Pequeninas Linhagens

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Capítulo não corrigido



Harry nunca havia o ouvido gritar assim.

A cada som agudo e estridente, era como ter seu coração esmagado em uma prensa industrial. Ele sentia que estava muito perto de alcançar a loucura. Dentro de si, a agitação borbulhava como uma onda de lava pura, sua barriga doía, sua cabeça parecia pesar cinco vezes mais do que o capaz para ser suportado pelo seu corpo. Ele sentiu-se afundando da mesma maneira de anos atrás, quando pulou naquele lago, sem qualquer fio de racionalidade que pudesse se apegar a algum tipo de esperança. Era como voltar a sentir que estava perto do fim.

Seu ômega estava gritando, contorcendo-se, e sua dor era tanta que vinha de maneira física para Harry através do imprinting. O alpha podia sentir seu corpo queimar, arder. Podia sentir o pânico que Louis sentia, e podia ouvi-lo implorar por alguma garantia de que seus filhotes estavam bem.

Harry quase não conseguia se focar em seus filhotes agora, não com o modo com que o imprinting oscilava seus sentidos, como se seu corpo estivesse se preparando para o momento em que tal elo seria quebrado... o momento em que Louis não resistiria. O pensamento quase o destruiu, se não fosse os dedos pequenos do ômega se fechando ao redor dos seus de forma apertada, fazendo-o erguer os olhos alarmados e enegrecidos para o felino após finalmente tê-lo deitado na maca daquela sala hospitalar que ele tão incansavelmente exigiu ser construída e equipada para qualquer caso de necessidade de sua família.

Ele tremia ao perceber que, agora, esse era um excelente exemplo de um caso de necessidade.

Louis o olhava de maneira aterrorizada. O medo era claro em seu olhar, assim como a dor e a agonia. Mas ele olhava diretamente para Harry, apertando seus dedos juntos ao entrelaçar suas mãos, e foi tudo o que alpha precisou para recobrar ao menos o necessário de sua racionalidade. Ele não podia se quebrar agora, não poderia falhar agora. Não poderia ter medo nesse momento. De repente, tudo o que já passou em seu passado e tudo o que enfrentava em seu presente, pareceu ter ganhado um novo significado, como se tivesse sido um treinamento para testá-lo, para prová-lo. Tudo girou em uma única função de torná-lo capaz para estar exatamente onde estava, de mãos dadas com o seu ômega, prestes a receber sua família, e jamais ousando falhar com nenhum deles.

— Alteza, o doutor está a caminho! — Cillian surgiu no cômodo, mantendo a maior distância que podia. Styles estava ciente de que o alpha usava inibidores naquele momento, e quase conseguia ser grato por isso.

Tudo o que importava para si era manter Louis e seus filhotes vivos e bem. Não havia tempo para ser importunado por seus instintos irracionais despertando de maneira odiosa para afastar um alpha que ele sabia apenas querer ajudar.

— Quanto tempo? — Gritou, um rugido acompanhando as palavras alterosas, sentindo sua pele esquentar a cada novo grito de Louis.

— Trinta minutos e ele estará aqui, Alteza. — Cillian respondeu, pelo seu tom de voz era possível notar que estava nervoso e preocupado.

Harry rosnou, sua mente trabalhando como nunca antes. Era algo claro, embora. Louis estava contorcendo-se, os olhos arregalados expulsando grossas camadas de lágrimas, seu rosto tão vermelho quanto possível. Ele abria e fechava as pernas, curvando a coluna, segurando sua grande barriga, gritando de maneira dolorosa e agressiva. Harry nunca precisou de tanto esforço para se manter de pé como agora.

Trinta minutos era muito tempo.

Ele sabia, apenas olhando para Louis, que era tempo demais.

— Está tudo bem, ômega, está tudo bem! — Disse, a tribulação em sua voz ainda podendo ser perceptível mesmo sob a rouquidão aparente dado aos rosnados incessantes. O mais cuidadosamente possível, fez com que o felino estivesse deitado, segurando no rosto de Louis para atrair sua atenção. — Respire comigo, sim? Vamos, respire exatamente como eu. — Então passou a simular a respiração profunda, limpando as lágrimas constantes de Louis, que tremia e suava, chorando alto, mas se esforçando para manter os olhos inchados sobre o lupino, assim como se esforçava para trabalhar naquela respiração. — Continue, não pare de respirar assim.

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