Capítulo 32

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Bianca ☀️

Sai do quarto dos meus pais e desci as escadas, colocando o prato ainda cheio de comida em cima do balcão.

Me encostei na parede e me sentei não chão, colocando minha cabeça entre minhas pernas. Meu choro era abafado, mas ainda podia se escutar o barulho do meu desespero.

Minha angústia aumentava cada dia por não saber nada do meu irmão. Não sabia se ele estava bem, se estava se alimentando, precisando de água ou se estava... vivo.

Minha mãe também está sofrendo muito. Nem saia mais da cama para absolutamente nada. Não comia quase nada, não bebia, nem estava querendo tomar banho. Meu pai tinha que arrastar ela para dentro do box.

Meu pai, outro que também estava esgotado tanto fisicamente como psicológicamente. Passava o dia todo fora de casa porque admitiu pra mim que não conseguia ver minha mãe sofrendo daquele jeito.

Ele se sentia culpado, mesmo eu não sabendo o porquê, ele estava carregando essa culpa. Aquilo me doía tanto. Doía por não saber o que fazer.

Ouvi a porta ser aberta, em seguida fechada. Ouvi passos e senti braços me rodearem. Não precisei levantar o olhar para saber quem era, o perfume do meu pai o entregou.

Bianca: Não aguento mais isso pai. - falei. - Só queria saber onde o meu irmão está, se está bem.

PH: Meu amor, não fica assim. Me dói tanto te ver chorar. - percebi sua voz falha. - Tô tentando, de todas as formas, achar seu irmão, mas está difícil. Perdemos o Baiano, que era importante na equipe, Vinícius está atordoado querendo vingança, Ptk não quer deixar a Juliana participar. - suspirou. - Está tudo uma bagunça, mas prometo pra você princesa, que não vou descansar enquanto não trouxer seu irmão de volta pra casa. - assenti.

Apertei mais nosso abraço e fiquei ali, apenas derramando mais lágrimas em silêncio.

Bianca: A mamãe não quis comer de novo. - finguei. - Ela tá impossível hoje. Nem se levantou para escovar os dentes. - me afastei dele.

PH: Vou cuidar dela, enquanto isso, vá pra casa da sua tia e fique lá. - neguei com a cabeça.

Ele pedia isso todas as vezes porque quando tentava levar a mamãe para tomar banho, ela relutava e gritava sempre. Meu pai não queria que eu escutasse mais, porque da última vez fiquei tão assustada que tive crise de pânico.

Foi horrível ver minha mãe daquele jeito, queria ajudá-la, mas não consegia sair do lugar.

Não queria me sentir mais uma inútil. Minha mãe precisava de mim e meu pai necessitava de um descanso.

Bianca: Deixa eu te ajudar. - pedi com a voz rouca. - Por favor, pai. O senhor precisa descansar.

PH: Princesa, me escuta, é melhor você ir. - alisou meu cabelo. - Não gosto nem de lembrar da sua carinha de assustada, imagina vê-la novamente. - respirei fundo.

Bianca: Pai, por favor. Prometo ser forte. - negou com a cabeça. - Só quero ajudar minha mãe.

PH: Eu sei meu amor, eu sei. - beijou minha testa. - Sei também o quanto é forte, mas se é difícil pra mim ver sua mãe como ela está, imagina pra você, pequena. Me obedece, Bia. Vai pra casa da sua tia. - neguei com a cabeça novamente. Ele se levantou e me levantou também. - Por favor filha, deixa que eu cuido da sua mãe.

Ele não iria me deixar ficar aqui mesmo, então a única coisa que fiz foi ceder.

Meu pai me ajudou a subir para o meu quarto e tomei um banho. Vesti um conjunto de moletom e calcei meu chinelo, saindo de casa.

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