Turbulento Transformar

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Capítulo não corrigido




Em um primeiro momento, era como desmaiar, perdendo a consciência de maneira engraçada, visto que era basicamente como estar assistindo-a flutuar para fora de si e se esvair completamente. Seu corpo pesava adormecido, muito além de suas capacidades de suportá-lo e a sensação era de despencar em queda livre. Definitivamente assustador, em todos os sentidos.

Sentia-se dormente, imaterial. Inexistente em seu próprio corpo.

De forma resumida: ele se tornava um mero espectador. Uma pequena e limitada linha de cognição o matinha firme dentro de si próprio, mas fora um processo demorado acostumar-se a isso até que pudesse de fato compreender tudo que acontecia. Quando o fez, apavorou-se mais uma vez.

Estava rindo, ou ao menos conseguia sentir e ouvir a gargalhada divertida que lhe escapava facilmente pelos lábios. Quase viu-se tonto, como se estivesse girando sem parar, mas percebeu que apenas estava correndo tão rápido quanto nunca. Seus pés se moviam velozes e ele sequer precisava focar-se em mantê-los assim, ou mesmo em avaliar por onde estava indo. Cada coisa em si estava agindo fora de seu controle, isenta de seu domínio.

Queria gritar, mas não conseguia de fato sentir uma conexão física com seu exterior, sendo impossível mesmo abrir a boca. Seu corpo não o obedecia, agindo por conta própria e levando-o consigo. Esforçou-se para clarear como podia sua mente, afastando-se da penumbra de impotência lentamente até que finalmente as coisas pareciam fazer sentido.

Se fosse ser sincero, estar correndo velozmente por corredores sinuosos, saltando e derrubando armaduras e móveis de luxo atrás de si, gargalhando vez ou outra e constantemente olhando para trás com uma sensação de euforia explodindo em seu peito, não era lá grande coisa quando notava o motivo de seus atos.

Mais atrás, a criatura avançava com sons descomunais, imensa em seu porte e sentidos, raivosa pela dificuldade de mover-se como queria graças a quantidade de empecilhos empilhados em seu caminho. Um corpo tão grande não conseguia se locomover em um espaço fechado tão livremente, especialmente quando haviam móveis, estátuas e quadros tombados pelo caminho. Ainda assim, Louis quis gritar pela forma com que os olhos enegrecidos pareciam ferver em meio a pelagem mais curta do rosto do animal, as garras castigando o piso em seu simples caminhar, os rosnados fazendo as paredes vibrarem, assim como seus ouvidos.

Ele estava prestes a conseguir gritar, ou achava que sim, quando seus lábios se partiram ao alcançar uma extremidade do corredor e virar-se para encarar bagunça. Um riso quase doce lhe escapou e ele sentiu-se balançar a cabeça de um lado para o outro em negação conforme olhava para o lobo preso pelo que parecia ser tudo o que antes estava desorganizado no local. A criatura se contorceu, tentando se livrar, furiosa, e Louis assistiu-se internamente caminhar para mais perto dela.

Por que caralhos estou me aproximando? Pensou.

Seu coração estava acelerado e enlouquecido com a dualidade de sentimentos que atingiam seu organismo inteiro. Infelizmente, ou felizmente, o medo de Louis não era páreo para a diversão do que quer que o estivesse controlando nesse momento.

Suas mãos se cruzaram atrás das costas quando inclinou o torso para frente, seus olhos felinos expostos focados nos enegrecidos do animal que parou de se mover, seu corpo vibrando como se estivesse sibilando odioso, mas sua atenção estava fixa no felino.

- Parece que você está com problemas, Lobão. – Sua voz saiu em palavras animadas. Era estranho, ainda era como sua voz em si, mas em um tom minimamente diferente. Era como sua voz um pouco mais jovial do que o habitual, ou algo assim. – É por isso que dizem que os cachorros ficam do lado de fora. Olha só a bagunça que você está fazendo, pobre casa.

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