1 mês depois....
Pérola 🦪
Me sentei no sofá esperando meus pais terminarem de se arrumar. Os dois demoram bastante, então liguei a TV para me distrair.
Hoje era aniversário do Henry e minha vó, junto com a tia Lua, estavam organizando uma festinha surpresa para ele.
Desde que o vovô faleceu, Henry anda bem diferente. Está mais na dele, não conversa, nem fala muito. O vô era muito importante para ele, isso é fato, e a falta dele afetou muito o psicológico do Henry.
Mas é compreensível, perder alguém que amamos não é fácil, perder o pai, amigo, deve ser pior ainda.
Escutei passos na escada e olhei na direção. Meus pais estavam descendo as escadas e me levantei, pegando o presente que comprei para ele.
Lara: Tá pronta, meu amor? - assenti. - Ótimo, vamos.
BN: Cadê o Leonardo?
Pérola: Já está lá, pai. Vocês dois demoram muito para ficarem prontos. - disse já saindo de casa.
Os dois nem falaram nada porque sabem que é verdade. A festa ia ser na casa da tia Lua, então só descemos um pouco e atravessamos a rua.
Entramos na casa e a maioria do pessoal da nossa família e do Vidigal já estavam lá. A decoração estava simples e bonita, os tons eram preto e dourado.
Me sentei ao lado da minha irmã, que já estava se empanturrando de comida.
Pérola: Desse jeito sua barriga vai ficar enorme.
Lívia: Me deixa. - falou de boca cheia e eu ri.
Lara: Que falta de educação. - repreendeu.
Lívia: Desculpa, mãe. - sorriu pequeno e voltou a comer.
Miguel: Quem ficou responsável por distrair ele?
Leonardo: Rael e Alan. - respondeu.
Alyssa: Gente, estão todos aqui? Rael mandou mensagem dizendo que não está dando mais para enrolar ele.
Laura: Estão sim, querida! Pode dizer que já pode trazê-lo. - Aly assentiu e digitou algo no celular.
Tio Renan apagou a luz e minutos depois porta foi aberta e gritamos.
- Supresa!
Henry ficou totalmente surpreso e feliz, dava para perceber. Depois de todos terem dado os parabéns a ele, cantamos os parabéns e, em seguida, o bolo já estava sendo cortado e servido a todos.
Não demorou muito para ligarem o som com um pagode bem alto e a carne já estar na churrasqueira. Tudo agora virou motivo de churrasco e não vou mentir, estou amando isso!
Se tiver coisa melhor que churrasco e pagode, desconheço!
•••••••••
Já estava morrendo de sono e todos estavam dançando, comendo e bebendo. Povo que gosta de uma bagunça.
Me levantei e fui até a cozinha ver se ainda tinha sobrado um pouco do bolo, se não, a Lívia tinha comido tudo.
Por sorte, ainda tinha e havia sobrado alguns docinhos, fiz um pratinho pra mim. Andei até a sacada na frente da casa e me sentei em um banquinho, observando a lua que estava tão linda.
Henry: Assaltou a geladeira e veio eliminar a prova do crime longe de todos para ninguém ver? Esperta. - coloquei a mão no peito, do susto que levei.
Pérola: Quer me matar do coração? - ele riu. - Fiquei com fome e tá muito gostoso esse bolo. Você provou? - negou com a cabeça.
Henry: Não gosto muito. - se sentou ao meu lado. - Mas eu posso provar um pouco. - falou com a voz rouca e baixa.
Suspirei fundo e enfiei bolo na minha boca.
Não nego que sinto uma pequena atração, não correspondida, pelo Henry.
O cara é muito gato, inteligente, super educado, gostoso, gato, um fofo, já falei que ele gato? O único defeito é que ele é meu tio.
Meus pais me matariam e, cá entre nós, sou muito nova e bonita para morrer.
Pérola: Pega um pedaço e prova. - estiquei meu pratinho para ele.
Henry: Eu poderia provar de outra forma. - olhou para minha boca e se aproximou. - Mas não sei se devo.
Pérola: E qual seria esse outro jeito?
Talvez me arrependa de ter perguntado isso? Sim. Mas já dizia a filósofa contemporânea, Pablo Vittar, "melhor se arrepender do que passar vontade."
Henry: Esse. - deitou suas mãos sobre minhas bochechas e fechou os olhos.
Borboletas faziam festa em meu estômago e fechei os olhos também.
Seu lábio encostou no meu em questão de segundos. O beijo foi ótimo. Lento, doce e com língua. Perfeito.
Será que esse homem tem algum defeito?
Ah, lembrei, ele é meu tio.
Encerrei aquele beijo maravilhoso e me afastei um pouco dele.
Henry: O que foi? - perguntou estranhando. - Não gostou?
Pérola: Não. Não é isso. Foi perfeito. - sorri. - Mas... Henry... você é... meu tio.
Henry: Meio tio. - revirei os olhos. - Esquece isso.
Pérola: E tem como?
Henry: Lógico que tem, é só não lembrar. - deu de ombros e ri daquela idiotice.
Pérola: Idiota. - ele riu.
Henry: Fazia tempo que tava querendo isso, sabia? - neguei com a cabeça. - Pois é. Nenhuma outra chama minha atenção, como você. Me dá uma chance.
Pérola: Mas e os meus pais? Você viu o escândalo que meu pai fez quando soube do Rael e da Lívia.
Henry: Enfrento tudo por você. - colocou uma mecha do meu cabelo atrás da minha orelha e encostou sua testa na minha. - Tá disposta a ficar ao meu lado?
Pérola: Sim. - ele sorriu e me beijou novamente.
Com certeza o surto do meu pai não seria diferente de como foi com a minha irmã. Mas eu queria tentar algo com o Henry. Se não der certo, não deu e é isso. A vida é feita de momentos e neste momento eu quero ser feliz com ele.
Nos separamos do beijo e terminei de comer o bolo e os docinhos. Quando íamos entrando de volta para a casa, escutei alguém chamar meu nome. Olhei para o portão e vi uma mulher.
Pérola: Oi?
- Você poderia chamar a Lívia e o Leonardo?
Pérola: E quem deseja falar com eles?
- Aline, a mãe deles.
Meu coração disparou e fiquei paralisada.
Essa mulher não tinha morrido?
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Crias da Favela
RomansaAlemão - Vidigal Dois morros diferentes entre si, mas ao mesmo tempo iguais. Duas gerações cheias de conflitos, mas com muito amor e cumplicidade envolvida. Seus pais viveram grandes emoções e descobriram o amor em meio ao caos. Agora chegou a vez...