Capítulo 72

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Leonardo 💦

Parei na janela e observei a paisagem lá fora. O dia estava meio nubaldo, com a nuvens cinzas, parecia que ia cair um temporal.

Já faziam semanas que estávamos aqui. Mais de um mês e até agora nenhum dos nossos familiares apareceram. Eu sabia que eles viriam e que isso demora mesmo para acontecer, mas estava agoniado. Será que meu pai tá bem? Pelo menos estou do lado da Lívia e sem nenhum machucado.

Eles não mexeram com a gente, nem mandaram nós dois de volta para aquele quarto sujo. Ficar sem notícias é algo agonizante, mas acho que essa demora toda é esperando eles ficarem bom ou achar uma entrada para essa cidade.

Nós estávamos em uma mansão. A casa era tão grande, que todas as vezes que sai sozinho, me perdi. Era várias casas dentro de uma só. O lugar que eu, a Íris e o Pietro estava, era tipo uma kitnet. Tinha dois quartos, cozinha, banheiro e sala de tv, era mobiliado e bem bonito até. O Pietro sabia de algumas saídas por aqui, mas todas tinham seguranças na porta.

Eu tentei por muitas vezes contato com o Guilherme e o Miguel, eles entendem muito mais de tecnologia do que os outros, mas falhei. Parece que cortaram todas as linhas telefônicas da cidade.

Apesar de tudo, de estarmos longe de todos, não estávamos sendo maltratados. Ainda bem, tive medo do que poderia acontecer com a Lívia e o bebê dela. A Aline vinha nos ver todos os dias nessa casa, o tal do Ramon andava aqui algumas vezes, mas só falava besteira.

O Pietro é um garoto bem mais inteligente do que pensamos. Ele nunca apoiou a mãe e nunca quis que ela se metesse nisso. Ele sabe que está correndo perigo agora, assim como nós. Eu e a Lívia gostamos muito dele e prometemos que iríamos tirar ele dessa quando formos embora.

Pietro: A gente só tem que pensar em uma boa estratégia. Eu posso sair e procurar mais saídas, eles acham que não sei de nada e que sou burro. - disse me tirando dos pensamentos.

Me virei para olha-lo, que estava sentado em uma poltrona.

Lívia: Você não é burro, é muito inteligente por sinal. - se sentou no sofá e fez uma careta.

Fazia dias que ela estava se reclamando de dor na barriga. Lívia esta com seus seis meses de gravidez, quase sete. E era o que mais me preocupava. Tirar ela daqui em segurança e com um disfarce seria uma tarefa difícil.

Pietro: Eu sei que sou, muito obrigado. - se gabou. Lívia riu e eu revirei os olhos. - Mas eles acham que não, por isso nunca fizeram nada comigo. Tudo que digo na frente deles é algo bobo e insignificante, que não chama muito a atenção e achem uma idiotice.

Leonardo: Você é muito esperto, certeza que puxou ao irmão aqui. - ele riu. - Mas você não pode se arriscar assim tanto, Pietro. Se te verem andando por aí, vão sacar logo o plano.

Pietro: Eles se acham espertos, mas não são, Leonardo. Tem muitas falhas de seguranças aqui, já até te disse. Eles tem câmera de segurança lá fora, mas não aqui dentro. E lá fora é só na parte da frente da casa, se sairmos pelos fundos, ninguém vai ver.

Lívia: Mas lá pode ter seguranças também, não podemos esquecer disso. - concordei com a cabeça.

Leonardo: Além disso tem o pessoal na cidade. Você mesmo disse que eles ficam de vigia em quem entra e quem sabe da cidade. - ele concordou.

Pietro: Então temos que ajudar isso, as saídas já conhecemos algumas, sabemos que nos fundos não tem câmera, precisamos só nos esconder na cidade e achar a saída.

Leonardo: Não é tão simples assim, primeiro que estamos sem armamento, se vier alguém pra cima de nós, temos que lutar com as mãos. Segundo, a Lívia está grávida, temos que deixar ela primeiro segura e depois nos virarmos para nos salvar também. O que mais me deixa maluco, é saber que somos só dois contra um exército de argentinos e traficantes.

Pietro: Ei. - me olhou pensativo. - Será que aqui não tem um traficante que você conheça ou que conheça alguém do seu morro? Sei lá.

Leonardo: Eu não faço a mínima ideia, nunca nem tinha ouvido falar dessa máfia. Talvez tenha, não sei, mas do que iria adiantar? Ninguém nos ajudaria.

Pietro: E se falássemos que foi ao comando do Ramon. Como ele é o chefe, é a voz final por aqui. Só falar que foi ele que mandou alguém nos ajudar e pronto. - deu de ombros.

Não era uma má ideia, mas era arriscado. Se descobrirem era tiro na testa e tchau vida. Não poderia arriscar a vida deles e a minha assim.

Lívia fez uma careta e colocou a mão na barriga. Pietro olhou para mim e olhou para ela, ele fez isso umas duas vezes quando ela gritou.

Leonardo: O que foi, Lívia? - perguntei preocupado e me abaixei em sua frente e o Pietro chegou mais para perto. - Responde!

Lívia: Tá doendo nuito, Léo. - disse aos prantos.

Pietro: Caralho, ela tá branca igual papel. - colocou a mão na boca.

Leonardo: Me ajuda, Pietro. - coloquei a Lívia deitada no sofá. - Pega uns travesseiros, vai. - ele saiu correndo e logo voltou com vários travesseiros. - Coloca ai.

Levantei a Lívia um pouco mais e ele colocou os travesseiros. Ela estava uma posição que parecia boa, mas sua expressão dizia o contrário.

Pietro correu na cozinha, voltou com uma água com açúcar e quando pensei que iria entregar a Lívia, ele bebeu. Encarei ele sem entender.

Pietro: Que foi? Eu tô nervoso, é pra me acalmar. - se sentou na poltrona, alguém bateu na porta e ele levantou de novo indo abrir. - Mãe. - escutei ele falar e revirei os olhos. - A Lívia tá passando mal.

Aline: Filha. - se sentou no espaço pequeno que tinha no sofá. - O que está acontecendo?

Lívia: Dor... muita dor aqui na barriga. - falou chorando. - O que tem com meu bebê?

Aline: Não deve ser nada, meu amor. Deve ser uma contração, mas é normal, é só o útero se acostumando com um bebê crescendo dentro de você. - tentou acalmar ela. - Você vai ficar bem.

Lívia: Aline... se você nos ama... nós três aqui, se você nos ama, nos tire daqui. - engoliu o seco e segurou nos braços da Aline. - Por favor, Aline, faça isso, nos ajude.

Aline: Não precisarei fazer isso. - levantei uma sobrancelha. - Ele já vieram buscar vocês.

Respirei aliviado ao ouvir o barulho do alarme de segurança.

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