Capítulo 46

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Érico ☠️

Paguei tudo que tinha comprado a menina do caixa, que me lançou um sorriso safado e me entregou um papelzinho, junto com o troco.

De longe já tinha visto que no papel tinha o número dela. Guardei o dinheiro, peguei as sacolas e saí mercado. Subi na moto e desci pra casa da Tayla.

A gente tava bem, tínhamos construído uma ótima relação pelo nosso pivete. Tava tudo na paz, na amizade.

Mas de um tempo pra cá, tá tudo meio diferente. Toda vez que vejo ela, sinto um frio na barriga, uma felicidade no peito, coisa de doido.

Quando eu tô com ela as coisas parecem ser mais leves e não tem complicação. Tudo ao redor faz sentido. E quando eu não tô com ela, conto as horas para poder vê-lá.

Ainda não contei nada disso a Tayla, nem sei se ela sente o mesmo. Na verdade, nem eu sei o que sinto, mas é bom. Muito bom.

Abri a porta da casa dela e já fui entrando.

Érico: Oh, preta, cheguei. - falei.

Assim que olhei para o sofá, fechei meu sorriso e minha cara.

Tayla: Você demorou. - veio na minha direção pegando as sacolas. - Tá tudo bem?

Érico: Claro. - suspirei.

Rock: Eu vou indo. - se levantou do sofá. - Você vai ficar bem, né? - olhou pra Tayla.

Tayla: Claro. - sorriu. - Tchau.

Rock: Tchau. E já sabe, né? Qualquer coisa me liga. - antes de sair, piscou o olho pra Tayla, que sorriu.

Érico: O que ele tava fazendo aqui? - perguntei, seguindo ela até a cozinha.

Tayla: Veio me ver, ué. - começou a guardar as comidas no armário.

Érico: Tá dando moral demais pra ele. - ela revirou os olhos.

Tayla: Me poupe, Érico. Sou solteira, faço o quiser.

Érico: É solteira, mas tá com o filho meu na barriga. Não quero você com outro.

Tayla: Ainda bem que você não tem que querer nada. - riu.

Érico: Eu tô falando sério.

Tayla: Eu também. - me encarou e cruzou os braços. - Ele me veio pessoalmente me convidar para o baile na Rocinha. - levantei uma sobrancelha.

Érico: E você vai?

Tayla: Não sei, você vai? - neguei. - Porque?

Érico: Desde aquele ocorrido contigo, Rock não tem falado comigo, nem olhado na minha cara direito e nem sei o motivo.

Tayla: Sinto muito. - fiz careta.

Érico: Não me importo. Nunca fomos próximos mesmo, então nem faz diferença. - dei de ombros.

Tayla: Queria ir, mas tô me sentindo tão enjoada ultimamente. - fez bico e se aproximou mais de mim, encostando sua cabeça no meu peito. - Também não tô conseguindo ficar muito tempo em pé e tô muito carente.

Passei minha mão pela cintura dela e com a outra fiquei mexendo nos cachos. Por conta da barriga, que tava bem redondinha e linda, ficamos meio longe, mas tava ótimo.

Era disso que eu gostava na Tayla, da calmaria que ela é, dos abraços repentinos, dos carinhos, do cheiro. Era bom demais ficar grudado nela, e olha que odeio grude.

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