Capítulo 63

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Juliana ✨

Abri meus olhos e minha vista estava muito embaçada. Fui me acostumando com a claridade, até lembrar do que tinha acontecido.

Tentei me sentar na cama do hospital, mas senti uma forte dor na ponta da barriga e desisti, ficando deitada mesmo.

Minha cabeça doía muito e parecia que um caminhão tinha passado por cima do meu corpo. Estava toda dolorida.

Essa gravidez além de ter sido uma grande surpresa na minha vida, eu estava tendo muitas complicações. Cada esforcinho a mais que eu fazia, algo grave acontecia.

Mas nem havia feito nada ontem. Uma das únicas coisas que lembro foi de sentir uma tontura forte e de acordar aqui.

Comecei a escutar uma gritaria do lado de fora do quarto onde estava e logo depois o Marcos entrou no quarto.

Juliana: O que tá acontecendo? - perguntei. Ele respirou fundo e se aproximou.

Marcos: Ju, eu sei que é um momento delicado e que você não pode passar por estresse....

Juliana: Os bebês estão bem? - olhei pra ele preocupada.

Apesar de nunca ter me imaginado ser mãe, estava me acostumando com a ideia. Era algo totalmente novo na minha vida e eu sei que depois que essas crianças vierem ao mundo, serão totalmente dependente de mim para o resto da vida, mas estou disposta a fazer qualquer coisa pelos bebês, que nem conheço, mas já amo tanto.

Marcos demorou para responder e já comecei a ficar nervosa.

Juliana: Fala, Marcos.

Marcos: Está... está sim. - suspirei aliviada. - O médico falou que nunca viu bebês mais forte que seus filhos. - sorri pequeno.

Juliana: Mas porque tá com essa cara então?

Marcos: Seu pai acha que foi um acidente provocado. - encarei ele sem entender. - Ele acha que alguém te dopou e te empurrou da escada.

Juliana: Que? Como assim? Eu cai da escada?

Marcos: Você não lembra? - neguei com a cabeça. - Teu pai te encontrou no pé da escada e havia uma poça de sangue na suas pernas.

Juliana: Não tinha ninguém em casa comigo, só alguns vapores, mas ninguém entrou lá.

Marcos: Aí é que tá. - puxou uma cadeira e se sentou perto da cama. - Fizeram vários exames em você e em um deles acusou que você tinha ingerido um remédio forte para dormir. - neguei com a cabeça.

Juliana: Não, nunca. Nunca tomei remédio para dormir e nem agora.

Marcos: Por isso que teu pai tá maluco. Ele sabe disso. - ele coçou a cabeça. - Ptk tem certeza que alguém colocou esse remédio em algum lugar, te deu e esperou a hora de você ficar fraca, levantar da cama e te empurrar da escada.

Juliana: Eu não senti nada, nem vi, nem comi.... - parei de falar.

Antes de sentir a forte tontura, havia pedido um lanche para comer. Minha mãe disse que tá cedo para sentir desejo, mas estava com tanta vontade de comer um hambúrguer que não resisti e pedi.

Se essa paranóia do meu pai for verdade, quem será que fez isso?

Marcos: O que?

Juliana: A única coisa que comi, fora o café da manhã, foi um hambúrguer.

Marcos: Onde você pediu?

Juliana: Na nova hamburgueria que abriu, aquela que fica em frente ao morro. - ele me olhou sem entender.

Marcos: Não existe uma hamburgueria lá.

Juliana: Existe sim, eu vi. Na internet, eu vi um post falando sobre a inauguração.

Marcos: Você tem certeza, Juliana? Porque eu entro e saio do morro todos os dias e nunca vi nada.

Juliana: Lógico que eu tenho certeza, Marcos! - ele respirou fundo e assentiu. Se levantou da cadeira e me deu um beijo na testa. - Se... se essa história do meu pai for verdade...

Marcos: Não precisa de preocupar, vamos cuidar de tudo. Se preocupe agora na sua recuperação, seu bebê precisa mais de você do que nunca.

Juliana: Está bem. - sorri. - Marcos, porque vocês estavam gritando lá fora? - ele virou as costas e ficou de frente para a porta, mas antes de abrir se virou para mim.

Marcos: Você é uma irmã pra mim, Juliana. Crescemos juntos e trabalhamos juntos e só quero seu bem e de todos. - sorri. - O Leonardo apareceu querendo te ver. E sem querer defender o cara nem nada, mas você deveria escutar o que ele tem a falar. Fica bem e se precisar, grita. - abriu a porta e saiu.

Eu tentei de todas as formas não pensar no Leonardo durante essas semanas que se passaram. Ainda é uma ferida que dói e vai demorar muito para cicatrizar.

Mas não tem como não lembrar dele se estou carregando um filho dele. Dentro de mim tem uma parte dele e não tem como esquecer disso, nem se perdesse a memória.

Eu amei, ainda amo, o Leonardo como nunca amei nenhum outro. Me envolvi com ele e acreditei em todas as palavras que foram ditas. Todas as declarações, eu fui tão burra.

No final, acabei quebrando a cara e foi de um modo que nunca imaginei na vida. Com uma traição.

Meu mundo desabou depois disso e minha vida virou do avesso. Ainda bem que tenho uma família inteira que me apoia e cuida de mim, se não, já teria ficado maluca.

Alguém bateu na porta do quarto e minha mãe entrou com um sorriso no rosto, mas com os olhos cheios de lágrimas.

Gio: Meu amor. - se aproximou, beijando a minha testa. - Você ainda vai me matar com esses sustos. - abracei ela.

Juliana: Desculpa, mãe. - beijei a bochecha dela.

Minha mãe acariciou minha barriga. Enconstei minha cabeça no travesseiro.

Estava com uma pulga atrás da orelha sobre a história que o Marcos me contou. Será mesmo que alguém me dopou e me derrubou da escada? Eu não lembro de nada, nem do baque.

Tentei relaxar, porque não poderia passar por grandes estresses, a obstetra que está acompanhando minha gravidez ressaltou isso na última consulta, mas com tudo que vem acontecendo não tem como ficar em paz.

Cada dia as coisas pioram e não sei quando vão parar ou se vão parar. Confio no Marcos e sei que ele junto com todos vão fazer o possível para nos proteger, mas o medo é grande. Porque ninguém sabe quem é que estar por trás disso, muito menos o quão perigosos são.

Minha mãe começou a acariciar meus cabelos e meus olhos pesaram. Enfim, me rendi ao sono.

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Capítulo curto, somente para dar continuidade ao próximo.
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