Sentimentos Unidos

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Capítulo revisado e corrigido por dayandrann











Existem coisas que apenas não foram feitas para serem explicadas com a perfeição alcançada pela ciência, mas sim pelas irrevogáveis construções sentimentais que se sobrepunham e cresciam exorbitantemente acima da consciência. Assim é o imprinting.

Uma bomba de substâncias peremptoriamente únicas e particulares sendo expulsa de um organismo vivo, consciente e existente, mas incapacitado de resistir a necessidade inata de render-se ao ato, invadindo a pele, a carne e então a corrente sanguínea de outro ser vivo tão consciente e existente quanto a si próprio.

Informações complexas e densas, explodindo dentro  gene, confrontando e domando o DNA, manipulando e unindo-se às células de um corpo que, até então, não lhe pertencia, mas que agora cada parte de si compreende que é seu. Que faz parte de suas células, parte de seus tecidos, parte de seus órgãos, parte de seus sistemas e por fim, parte integral de si próprio.

Como se de repente o mundo tivesse se tornado uma nebulosa. Uma força gravitacional onde moléculas são atraídas umas pelas outras, se aproximando e contraindo-se, aumentando a temperatura cada vez mais até que luz estivesse preenchendo a penumbra da matéria, até que estivesse queimando em uma fusão nuclear, liberando energia e marcando o início da vida de uma estrela. Assim é o imprinting.

Uma fusão entre dois corpos que acontece muito além do que a ciência poderia visualizar. A forma como as células se interligam em informações que de alguma forma se completam, como os neurotransmissores se excitam a cada estímulo novo, vibrando e transmitindo cada coisa percebida por eles, conhecendo, descobrindo e declarando que aquilo, agora, faz parte dele. Invisível a olho nu. Mas perceptível por cada um de seus sentidos.

Primeiro veio a dor, as pontadas dolorosas dos dentes que romperam as camadas da derme e se aprofundaram nos vasos dilatados de suas glândulas o fizeram chorar, o sangue que beirou para fora e derramou-se por seu ombro e peito era quente, assim como as mãos que o seguravam em seu lugar.

A dor se tornou um incômodo capaz de fazê-lo alcançar o desespero no exato momento em que a acidez venenosa invadiu seus vasos sanguíneos. A sensação não era calorosa, mas torturante. Ele podia sentir-se em chamas, quase podendo sentir o líquido percorrer suas veias, queimando a porção superior de seu corpo antes de atingir a inferior, então se centralizando em seu peito, diretamente em seu coração, que se contraía acelerado.

Mesmo que estivesse chorando, até mesmo gritando em sua agonia por longos minutos, talvez horas, ele sentia seu corpo relaxar gradativamente quando suas artérias passaram a distribuir seu sangue, modificado e quente, completamente embebido por tudo que recebeu e que agora fazia parte de si. A sensação trouxe de volta sua visão embaçada, seus sentidos retornando a compreensão de seu controle.

Com soluços baixos e o rosto úmido e manchado por lágrimas, ele sentiu que o alpha ainda tinha seus dentes sob sua pele, seu sexo não mais dentro de si, mas todo o corpo grandioso e escaldante sobre seu corpo. Louis sentia seu sangue percorrer de forma aquecida agora, nada como a sensação agonizante de antes. Era como estar entorpecido, ébrio.

Sua cabeça doía, ele podia sentir agora, mas era apenas uma das muitas sensações que se espalhavam por todo seu corpo. Sua barriga se revirou de maneira lenta, fazendo-o ofegar. Piscou os olhos na tentativa de enxergar com uma clareza maior e rica de detalhes, mas sua cabeça pesava, seus pensamentos se tornando distantes e perturbados. Como se estivesse em dois lugares ao mesmo tempo e não soubesse em que realidade permanecer.

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