Capítulo 71

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Henry 💀

Entrei na boca e de cara me arrependi. Tudo estava de cabeça para baixo, sujo e com mal cheiro. Era um cheiro forte de álcool, acredito que quiseram colocar fogo aqui.

Alguns vapores me cumprimentaram e falei de volta. Bati na porta da sala do Rael e escutei um "entra". Abri a porta, entrei e fechei.

Me assustei quando o Rael levantou o olhar e me olhou. O cara tava destruído, com olheiras enormes e fundas. Seus olhos estavam vermelhos e parecia que ele não dormia a dias.

Henry: Meu Deus, que espécie de monstro é esse? - travou o maxilar e me lançou um olhar frio. - Que isso, sobrinho? - engoli o seco. - Tô brincando, mas você está feio mesmo. - ele bufou.

Rael passou as mãos com força no rosto e abaixou a cabeça. Nunca tinha visto ele tão mal na minha vida.

Rael: Eu não durmo a dias.

Henry: Isso é óbvio. - me sentei na cadeira. - Da pra perceber isso só de olhar.

Rael: Sem piada, Henry.

Henry: Não é piada. Já se olhou no espelho? - ele negou com a cabeça. - Ainda bem. - me mandou o dedo do meio e eu ri. - Porque me chamou aqui? - ele me encarou.

Estava em casa de boa, quando recebi um aviso de um vapor que o Rael havia me chamado. Eu nem acreditava que estávamos passando por isso novamente. O pior é que dessa vez ficaram mais pessoas machucadas e mais pessoas estão correndo risco de morte.

O que pesquisei com o Miguel sobre essa máfia, não foi nada bom. Os caras são horríveis e não gostam de quem pisa no território deles. Fazem qualquer coisa para manter o sobrenome lá em cima, tanto aqui no Brasil, como na Argentina.

Eles são barra pesada, muito mais do que a facção é e eles não estão para brincadeira. O morro tá todo destruído, muitas pessoas morreram, pessoas inocentes que nem fazem ideia do que estava acontecendo.

Isso deixou o Tito maluco. O cara tá possesso e com sangue nos olhos, disse que iria arrancar a cabeça da Aline com as próprias mãos por ter começado essa guerra toda. E eu não duvido que ele faça isso, Tito é capaz de tudo para salvar a família.

Rael suspirou fundo e se encostou na cadeira.

Rael: Eu sei que você conhece pessoas que podem nos ajudar. - levantei uma sobrancelha. - O adesivo no seu carro, é a marca de uma gang de São Paulo. - neguei com a cabeça. - Não mente, Henry.

Henry: Eu não conheço esses caras, Rael. Só me esbarrei com eles e fiz amizade com alguns, nada demais. Não sei o que fazem e nem se podemos contar com eles. - ele me olhou desconfiado.

Rael: Eu sei que o Albert não era ficha limpa e que... - interrompi ele.

Henry: Não fala do meu pai. - falei firme. - Não sei onde quer chegar com isso, mas não fale dele.

Rael: Isso só prova que eu estou certo. - bufei.

Henry: Ele não tem nada a ver com isso, não se meteu em coisa errada porque quis. Meu pai nunca foi a favor disso tudo, de me envolver com o tráfico, nunca falou nada, mas dava pra ver pelo olhar.

E eu não julgo meu pai. Ele veio de uma família rica, que não tinha esses costumes e sempre foram certos. Meu pai me deu de tudo que eu quis, me matriculou nas melhores escolas e fomos até para fora do Brasil. Mas não dá pra negar que gosto da adrenalina.

Em uma das nossas viagens para o Brasil fomos para São Paulo. Foi coisa rápida, mas deu pra fazer um estrago. Acabei me metendo em confusão e com gente errada, mas não sabia quem eram. Confesso que eles eram até legais e ficamos bem "amigos", o chefe deles é que não gostou de mim. Acabou que isso levou a outro fim e o meu pai entrou pra me defender.

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