Capítulo 55

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Alan 🍁

Parei minha moto em frente de casa e desci. Abri a porta de casa, tirei minha camisa e joguei no sofá. Calor da porra.

Fui direto para o meu quarto e tomei um banho gelado. Liguei o ar condicionado do meu quanto quando sai do banheiro e vesti uma cueca e uma bermuda. Me deitei na cama e liguei a tv.

Menor: Desce, eu e sua mãe queremos conversar com você e sua irmã. - abriu a porta do meu quarto e já foi logo falando.

Alan: Conversar o que? O que aconteceu? - levantei a sobrancelha.

Já achei que era problema. Tenho medo dessas conversas dos meus pais comigo e com a Íris. Sempre é bagunça.

Ele negou com a cabeça e fiquei mais tranquilo, já tava de saco cheio de problema. Queria paz, pelo menos por um tempo.

Menor: Se apressa ai, folgado. - saiu.

Me levantei calçei um chinelo e sai do quarto, dando de cara com a minha irmã com uma expressão preocupada.

Alan: Faz ideia do que é?

Íris: Nenhuma. - suspirou. - Mas a coisa é séria. Essas conversas dos dois sempre são e pela cara do papai, não é coisa boa.

Alan: Relaxa, não deve ser nada demais. - abracei ela de lado e descemos juntos as escadas.

Minha mãe estava sentada no sofá com uma cara de choro e meu pai tava em pé, de braços cruzados e encarando uma foto de nós quatro.

Íris: Mãe? O que foi? - se sentou perto dela.

Minha mãe olhou para minha irmã, pra mim, para o meu pai e começou a chorar. Íris abraçou ela e meu pai coçou a cabeça.

Alan: Vocês vão contar o que tá rolando ou vamos ter que esperar um telefonema pra saber quem morreu? - perguntei já puto.

Tava tudo muito estranho para não ter acontecido nada. Os dois estavam agindo estranho. A única coisa que poderia pensar era em coisa ruim.

Menor: Ninguém morreu, moleque. - deixou de encarar nossa foto e passou a me encarar.

Alan: Minha mãe tá se acabando no choro, você tá agindo mais estranho que o normal. O que eu poderia pensar? - meu pai suspirou e se sentou no outro sofá.

Menor: Nós vamos nos separar.

Foram minutos em silêncio desde que meu pai falou isso. Só ouvíamos apenas o fungado da minha mãe.

Não estava acreditando no tinha escutado. Desde menor, nunca ouvi meus pais brigarem sério, papo reto. As brigas que tinham na minha frente e da Íris, era apenas zoeira, ou por coisa boba.

Nunca achei que isso aconteceria. Meu pai é doido pela minha mãe, assim como ela por ele. Os dois sempre prioziram a felicidade.

Alan: Porque?

Menor: Pergunta a sua mãe. Foi ela quem quis isso. - se levantou, pegou a chave da moto e saiu de casa.

Olhei para minha mãe, que já estava mais calma e agora respirava fundo.

Íris: Porque isso agora?

Ana: Tenho meus motivos, filha.

Alan: Mas temos o direito de saber quais são esses motivos. - encarei ela. - Somos seus filhos e de uma forma ou de outra essa separação de vocês nos afeta também.

Ana: Alan... - engoliu o seco. - Eu não me sinto mais feliz aqui. Não nessa casa, aqui vivi os melhores momentos da minha vida, foi aqui que criei vocês dois desde que nasceram. É esse morro. Depois de tudo que aconteceu com a Aly e o Real, eu não me sinto mais bem aqui. E tenho medo de que possa acontecer algo com vocês...

Alan: Acha que se você for embora nós dois vamos com você? - neguei com a cabeça.

Ana: Sim... vocês dois viriam comigo. Vamos recomeçar uma vida nova longe... longe daqui. - sorriu pequeno.

Alan: Mãe, te respeito, te amo e admiro a mulher que você é, mas daqui eu não vou sair nunca! Aqui é minha casa, nasci e fui criado aqui por você e pelo meu pai e a senhora sempre soube o risco que é morar em uma favela e o risco que corremos por ter escolhido essa vida do crime. Não adianta mais chorar por isso, o destino já tá feito. Já está traçado. Só saio daqui no saco preto.

Ela negou com a cabeça e voltou a chorar.

Peguei a minha camisa que deixei no sofá e sai de casa.

Alguém deve ter drogado a minha mãe. Puta que pariu, ela nasceu aqui também, porra. Sempre morou aqui, é cria da favela, formou uma família aqui e agora vem com essas esses papo torto pra cima de nós.

Meu papo já dei, não vou sair nunca daqui. Aqui é o meu lar.

••••••••••

Sentei na calçada da casa do Tito e soltei fumaça.

Rael: A tia Ana tá com essas noia mesmo? - balancei a cabeça confirmando. - Meu pai comentou que mandou um papo sério pra ela. Disse que não tinha porque ela invertar essas mentiras se queria mesmo só se separar do Menor. E ela disse que não era mentira, tava falando sério.

Alan: Eu não consigo entender. Ela nasceu aqui, sempre foi chegada do Tito e dos outros, sabe o risco de tudo e agora tá com isso. - neguei com a cabeça.

Rael: O que vai fazer?

Alan: Eu? - balançou a cabeça. - Porra nenhuma. Vou ficar na minha, já falei pra ela o que tinha que falar. Não sei da Íris, se vai com ela ou não, mas eu não vou. - soltei mais fumaça.

Ficamos um tempo ali em silêncio e logo vi o Léo subir o morro cambaleando. O Érico apareceu na esquina e correu igual foguete.

Os dois ficaram frente a frente e sem esperar que Léo falasse alguma coisa, o Érico deu um soco nele.

Me levantei na mesma hora com o Rael e corremos na direção dos dois. Érico já tinha destruído mais dois socos no Léo, que já estava caído no chão com a boca sangrando.

Alan: Caralho, Érico, tá maluco porra? - empurrei ele pra longe.

Leonardo: Deixa ele... eu mereço... bate mais, bate mais. - falou fico embolado.

Rael ajudou o Léo a levantar. Ele tava bêbado que só a porra. Parece que ficou a noite toda em claro bebendo e chorando.

Rael: O que aconteceu contigo, Léo? - colocou ele sentando na calçada da casa do BN.

Leonardo: Eu.... não... sei. - começou a chorar.

Érico: Não sabe? Você simplesmente traiu a  Juliana na cara dela e agora ela tá no hospital. - bufou de raiva. - Seu puto.

Leonardo: Hos.... o que? Porque? Quero ir lá. - tentou se levantar.

Rael: Você não vai a lugar nenhum, tá bêbado demais pra isso. - colocou ele sentando de novo.

BN: Mais que porra é essa, Leonardo? - abriu a porta da casa. - Quem te bateu?

Érico: Eu. - BN olhou pra ele. - Depois você conta para o seu pai, Léo, o que você fez. - disse e saiu descendo o morro.

O BN olhou pra nós e falamos que não estávamos sabendo de nada. Ajudamos o BN a colocar o Léo pra dentro de casa e depois saímos.

Rael: Vai pra onde, maluco? - perguntou, assim que montei na moto.

Alan: Se esse papo for verdade, que a Juliana tá no hospital, a Bia tá sabendo, né. - liguei a moto. - Vou lá fazer uma visita a minha mulher. - ele riu.

Acelerei a moto e desci o morro a todo vapor, em direção ao Vidigal.

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