Capítulo 27

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Semanas depois...

Rael 🔫

Peguei minha moto, desci o morro e sai disparado. Por conta da velocidade que estava indo, nem demorou para chegar.

Estacionei minha moto um pouco longe, arrumei minha mochila nas costas e peguei minha arma sempre atento, olhando para os lados. O caminho tava limpo, não tinha nenhum carro na estrada, muito menos alguém vindo atrás de mim.

Caminhei até a mata seguindo reto pela trilha. Vi uma moto parada ali e continuei andando. Entrei na varanda da casa e quando fui bater na porta, ela já havia sido aberta. Pelo susto, apontei minha arma pra ele, que arregalou os olhos.

Rael: Porra, vai tomar no cu. - abaixei minha arma e a guardei na cintura. - Que susto, caralho.

Guilherme: Desculpa. - suspirou. - Vem, entra. - deu espaço e adentrei. - Trouxe os bagulhos? - perguntou após fechar a porta.

O encarei e vi que seu rosto estava todo machucado. Os braços estavam com umas manchas roxas e o pescoço também. Neguei com a cabeça.

Rael: Olha teu estado, porra. - desviou o olhar do meu.

Guilherme: Trouxe ou não?

Rael: Sim. - coloquei minha mão no nariz. - Puta que pariu, que cheiro horrível é esse?

Guilherme: Deve ser do esgoto aberto que tem ai perto. - fiz cara de nojo. - Deixa de ser fresco porra e passa as paradas pra mim. - pediu.

Rael: Touro, meu pai e o seu pai vão me matar. - entreguei a mochila a ele. - Isso é suicídio, Guilherme. Se os caras descobrem, vão te matar!

Guilherme: Eu sei, mas tô pouco me fodendo. Melhor eu morto do que minha família. - revirei os olhos.

Rael: Você é maluco! - me sentei em um sofá, que estava fedendo a mofo. - Pensa direito, caralho. Pensa o tanto que tua família tá sofrendo e o que vão sofrer se algo acontecer contigo, pensa na Íris, porra.

Guilherme: Penso nisso toda hora e vi que não tem outra solução. É pelo bem deles que estou isso, você sabe. - se sentou ao meu lado, colocando o notebook em cima da mesinha. - Não posso deixar nada acontecer com eles, vou me sentir ainda mais culpado ainda se alguém mais morrer.

Guilherme veio com um papo antes da invasão que teve no Vidigal de querer entrar no território do inimigo. Antes dele explicar direito o bagulho, eu já havia entendido.

Ele queria entrar na facção, ganhar a confiança e lealdade deles pra ver se descobria algo sobre o que estavam planejando. Uma péssima ideia, que pelo visto estava dando meio certo.

Guilherme entende dos bagulhos de tecnologia, e instalou umas escutas no escritório do cara que tava na linha de frente da facção.

Rael: Já consegiu a confiança deles?

Guilherme: Um pouco, mas não o suficiente. Eles ainda acham que isso tudo é um plano do Tito. - ri pelo nariz.

Rael: Meu pai jamais iria permitir uma loucura dessas. - passei a mão pelo cabelo. - Eu tô fodido de todas as formas.

Guilherme: Relaxa pô, eu digo que te obriguei a me ajudar.

Rael: O que não é mentira. - ele riu, mas fez uma cara de dor. - Eles te machucaram muito?

Guilherme: Achei que seria mais. - suspirou. - Isso doeu mais, do que os socos e chutes. - levantou a camisa e mostrou a queimadura que fizeram com o símbolo da facção. - Quase vomitei ao sentir o cheiro da minha carne queimando.

Crias da FavelaOnde histórias criam vida. Descubra agora