Capítulo 33

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Mirele 🌸

Me sentei na cadeira cansada de tudo, tanto fisicamente como psicológicamente.

Estava sendo difícil ver e saber de tudo que está acontecendo ao seu redor e não poder fazer nada.

Me sentia como se o mundo estivesse desabando nas minhas costas e não iria suportar todo esse peso por muito tempo.

Vinícius estava posseso por vingança. Passava o dia inteiro na boca planejando a tortura do cara ou do mandante que matou o Baiano.

Até entendo essa revolta e culpa que ele está sentindo. Mas isso já está passando dos limites! A dias que ele só vem para casa depois da meia noite e sai de casa às cinco da manhã.

Estava realmente cansada. Meu bebê não parava de se mexer com saudade das conversas que o Vinícius tinha com ele.

Ouvi a porta da minha casa ser aberta, em seguida, escutei passos.

Respirei fundo e passei a mão na minha barriga, sentindo um desconforto enorme abaixo do meu umbigo.

De longe, senti o perfume do Vinícius. Minutos depois senti sua mão no meu cabelo.

Vinícius: Tá tudo bem, amor?

Não respondi, apenas chorei.

Chorei por tudo que estava acontecendo, chorei por não ter meu marido por perto na reta final da gravidez, chorei pelas dores que estava sentindo, chorei por mim.

Vinícius me abraçou forte, tentando me acalmar, mas falhando em seguida.

Tempo depois, estava mais calma, mas ainda chorava pela dor que estava insuportável.

Vinícius: Me desculpa, amor, me desculpa. - me olhou arrependido. - Dói, né? Ver sua tia deprimida a todo instante, ver sua prima tentar ser forte, mesmo sabendo que a noite ela chora como um bebê... dói saber que meu primo não vai ter o pai por perto. - falou com a voz trêmula. - Estou com medo disso acontecer comigo. - comfessou, engolindo o seco. - De eu não conseguir participar do parto do Theo, de eu não ver ele crescer... - o interrompi.

Mirele: Para, Vinícius, para.

Coloquei minhas mão no meu ouvido, não querendo ouvir aquelas palavras, que pareciam mais uma despedida.

Vinícius: Mi, amor da minha vida, eu te amo muito, sabe disso. - colocou as mãos no meu rosto, fazendo com que eu o encarasse. - Se... se acontecer alguma coisa comigo... - fungou. - Seja forte. Pelo Theo, por você...

Fechei os olhos e automaticamente, lágrimas escaparam dos meus olhos. Não era por causa das palavras, era por causa da dor que estava aumentando.

Segurei firme no braço do Vinícius, e sem querer acabei o arranhando.

Vinícius: Aí amor, também não precisa disso. - suspirou. - Prometo que vou fazer o impossível para proteger vocês e...

Mirele: Deixa pra fazer essa porra de discurso outra hora, caralho. - o encarei. - Não vê que eu estou quase parindo? - ele arregalou os olhos.

Vinícius: O que? Mas não era só o mês que vem? - passou a mão no cabelo. - Puta que pariu, meu filho vai nascer?

Mirele: Sim, e acho que agora é oficial. - apontei para o líquido que escorria pela minha perna.

Vinícius: Puta que pariu, meu filho vai nascer! - falou sorridente.

Senti uma contração forte, respirei fundo e gritei.

Crias da FavelaOnde histórias criam vida. Descubra agora