NOTA: Como prometido, voltei com mais um capitulo!
Obrigada pela leitura, votos e comentários! Amo vocês!
— Vou subir para dormir. — Angelina disse e subiu as escadas silenciosamente.
Margot e Cecília observaram ela sumir no corredor e se encararam em seguida.
— Também vai dormir? — indagou Margot, parecendo mais calma que quando saíram de casa. Pareceu tímida ao ficar a sós com a empregada.
— Acho toda essa baderna me tirou o sono. Não conseguiria sequer descansar caso tentasse. Acho que vou começar as tarefas da casa.
— Não te culpo. — Margot concordou. — Não fazia ideia que ela conseguiria publicar a matéria. Se soubesse não teria começado isso. — disse com um olhar cabisbaixo.
— Margot. — Cecília chamou sua atenção, pegando sua mão e tirando-a de seus devaneios. — Temos nossa parcela de culpa, mas também foi uma escolha de Simone. Você não poderia evitar nem se quisesse. Ela concordou com isso mesmo sabendo do perigo.
— Ainda me sinto mal. Ela apenas conseguiu as provas porque eu precisei resgatar minha dignidade. Eu a usei, Cecília.
A empregada suspirou, assentindo. Sabia que aquela conversa não levaria as duas a nada.
— Vou preparar algo para comermos. Que tal algum doce?
Margot deu de ombros e assentiu.
— Pode ser algo como um bolo. Talvez um de laranja.
Cecília sorriu puxando-a pela mão em direção à cozinha.
— Sugeri algo rápido, um bolo demoraria um tempo. Quando acordarmos prometo fazer seu bolo. Por enquanto vamos roubar o pote de pasta de amendoim.
[...]
Simone deitou sobre o sofá, encarando novamente o teto com mofo.
Pensou nas palavras ditas por Margot sobre serem amigas. Pensou no que Angelina disse sobre buscar abrigo na mansão. Pensou também na preocupação vívida no olhar de Cecília.
Simone sorriu pensando que talvez fossem mesmo amigas. Sempre se sentiu distante desse tipo de gente. Achava que não combinavam, achava que pessoas que precisam de empregados eram incompetentes arrogantes e seus empregados eram bocós, marionetes.
Talvez Margot e suas guarda-costas fossem uma exceção.
Aquela conversa vigorou um pouco as forças de Simone. A preocupação palpável das mulheres a fez pensar que talvez, só talvez, ela não estivesse tão sozinha quanto imaginava. E se ela estivesse a um passo de ter tudo o que quis? E se aquilo fosse apenas um momento ruim e ela estivesse prestes a desistir de tudo que tanto lutou para conquistar?
Que Carole fosse para o inferno junto de toda sua escória, que o Jornal, seu chefe e Roxanne fosse para a casa do caralho junto de toda aquela soberba e questão racial! Simone não iria desistir tão fácil. Ela procuraria um lugar, nem que fosse nos confins do mundo, e começaria de novo.
Observou o canivete fechado e o abriu, vendo como a lâmina estava enferrujada. Notou que não conseguiria se proteger com aquilo, por isso, deduziu que fora um gesto simbólico de Margot para com ela. Margot estava com ela.
Pegou-o e se levantou, caminhando em direção ao seu quarto. Guardou o canivete em sua cintura. Foi até a mesinha de cabeceira, pegando um disco de vinil apoiado na parede e o colocando sobre a vitrola que roubara de sua mãe antes de sair de casa.
O violino de Bach começou a tocar. Era Cello suite, n. 1. Dramática do jeito que Simone apreciava. Combinava com o momento, as traições atuais e futuras, as tragédias passadas e as que ainda viriam... Se encaixavam perfeitamente.
Com profundo suspiro se esticou em frente ao pequeno armário de roupas e agarrou a mala sobre ele e o colocou sobre a cama. Olhou em volta e começou a pegar pequenas coisinhas que fossem relevantes para ela; alguns trocados, as poucas joias que sua mãe a deixara poucas mudas de roupa.
Se ela quisesse que acreditem que sumiu deveria largar no apartamento todo seu dinheiro, passaporte, coisas importantes e bens materiais. Agachou e pegou um exemplar do jornal que garantiu sua promoção.
Sabia que aquilo não era apenas sobre Carole, sabia que mesmo que não morresse, ficaria viva para pagar por um processo que não tinha dinheiro para bancar. Se bobear depois de poucos anos de reclusão e meses de serviço comunitário ainda poderia ser perseguida pela mídia e a própria Carole.
Simone achava mais fácil evaporar enquanto ainda era tempo. Diria para Margot que estava apavorada, que deveria sumir do país e percebeu indícios de Carole em seu encalço. Se precisasse choraria um pouco.
Era mentira que estava apavorada? Sim. Mas pelo que leu sobre Margot e sua trupe, ela não era sua a única mentirosa entre elas.
Antes que se levantasse do chão ouviu um som estranho quase inaudível vindo da sala. Achou que fosse apenas a ventania empurrando a cortina e as persianas novamente, por isso ficou surpresa quando ouviu um novo som.
O ranger de um sapato se esfregando contra o chão empoeirado.
— Boa noite, senhorita Simone. — a voz grave retumbou no ambiente, fazendo Simone arregalar os olhos e travar seu corpo no chão. Ela estava estática, um arrepio correu por sua espinha.
Simone engoliu seco, virando a cabeça em direção à voz, travando seu maxilar por ansiedade. Reconheceu as feições do homem, percebendo ser o barman que trabalhava no dia que conhecera Carole. Ele não estava sorridente como no dia que a serviu bebida, pelo contrário, seu rosto estava impassível, seus lábios finos estavam retos e seus olhos a encaravam sem reflexo de remorso pelo que estava prestes a fazer.
— Carole manda lembranças... — diz enrolando suas mãos protegidas por luvas num fio metálico.
O som do fino cabo de esticando e o ranger das luvas de couro se mesclaram ao fim melodia do violino tocado pela velha vitrola sobre sua mesinha de cabeceira...
NOTA: Foi curto mas deu pra sacar né... alguém vai pro saco!! *som de remix*
Brincadeiras a parte, desculpe o capitulo mais curto, não quis alongar muito pra não ficar maçante. Espero que fiquem comigo para apreciar o próximo... *moon face*
Brincadeiras a parte, de novo, espero que tenham gostado e fiquem para o próximo. Estamos quase em reta final, obrigada a todos por lerem meu segundo bb com tanto afinco. Quando acabar tudo vou corrigir o livro.
Beijos! Até amanhã!
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Cítrico | Lésbico
Mystery / ThrillerCecília se vê numa corda bamba quando começa a servir como empregada na mansão Rousselot. Seus serviços foram contratados pela rica e viúva Margot; uma antiga paixão que a assombra desde a adolescência. Enquanto tem de engolir o rancor que nutre po...