Mentiras Transformadas

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Capítulo revisado e corrigido por  @dayandrann







Primeiro ele sentiu o calor, se perguntando imediatamente como faria para não ser consumido por ele. O conforto desse calor tão familiar lhe fazia sentir-se afundar ainda mais de onde quer que estivesse submerso. Era possível simplesmente nadar para fora? Para a superfície? Como faria tal coisa quando cada célula, átomo e partícula do qual era composto desejava peremptoriamente por isso? Por esse mesmo calor.

A menta e o picante pungente invadiam seus pulmões de forma involuntária, porém definitivamente atraída de forma ambiciosa e necessária por seu próprio organismo, que reivindicava tal fragrância poderosa como o sentido mais importante em toda e qualquer função, cada parte de seu corpo parecendo decidida de que o oxigênio nada mais era que uma mera presença. Era ele, o aroma que recebia e consumia, a coisa mais importante e valiosa.

Louis sabia onde estava mesmo antes de abrir os olhos, encolhendo-se em meio aos braços que lhe sustentavam, sendo sua fonte de calor tão viva e presente por todos os lados. Ele abriu seus olhos tão lentamente quanto a onda de sensações deleitosas lhe forçou a fazer, piscando brevemente ao que o primeiro foco de seus olhos despertos foram os verdes florestais fixos nos seus.

Harry Styles parecia completamente perfeito com marcas de lençol em seu rosto anguloso e marcante, o osso saltado de sua mandíbula continuando lá como um aviso de que ele ainda possuía seus traços firmes e potentes mesmo quando a sua feição parecia relaxada e, Louis ousou admitir, fofa.

O alpha não piscou por alguns segundos, apenas concentrado em olhar para Louis, que o olhava de igual forma, sentindo o braço forte abaixo de sua cabeça na medida em que o outro estava sobre seu corpo. Suas pernas estavam entrelaçadas em uma bagunça de caudas espalhadas entre elas. Louis não poderia se importar menos com isso no momento.

- Quando me levaram de Doncaster e eu consegui fugir para me despedir de você. – O alpha disse de repente, não soando alarmante pelo momento repentino, não quando sua voz ainda mais rouca pelas horas dormidas e em um tom baixo o bastante para que Louis quase quisesse voltar a dormir. – Quando eu te encontrei no meio do caminho, no campo de girassóis, eu sabia que não importava para onde você fosse, eu sempre te encontraria, e não importava para onde eu fosse-

- Eu sempre te encontraria.

Styles não se moveu, suas expressões ainda tão serenas não se alteraram.

- Eu prometi que voltaria no festival de Doncaster, e iria te encontrar e nós poderíamos fugir juntos. – Um sorriso pequeno contornou os lábios cheios do canino. – Éramos crianças, parecia ser um bom plano. Eu iria procurar uma forma até o festival, uma forma de conseguirmos ficar juntos sem que meus pais... sem que o mundo quisesse tirá-lo de mim.

Louis assentiu, fechando os olhos quando a familiaridade lhe atingiu, podendo vislumbrar os girassóis envolta do garoto, um adolescente de olhos chorosos mas ainda assim destemidos. Harry segurava sua mão, repetindo que Louis deveria esperar por ele, que ele voltaria logo. Louis lembrava-se de estar chorando, agora. O que aconteceu em seguida?

- Quando nos beijamos pela primeira vez, no dia em que fomos ao centro... você me disse que, na verdade, aquela seria a segunda vez. – Louis sussurrou, sua voz saindo mais macia do que o habitual, sendo os traços de seu despertar matinal. – Quando nos beijamos pela primeira vez?

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