Capítulo 66

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Érico ☠️

Entrei no quarto e fechei a porta com cuidado para não fazer barulho. Coloquei a bolsa com as roupas do Raick e da Tayla em cima do sofá e me aproximei do meu filho.

Ele era tão lindo. Sorri olhando ele dormindo como um anjinho. Nem parece que quando abre a boca, deixa todos em cabelo em pé com o choro.

Raick nasceu saudável e bem grande. Coitada da minha mulher, não aguentou o parto normal por conta da dor e teve que fazer a cesariana. Tayla foi muito forte na hora, resistiu até onde deu, achei melhor não dar palpite nenhum, eu não estava sentindo dor nenhuma.

Mas admiro a Tayla, não nem 16 anos e já é tão madura e forte. Como eu pude agir daquela forma com ela no começo? Me arrependo toda vez que lembro.

Agora eu olho para ela descansando e para o meu filho aqui e sinto um alívio por ter voltado atrás e por ela ter me perdoado e me aceitado. Tayla é o amor da minha vida junto do meu filho e os melhores momentos da minha vida, passei aos lado deles. Estar presente na gestação da Tayla foi ótimo e reviveria tudo novamente inclusive os momentos de raiva dela de mim.

Todos os momentos foram especiais e essas lembranças vão ficar pra sempre na minha memória. Meus pais também me apoiaram bastante e sou grato por tudo.

Tayla se remexeu e limpei uma lágrima que descia no meu rosto. Lembrar de tudo isso me fazia chorar.

Tayla: Achei que só viria mais tarde. - sorriu pequeno e coçou os olhos.

Era cinco da manhã ainda e a operação nossa seria hoje. Até ontem a noite, antes do parto do Raick, eu estava disposto a ir e seguir o plano corretamente, mas agora não sei bem se quero.

Estou com medo, acredito que todos estejam. Agora eu tenho uma família, uma mulher e um filho. Não sei o que pode acontecer comigo, mas se acontecer alguma coisa, que tenho que preparar a Tayla para o que será daqui para a frente.

Érico: Resolvi vir mais cedo para falar contigo. - ela me olhou confusa e com calma se sentou na cama. - Ainda com muita dor?

Tayla: Sim, na parte da cirurgia e nas costas. Mas a enfermeira passou aqui de madrugada e me deu um remédio, só aí consegui dormir mais tranquila. Ela te falou quando vou poder ir pra casa?

Érico: Amanhã cedo, ainda tem uns exames para fazer no Raick. - ela balançou a cabeça.

Tayla: O que quer conversar comigo? - perguntou, olhando para o nosso filho e sorriu. - Ele é lindo, não é? - sorriu mais boba ainda.

Érico: Parece muito com você, mas os olhos são meus. - ri. - Amor, você sabe que dia é hoje, não é?

Tayla: O dia da bendita operação. - suspirou fundo. - Não precisa me falar nada sobre isso, eu não quero saber, Érico.

Érico: Mas a gente precisa ter essa conversa, Tayla. - me aproximei mais dela. - Se acontecer...

Tayla: Para com isso! - me interrompeu. - Você vai voltar são e salvo para nós. E eu não quero saber de "se eu não voltar", você vai voltar, Érico! Tive um papo sério com o carinha lá de cima e estamos com um trato feito. - eu ri. - Amor. - pegou na minha mão. - Você é muito novo, tem muita coisa pra viver e ainda mais agora com um bebê. Você vai ver o nosso filho crescer.

Érico: Amém. - beijei a testa dela. - Eu te amo. - beijei sua boca.

Tayla: Eu te amo. - me beijou novamente.

No meio do beijo, escutei um choro fino e me afastei da Tayla. Peguei o Raick no colo com muito cuidado e entreguei a ela.

As enfermeiras orientaram a Tayla como amamentar o nosso filho e logo ela pegou o jeito. Minha mãe também já tinha dito a ela como deveria fazer.

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