Alan 🍁
Terminei de me vestir e saí do meu quarto. Passei em frente ao quarto da Íris e vi a porta semi aberta, me aproximei mais para ver se ela já tinha terminado de se arrumar, mas não vi nada.
Abri mais a porta e entrei no quarto já chamando por ela.
Alan: Íris? - não ouve nenhuma resposta. - Íris, você vai para o enterro? - perguntei, mas novamente não houve resposta.
A porta do banheiro estava fechada, caminhei até lá e bati na porta.
Alan: Íris, porra, me responde. - bati na porta de novo. - Eu vou arrombar essa porra.
Tentei abrir a porta mas não consegui. Respirei fundo, caminhando para trás para pegar impulso. Assim que chutei, a porta caiu no chão.
Um nó se formou na minha garganta e minha respiração começou a ficar desrregulada.
Minha irmã estava caída no chão do banheiro, com uma poça de sangue em volta. Havia uma gilete ao seu lado e assim como os pulsos, perto do pescoço dela estava com cortes.
Engoli o seco e entrei no banheiro, conferindo a respiração dela. Quando percebi que estava meio fraca, peguei a Íris no colo e desci as escadas.
Ana: Filho, o que... - me olhou assustada. - Aí, meu Deus! O que aconteceu?
Menor: Que porra é essa? - gritou, me olhando também assustado. - Entra no carro, porra. Vamos logo para o hospital. - saiu de casa.
Obedeci meu pai e sai de casa também. Deitei minha irmã no banco de trás do carro, e minha mãe entrou, em seguida, colocou a cabeça da minha irmã em cima da perna dela.
Entrei no banco da frente, e meu pai saiu cantando pneu.
Eu estava sem reação. Meu coração batia acelerado e não conseguia tirar o olho, nem um segundo se quer, da minha irmã.
Um misto de sentimentos me dominava. Estava preocupado, com medo e frustrado com tudo que havia acontecido.
Custava acreditar que minha irmã tinha tentado tirar sua própria vida. Não entra na minha cabeça que a Íris desistiu da vida ao invés de lutar contra a sua dor.
A culpa me dominava também. Percebia pelo olhar dela que não estava bem, até te tentei puxar conversar, mas ela não quis. Se eu tivesse insistido mais, ter ficado mais ao lado dela, isso talvez não teria acontecido.
Respirei fundo encostando minha cabeça no banco do motorista. Fechei os olhos e passei a mão no rosto limpando minhas lágrimas.
Isso não podia tá acontecendo. Não com a minha irmã. Com ela, não. Não.
•••••••••
Me levantei da cadeira quando vi o médico se aproximar, mas recuei assim que ele falou o nome de outro paciente.
Já estávamos aqui a algumas horas e nada. Ninguém veio falar absolutamente nada.
Ainda tinha a tia Lua, que estava ainda na UTI. Ela tá um pouco melhor, mas ainda sim o estado dela é delicado. Tito tava maluco por não poder botar a cara por aqui. Só Alyssa e Rael que vinham.
Dona Laura tava bem fisicamente, apenas com alguns arranhões no braço e nas pernas. Mas ela parece muito abatida com o que aconteceu, também não é pra menos, a filha dela tá internada e perdeu o marido.
O enterro do Albert foi de manhã. Estávamos indo para lá quando vi a Íris daquele jeito. Albert não merecia isso. Era um cara gente boa, super engraçado e carinhoso. Não imagino como o Henry deve está se sentindo, já que ele tinha um amor grande pelo pai.
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Crias da Favela
RomanceAlemão - Vidigal Dois morros diferentes entre si, mas ao mesmo tempo iguais. Duas gerações cheias de conflitos, mas com muito amor e cumplicidade envolvida. Seus pais viveram grandes emoções e descobriram o amor em meio ao caos. Agora chegou a vez...