Capítulo 37

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Rael 🔫

Meu pai andava de um lado para o outro com um olhar de puro ódio. Eu também não estava diferente.

Meu pai havia me contado tudo o que aconteceu a alguns anos atrás quando a Aly ainda era bebê. O caos que foi, que eles e os aliados estavam sofrendo vários ataques, tinha gente os perseguindo. E que um tal de Carlos, pai biológico da minha mãe, era meio que o mandante de tudo.

Nem imagino o que devia se passar na cabeça do meu pai, dos meus tios, da minha mãe. Só de escutar eu já fiquei com raiva desses filhos da puta.

Agora recebemos essa notícia, que pelo modo que o Guilherme contou, acredito que não seja mentira.

Tito: Como que eu vou contar isso pra sua mãe? - perguntou pela décima vez. - Ela ainda tá se recuperando daquela porra de acidente e da morte do Albert. Não vai aguentar saber que eu, ela, você, a Alyssa e todos estão na mira de uma facção. - suspirou fundo.

Rael: Calma, pai...

Tito: Calma? - me encarou. - Tu tá vendo o jeito que tua irmã tá só porque ouviu falar o nome desse filho da puta do Mathias? - foi se aproximando mais de mim. - Sua mãe tava grávida de você quando foi sequestrada por aqueles arrombados e quase te perdeu. Sua tia foi estuprada por eles e demorou anos para se recuperar. Por anos, Rael, por anos me culpei pelo o que elas passaram. Se coloque no meu lugar e tente entender como estou agora, o medo que estou sentindo de tudo isso se repetir, principalmente com a Alyssa.

Rael: Eu entendo sim, porque também estou sentido a mesma coisa. - falei empurrando ele, um pouco. - Tive ao lado da Alyssa em todas as noites que ela chorou após os pesadelos e o senhor sabe o quanto é horrível pra mim ver alguém da minha família sofrendo, em especial, a minha irmã. Também estou com medo, pai. Mas isso não é motivo pra tá descontando a raiva que o senhor sente em mim. - desviou o olhar do meu.

Meu pai se afastou um pouco e pegou um cigarro no bolso e acendeu. Me sentei na cadeira passando a mão no rosto.

Estávamos todos com medo e preocupados com o que poderia acontecer e entendo tá todo mundo estressado, já que nos últimos meses aconteceram várias coisas horríveis uma atrás da outra.

Todos estavam cansados e já tem dias que não durmo direito, porque primeiro: BN ainda não olhou na minha cara e ele e a Lívia ainda não conversaram direito. Segundo: a Aly tá mal pra caralho e não gosto de deixá-la sozinha. Terceiro: minha mãe, minha avó e minha tia ainda estão super abaladas com a morte do vovô e também não gosto de sair de perto delas. E agora vem esse bagulho da facção ADA.

Muita coisa pra uma pessoa só. E eu estava tentando ao máximo não me abater mais com tudo isso, o que era impossível, mas estava.

Tinha que ser forte por mim e por todos.

Me levantei do sofá, né intenção de sair logo dali, mas meu pai me chamou.

Tito: Ei. - me virei para encará-lo. - Me desculpa, filho. - suspirou, jogando o cigarro no lixo e andando na minha direção. - Eu tô tão... assustado com isso tudo e acabo agindo sem pensar. Mas é que se o Mathias tá vivo, o Pistola, irmão dele, também tá e com certeza tá junto com ele.

Rael: Tá tudo bem, não esquenta com isso. - sorri pequeno. - Tenta relaxar um pouco, pai. Eu sei que tá difícil, mas tenta. Fica algum tempo com a mamãe e depois o senhor me chama para falarmos a ela juntos o que tá acontecendo, porque quanto mais cedo, melhor.

Tito: A paciência e a calma que você tem é o que falta em mim. - ri. - A gente se fala mais tarde.

Rael: Desço até em casa com o senhor, quero ir ver a Lívia antes de ir pra casa.

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