Capítulo 34

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Érico ☠️

Respirei fundo ao ver meu pai passar sem falar, nem se quer olhar, pra mim.

Allana: Você tem que ter paciência, meu amor. - colocou a jarra de suco na mesa e se sentou na minha frente.

Érico: Já faz um mês, mãe! - bufei. - Eu disse que ia assumir a criança, assumir com a despesas e ele continua sem me olhar, nem falando comigo ele tá.

Allana: Paciência. - revirei os olhos. - Sabe que seu pai não gosta que falem e sim que façam. Se quer mesmo que ele olhe novamente pra você, mude suas atitudes. Você é um menino cheio de força de vontade, sabe contornar qualquer situação. - sorriu pequeno. - Seu pai acha que falhou na sua criação. - a encarei.

Érico: Porque? - arrumei minha postura. Ela me olhou com uma cara de "não tá óbvio?"

Allana: Por você não ter assumido suas responsabilidades desde o início, por você ter sido rude com uma mulher. - falou. - Nós dois sabemos que não foi isso que lhe ensinamos.

Érico: Sei que errei, mãe. Mas nunca foi minha intenção fazer com o que vocês se sintissem culpados. - suspirei. - Sou o único responsável por tudo que fiz. Desculpa.

Allana: Tudo bem, filho. - se levantou e me abraçou. - Eu te amo.

Érico: Eu também amo a senhora. - beijei a testa dela.

Depois de uma conversa longa e reflexiva com a minha vó, percebi meu erro. Fui imaturo no modo como tratei a Tayla e o filho que ela tá esperando.

Mas fazer o que? Não estava pronto pra tamanha responsabilidade. É um filho, porra.

Quando minha avó soube a história da Tayla, quase me matou. Minha mãe também não ficou para trás e ambas ficaram muito bravas.

Não me orgulho do que fiz, sinceramente. E a algumas semanas atrás, procurei a Tayla. Conversamos e falei que iria assumir a criança, não por pressão da família, mas por mim. Precisava me redimir das cagadas que fiz.

Ela ficou meia recentida, mas falou que iria aceitar a grana para comprar as coisinhas pro bebê, que hoje, vamos descobrir se é menino ou menina.

Érico: Tenho que ir. - sai do abraço. - Tayla já tá me mandando mensagem pedindo pra eu não me atrasar pra consulta.

Allana: Manda mensagem pra mim assim que o souber o sexo, já quero comprar roupinhas coloridas. - sorriu.

Érico: Eu ligo pra senhora. - ela assentiu. - Tchau. - me despedi.

Peguei a chave da minha moto e saí de casa, desci até o postinho. Estacionei minha moto e entrei no postinho, vendo a Tayla sentada em uma das cadeiras, fui até ela e me sentei ao seu lado.

Tayla: Demorou.

Érico: Chegei na hora marcada, fia. - ela nagou.

Tayla: Uma mulher já passou na minha frente.

Érico: Porque deixou ela passar então?

Tayla: Porque disse que o pai da criança não havia chegado e que eu queria que ele estivesse comigo, já que passou duas semanas contando as horas pra esse dia chegar. - ri.

Admito que tô ansioso e nervoso pra caralho. Até sonhei que isso, fi. Coisa de louco.

Érico: Qual nome pra menino? - me encarou.

Tayla: Caio. - fiz careta e neguei com a cabeça.

Érico: Raick. - ela riu.

Tinha certeza que seria menino. E queria que fosse o nome do meu pai por conta de tudo que ele já fez por mim. Não sei como pedir desculpas a por tanto desgosto, mas creio que essa é uma forma bonita de dizer que eu o amo.

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