - falou em tom de ironia. Não respondi, nem o olhei. - Não vai falar nada? Nem olhar pra mim?

Alyssa: Você quer que eu diga o que? - falei com a voz trêmula. O choro tava entalado na minha garganta. - Eu não queria estar aqui.

Marcos: Já te falei e você entendeu. - se aproximou mais e colocou a mão na minha perna. - Olha para mim, amor. Eu estou com saudades de você. - chegou mais perto e colocou o nariz na minha bochecha.

Alyssa: Eu não quero, Marcos. - falei.

E não consegui mais me conter. As lágrimas desceram de uma só vez e abracei forte ele.

Alyssa: Pensei que tinha acontecido alguma coisa com você. - falei em meio ao choro.

Marcos: Eu tô bem. Não chora. - alisou meus cabelos. - Mas tem uma coisa que preciso te contar.

Crias da FavelaOnde histórias criam vida. Descubra agora