Capítulo 50

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Rael 🔫


Entrei no quarto onde a minha mulher estava e fechei a porta. Léo estava sentado no sofá que tinha ali, com as mãos na cabeça. Cheguei perto e encostei minha mão em seu ombro.

Rael: Pode ir, irmão. Vai descansar. - ele suspirou fundo e limpou as lágrimas.

Engoli o seco e coloquei a bolsa com algumas roupas em cima da poltrona.

Já fazia alguns dias que a Lívia estava aqui no hospital. Eu não sabia o que pensar no momento em que vi aquele sangue no chão. Tudo para mim ficou em câmera lenta.

As pessoas gritando, meu pai segurando o BN pra ele não ir pra cima da Aline. O Léo desesperado indo para fora de casa pegar o carro, e eu correndo pra amparar minha mulher, que minutos depois apagou.

Meu único pensamento foi que tudo ia ficar bem. Não podia, nem queria imaginar o que ia acontecer se a Lívia perdesse nosso bebê. E graças a Deus, isso não ocorreu.

A médica falou que aquilo tudo foi por conta do estresse que ela passou. Pela exaltação das emoções, mas que estava tudo bem com ela e com o bebê, porém, a gravidez virou de risco. Ela não podia passar por nenhum outro estresse igual ao último.

Fiquei com muito medo disso acontecer, a Aline não apareceu mais no morro e ninguém mais viu ela. Todo mundo tá temendo ela aparecer novamente e causar novas emoções a Lívia, as quais ela não pode.

BN e RK estão malucos atrás dela, e eu também estou. Essa mulher veio atrás de perdão, mas mostrou que é um grande perigo pra Lívia e principalmente para o nosso filho.

Leonardo: Alguma notícia? - perguntou.

Léo também era outro que tava maluco atrás daquela mulher. Ele pode até não ter demonstrado, mas todos sabemos que essa aparição da Aline afetou muito ele. Muito mesmo.

Rael: Não. Mas fica tranquilo, ela não vai mais chegar perto da Lívia. Isso eu prometo. - ele assentiu e fungou. - Vai pra casa.

Leonardo: Vou sim, tô precisando de um banho. - fiz careta.

Rael: Pior que tá mesmo, viu? - me afastei dele tampando o nariz. Ele riu e me mandou o dedo do meio. - Ela acordou faz muito tempo?

Leonardo: Não. Só voltou a dormir porque disse que tava cansada de não fazer nada. - ri. - Vou indo. - se aproximou da Lívia e beijou a testa dela. - Se precisar, liga. - fizemos um toque e ele saiu.

O quarto tava muito escuro, fui até a janela e abri as cortinas. Até ouvir uma voz me chamando.

Lívia: Amor... - virei para ela. - Tô com fome. - fez uma carinha triste.

Rael: Também estava com saudades de você, vida. - sorri e beijei a testa dela.

Lívia: Desculpa, amor. - me beijou. - Mas é que não aguento mais comer essa comida de doente. Nosso bebê clama por uma batata frita com milkshake.

Rael: Como eu sabia que essa seria a primeira coisa que você ia falar. - peguei a mochila que estava na poltrona. - Toma. Só não deixa nenhuma dessas enfermeiras chatas verem.

Ela abriu um sorriso tão grande após abrir a bolsa, que achei que sua boca iria rasgar.

Lívia: Eu te amo.

Rael: Te amo. - beijei a bochecha dela.

Passei a tarde toda ali com ela. Assistimos um filme e depois dei um banho nela. Até que mais tarde a enfermeira entrou no quarto e falou que amanhã ela teria alta.

Crias da FavelaOnde histórias criam vida. Descubra agora