Capítulo 75

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5 anos depois...

Alyssa 🌻

Me apressei para terminar de me arrumar quando, pela terceira vez, Marcos falou impaciente que estávamos atrasados e que eu estava demorando muito para ficar pronta.

Revirei os olhos. Não é ele que teve que arrumar duas crianças antes de tomar um banho e vestir a roupa. Bernardo já estava grandinho o bastante para se arrumar sozinho, mas sempre faço questão de separar a roupa dele.

Flora estava só com cinco meses de nascida, então dependia totalmente de mim ainda para qualquer coisa, óbvio.

O Marcos não estava me ajudando muito com ela, já que ele passa maior tempo no trabalho e isso está acabando com a paciência que não tenho.

Antes da minha filha nascer, eu falei para ele que iria precisar mais do wue nunca dá ajuda dele em casa e ele disse que estava ciente disso. Porém, aconteceu o contrário e quem realmente me ajuda com a Flora é o Bernardo.

Flora. Esse nome foi escolhido muito antes de saber que estava grávida de uma menina. A Lívia amava flores e o nome Flora é derivado disso, além de significar "repleta de beleza". E esse nome ficou ainda mais especial quando a Jhenifer falou que era o nome da avó do Marcos.

A nossa vida estava sendo boa. Todos aqui no Vidigal me acolheram de forma extraordinária e eu fico tão feliz com isso. E esse acolhimento foi muito especial, muito bom e era o momento que estava muito frágil, precisava muito disso.

Bernardo: Mãe, meu pai tá muito bravo. - ele entrou no quarto, segurando a irmã.

Alyssa: Porque você está com ela no colo? - perguntei com a sobrancelha levantada.

Bernardo: Ela tava chorando e meu pai não quis pegar ela. - fechei a cara.

Terminei de passar o batom, peguei minha bolsa e meu celular. Peguei a Flora no colo e peguei na mão do Bernardo, saindo do quarto e descendo as escadas. Marcos estava olhando alguma coisa no celular, quando percebeu nossa presença se levantou.

Marcos: Finalmente. - suspirou. - Estamos meia hora atrasados.

Alyssa: Se importa tanto em chegar na hora, porque não foi antes? Eu sei dirigir, levaria as crianças sem o menor problema. - ele me olhou sério.

Marcos: Não faria sentindo eu chegar sem vocês.

Alyssa: Continua agindo da forma que está, que daqui a pouco fará sentindo. - levantou uma sobrancelha. - Vamos.

Bernardo pegou a bolsa da Flora e sorri agradecida. Saímos de casa e entramos no carro.

Não queria discutir agora, muito menos na frente do Bernardo. Ele sempre fica triste quando isso acontece e sempre chora.

A verdade é que eu e o Marcos não estamos mais da forma que éramos antes. Ele estava se importando mais com o trabalho do que com a família e isso me deixa tão triste. Esse é o nosso momento de aproveitar a vida. As crianças crescem rápido, o tempo passa mais depressa e o que vivemos?

Depois da Flora tudo mudou. Eu não sei se ele tá com mais medo de acontecer alguma coisa ou só está fugindo da responsabilidade de pai, mas se continuar assim, eu não quero mais.

Eu amo o Marcos e tenho certeza que ele é o amor da minha vida e para a minha vida. Tudo que vivemos, tudo que passamos fortaleceu ainda mais nosso amor, nossa união. E eu amo ele.

Mas não quero carregar sozinha todo o peso da casa. Cuidar de duas crianças não é fácil, ainda mais uma sendo tão bebê ainda.

Suspirei fundo, quando vi que já havíamos chegado. Hoje era o aniversário de cinco anos das filhas do Léo e da Juliana, as gêmeas Lisa e Jade. As meninas eram as coisas mais linda do mundo! Elas são idênticas, loirinhas e de olhos azuis. Leonardo vai ter tanta dor de cabeça quando forem mais velhas.

Crias da FavelaOnde histórias criam vida. Descubra agora