Capítulo 78 (Parte 1)

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Rael 🔫

A vida as vezes brinca muito contigo. Os caminhos que são seguidos, geram enormes consequências. E se nós não estivéssemos nessa vida, teria acontecido o mesmo?

Por muito tempo eu me senti culpado pela morte da Lívia, por muito tempo mesmo. E principalmente, me sentia culpado pelo meu filho não ter uma mãe ao lado dele.

Ainda bem que minha irmã, minha mãe e todas as mulheres que fazem parte da minha vida, nunca deixaram de dar amor, carinho e atenção ao meu filho.

Levi é um menino de ouro, muito amado por todos e é muito parecido comigo, mas na personalidade, é a Lívia. Eu nunca deixei de falar dela para ele, nunca deixei que as lembranças dos momentos que vivi com ela morressem. Estão todas aqui comigo e com ele.

Foi difícil para mim voltar para nossa casa, foi difícil para mim me acostumar com a ausência dela e foi difícil para mim cuidar no nosso filho sem ela do lado.

No começo todo mundo me ajudou do jeito que deu, mas depois eu tive que cuidar dele sozinho. Eu digo que até me saio bem e que sou um bom pai, faço tudo para ver o meu filhote feliz e bem.

Com o tempo tudo foi se encaixando, mas a falta dela ainda era enorme. Eu conseguia me sentir mais próximo indo ao cemitério, mas aquilo não tava me fazendo bem. Foi aí que procurei ajuda. Tenho ajuda dos meus familiares, mas com um profissional eu entenderia mais o que estava acontecendo comigo e iria me curar.

Não que eu quisesse esquecer a Lívia, muito menos quero deixá-la de vistar, porém, tudo isso estava atrapalhando o meu relacionamento com meu filho.

Não estava participando de algumas atividades com ele e estava deixando de aproveitar mais a vida com ele. Isso é ruim, já que o Levi é dependente de mim.

A terapia está me ajudando nisso e está me ajudando também a ceder algumas coisas, como essa tal viagem. Eu ainda estava com receio de ir, mas como disseram que as casas do Touro são seguras, acabei aceitando.

Como estava com meus pensamentos longe, não percebi quando uma mulher foi atravessar a rua. Desviei rápido e por pouco não bati minha moto nela. Olhei para trás e vi ela caída no chão, parei a moto e desci indo ajudar.

Rael: Me desculpa, moça. - falei.

Alguns curiosos ficaram só olhando e nem se quer se levantaram para ajudar. Ela não disse nada, estava mais ocupada pegando seus livros que caíram, do que quase ter sido atropelada.

- Tudo bem. - disse após ter se lavantado. Entreguei dois livros que tinha pego a ela. - Obrigada!

Rael: Quase te atropelei e você me diz obrigada? - ri e ela também.

- Tá tudo bem, acontece. - deu de ombros. - Tenho que ir, estou super atrasada. - falou.

Nem deu tempo de oferecer uma carona, ela saiu apressada e foi correndo descendo o morro. Fui até onde minha moto estava e montei, desci mais e entrei na boca em que o Érico trabalha.

Érico: E aí, tá tudo pronto pra viagem? É daqui a uma semana. - suspirei.

Rael: Eu não tô nem um pouco animado. - encostei as costas na parede e cruzei os braços.

Érico: Porque, cara? Vai ser bom, vamos só relaxar, sem trabalho. Sem contar que o Miguel falou que a casa escolhida tem uma sala de brinquedos para as crianças. Vai ser animado para nós e para elas. Tenta relaxar, irmão.

Olhando o Érico assim nem parece que ele era um babaca. O cara amadureceu muito depois do nascimento do filho. RK baba toda vez que vê ele no comando aqui da boca e é por isso que tomei uma decisão bem importante.

Crias da FavelaOnde histórias criam vida. Descubra agora